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Crítica: A Serpente de Essex ★★★☆☆ (2022)

(Reprodução)

Com um visual muito bem caracterizado para o ano de 1983, a nova minissérie da Apple TV+, A Serpente de Essex, transita entre questionamentos religiosos e científicos sobre a realidade da época de forma muito interessante. A produção consegue transpor bem o momento vivido no final do século XIX, que foi um turbilhão de ideias novas e revolucionárias.

E não apenas o contexto foi bem caracterizado, as atuações da série se moldam bem ao formato que a produção tomou ao longo de seus episódios. Porém, a série não chega a trazer nenhuma proposta inovadora ou algo do tipo, trata-se apenas de uma narrativa dentro de um contexto histórico específico.

Na trama, vamos acompanhar a vida de Cora Seaborne, uma mulher que, após a morte de seu marido abusivo, escolhe abraçar sua paixão pela paleontologia. Cora sai em uma viagem exploratória junto de seu filho Francis, um garoto curioso de 11 anos, e Martha, a babá do menino e também sua melhor amiga. O foco de sua aventura é o boato do retorno, após três séculos, da serpente mística de Essex. Guiada pelo fervor científico que era típico da época, Cora fará de tudo para descobrir mais sobre esse misterioso caso, mesmo que contra a vontade de todos na região.

A trama consegue entregar uma boa narrativa, que se mantém interessante na maior parte do tempo. Há sempre discussões entre ciência e fé, já que a comunidade de Essex acredita que a serpente é responsável pela misteriosa morte que aconteceu na região, enquanto Cora não acredita em superstições. Há um romance que toma uma grande parte da trama, que acontece entre Cora, o padre Will e Luke, um médico vanguardista. O trio amoroso é um pouco chato em alguns momentos, mas funciona bem na maior parte do tempo.

As atuações da série são um outro ponto interessante, que torna a narrativa mais agradável de se acompanhar, sem soar que está forçando os acontecimentos. As performances estão bem naturais e combinam bem com a proposta. Claire Danes está muito bem como Cora Seaborne, embora suas expressões sejam um pouco repetitivas, ela consegue manter um bom tom na personagem. Tom Hiddleston encaixou perfeitamente no papel de Will Ransome, o padre do interior, sua performance é bem marcante e cria boas discussões ao longo da série. Frank Dillane também está bem como Luke Garrett, um médico vanguardista que está inovando em seu campo, trazendo grandes discussões e métodos que iriam revolucionar a sua época.

Hayley Squires, que interpreta Martha, também entrega uma boa personagem, que traz com ela um debate muito interessante que estava surgindo naquele momento e começando a se espalhar entre o povo. A sua visão da ideologia marxista foi um bom acréscimo para a trama e dá um pouco mais de conteúdo para o já bem carregado roteiro.

A Serpente de Essex é baseada em um livro britânico escrito por Sara Perry, que foi lançado em 27 de maio de 2016. Enquanto a minissérie tem uma direção acertada, que soube captar cenas bem enquadradas, a todo instante se tem a sensação de estar realmente no século XIX. O tom da série assume bem o momento, a saída de uma idade mais sombria, reinada pela crença e fanatismo, para um momento de revoluções no campo das ideias que iriam determinar o futuro da humanidade. Os cenários da série são muito fiéis, o que torna bem imersiva a ambientação.

A Serpente de Essex é um boa surpresa na Apple TV+ para quem busca um drama envolvente com boas discussões, além de também contar com um romance de época, para os que apreciam. A trama consegue se manter interessante até o final, embora o desfecho fique um pouco em aberto. As atuações são ótimas e dão um toque a mais na minissérie. A direção acerta no desenvolvimento das cenas, assim como a produção na elaboração dos ambientes em que a série se passa. Por ser curta, vale a pena conferir em um momento de descanso.

A Serpente de Essex está disponível na Apple TV+.

Sobre Carlos Valim

Apaixonado por cultura pop. Aprendendo a escrever críticas menos emocionadas. Professor de História e fundador do GS.

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