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Crítica: Obi-Wan Kenobi ★★★☆☆ (2022)

Após uma longa espera e um conjunto de inúmeros pedidos, finalmente, em 2022, tivemos o retorno de um dos jedis mais amados de todos os tempos, Obi-Wan Kenobi, sendo interpretado por Ewan McGregor, o ator mais amado das prequels.

Com o seu retorno sendo aclamado por todo o fandom de Star Wars, a Disney poderia retomar os rumos de Star Wars, tendo em vista que desde a aquisição de seus diretos e do lançamento do Star Wars VII – O Despertar da Força, a franquia vive de altos e baixos, principalmente no streaming. E a minissérie não poderia refletir tão bem essa inconsistência da Disney com o seu produto, com um começo promissor, um meio apagado, e um gran-finale digno de encher os olhos de lágrimas de todos os fãs de Star Wars.

A minissérie traz a história de como Obi-Wan Kenobi está vivendo em seu reduto em Tatooine, 10 (dez) anos após a Ordem 66 e quase exímio de toos os jedis. De início, acompanhamos como Obi-Wan está descrente e renega a Força a qualquer custo, enquanto clama para que seu antigo mestre Qui-Gon Jiin (Liam Neeson) entre em contato com ele, desde que mestre Yoda lhe havia informado de que era possível o contato com os mortos no final de Star Wars Episódio III – A Vingança dos Sith.

Como todos sabemos, a missão de Obi-Wan era cuidar de Luke Skywalker até o momento de ensiná-lo o caminho da Força para se tornar um jedi, enquanto isso, os Inquisidores, um grupo de extermínio dos jedis, estão sempre a sua procura, sendo que estes são liderados por Darth Vader (Hayden Christensen).

Além da figura do Grande Inquisidor (Rupert Friend), somos apresentados pela primeira vez a Terceira Irmã (Moses Ingram), a inquisidora que tem uma vontade pessoal de caçar Obi-Wan e entregá-lo ao Darth Vader, mesmo que isso custe por inúmeras vezes rusgas entre os inquisidores.

Diante dessa estrutura apresentada, temos o plot da minissérie, a Terceira Irmã em busca de Obi-Wan para saciar a busca de vingança que vive em Vader, após Obi-Wan ter vencido a batalha de sabres de luz e deixado Anakin Skywalker para morrer sozinho, literalmente, em chamas. E é nesse ponto que a história se perde, pois esperamos anos para entender o refugo de Obi-Wan, um jedi descrente em sua fé, vivendo com a dor de acreditar que havia matado seu irmão e aprendiz, enquanto Vader, cego com sua sede de vingança, faz de tudo para encontrar seu antigo mestre para que este sofra todo a dor que causou ao Anakin. A minissérie flerta com todos esses questionamentos, entretanto foi preenchida com episódios que nada acrescentam a trama, com perseguições desnecessárias, confrontos mal dirigidos, soluções tolas e diálogos rasos.

Ao longo dos 50 (cinquenta) anos de existência de Star Wars, podemos concluir que muitas vezes ativamos nossa descrença da realidade, como o fato dos stormtroopers nunca conseguirem acertar um mísero tiro, entretanto, não é possível perdoar a fatídica cena do casaco.

A fórmula do Disney Plus de soltar os episódios semanalmente permitiu que gerasse um furor dos fãs de Star Wars, fazendo com que cada vez mais o hype fosse diminuindo, porém, é preciso deixar claro, que a minissérie está longe de ser a bomba que as redes sociais deixaram transparecer. Todas as interações de Obi-Wan com Darth Vader foram belíssimas e sensíveis, esclarecendo o sentimento de ambos, bem como o quanto esses sentimentos evoluíram ao longo do período e a evolução dos poderes de cada um e a conexão com a Força. É claro que não posso esquecer de como o último episódio é perfeito, deixando uma conclusão bem clara e coerente com os anos posteriores até culminarem com os eventos de Star Wars Episódio IV – Uma Nova Esperança.

É importante esclarecer que quem mais odeia Star Wars é o próprio fã de Star Wars, pois ou o produto apresentado é o melhor da história ou é a pior produção já feita, sendo que é preciso reconhecer quando as histórias são apenas regulares, o fato de não cumprir com suas expectativas não torna o produto ruim, como estamos vendo cada vez mais surgirem os fãs das prequels, rechaçadas injustamente. Deixando claro que esse parágrafo não se estende ao Episódio IX – Ascenção Skywalker, aquele filme deve ser esquecido por todos. (eu ainda não te perdoei JJ)

Em suma, assista a minissérie de mente aberta, se deleite com Ewan McGregor interpretando de maneira épica o personagem e se conecte com a Força, a nostalgia é bela, se deixe levar por ela.

AVISO – O TEXTO A SEGUIR CONTÉM SPOILERS, CONTINUE POR SUA CONTA E RISCO.

VOCÊ FOI AVISADO!!!

O primeiro episódio apresenta um Obi-Wan cansado, descrente e totalmente diferente de sua personalidade da era de ouro dos jedis, assim, em um dos diálogos mais tocantes da minissérie, Obi-Wan relutante em ajudar um jovem jedi, o aconselha a enterrar o sabre luz e nunca mais olhar para trás. Obi-Wan somente encerra seu reduto com o sequestro da jovem Leia Organa (Vivien Lyra Blair) orquestrado pela Terceira Irmã e o pedido de Bail Organa (Jimmy Smiths) para que a resgate.

A introdução da Leia gera momentos embaraçosos como a perseguição dos capangas para pegá-la, a fuga de umas das mais importantes fortalezas do Império em Mustafar se escondendo em um casaco e Obi-Wan não conseguindo chegar perto dela em uma cena de fuga extremamente mal coreografada. Porém, gera momentos magníficos, como a jovem Leia percebendo pelo olhar de Obi-Wan que ele conhecia seus pais, assim como Obi-Wan relembrando que Leia se assemelha a uma jovem líder que ele conheceu, referenciando Satine Kryze, sua única paixão, e o último diálogo entre eles, do qual Obi-Wan descreve as características da Padme Amidala e do Anakin Skywalker, herdadas pela jovem Leia. Não existe uma pessoa que não ficou com aquele choro engasgado na garganta relembrando de todos os momentos que a descrição dos personagens se assemelhava ao crescimento da personagem Leia até ela se tornar líder da Aliança Rebelde.

Outra narrativa que sofre com suas inconsistências é a trama da Terceira Irmã, no começo com uma raiva inexplicável por Obi-Wan, depois a explicação de que ela era uma das crianças remanescentes do massacre liderado por Anakin após a Ordem 66, esclarecendo o fato dela saber a verdadeira origem do Vader, e para finalizar o plano de entregar o Obi-Wan para ela se vingar do Anakin. Então ficamos bastante perdidos com esse vaivém de sua trama, com uma conclusão fraca após sua derrota ao lutar com Darth Vader, e inexplicavelmente sobreviver, e sua busca pelo Luke Skywalker e desistência de assassiná-lo ao se comparar a Anakin. Enfim, no final nada faz sentido, entretanto, a personagem sobrevive, com uma possibilidade de arco a ser escrito ou apenas irão ignorar a sua existência.

Chegamos ao ponto alto da minissérie, o que na verdade deveria ser o único ponto, a dualidade existente entre Obi-Wan e Anakin/Darth Vader, todos os seus confrontamentos são de arrepiar e de nos deixar apreensivos, por mais que saibamos que esse não será o fim. Ewan McGregor entrega tudo de si quando o personagem Obi-Wan descobre que Anakin está vivo e que ele é o Darth Vader, primeiro percebemos um leve alívio de ver que ele não assassinou seu aprendiz e irmão, esse alívio em seguida se transforma em apreensão, pois Anakin se tornou aquilo que ele jurou destruir (Capitão América estaria orgulhoso). Em seguida dessa descoberta, a Força os conecta pela primeira vez e logo vemos a presença de Darth Vader.

No terceiro episódio temos o primeiro embate, com Darth Vader quebrando pescoços usando a Força, Obi-Wan totalmente destruído e fraco, sem saber se portar com seu sabre de luz, e Vader o fazendo rastejar perante as chamas, somente para provar um pouco do que ele passou, utilizando a Força. E obviamente a discussão de que “eu sou o que você me tornou”, Obi-Wan carrega o fardo de ser o culpado, de ser o responsável pela criação do Darth Vader, pois Anakin era seu aprendiz e ele falhou.

E chegamos ao último episódio, o episódio que nos deixa com um sentimento de que poderia ter sido diferente, assim com um gosto de “quero mais”, pois dificilmente Ewan McGregor retornará a interpretar o papel novamente. O duelo entre Vader e Obi-Wan é espetacular, com a Força sendo utilizada de maneira eficaz e poderosa, diálogos certeiros, finalmente uma boa filmagem e direção, com destaque aos cortes e mudanças de cores entre vermelho e azul, refletindo a áurea de cada um, com um leve tom azulado em Darth Vader, simbolizando que ainda existe esperança, pois Anakin não está morto, ainda existe bondade nele, Luke sempre soube. Não poderia esquecer do capacete destruído, alternando o tom de voz do Darth Vader e do Anakin, e Obi-Wan não sendo capaz de concluir seu duelo, primeiramente, por ser um jedi e por ainda ter sentimentos por seu irmão. Essa cena é uma cópia de Star Wars Rebels, sim, entretanto, eles podem repetir essa cena quantas vezes elas quiserem, pois, a Disney terá meu dinheiro sempre ao refazer essa cena.

Como eu disse anteriormente, Star Wars vive de altos e baixos, agora chegamos na média, sendo uma minissérie regular, com momentos espetaculares e alguns momentos toscos, mas, por ser Star Wars e pelos personagens que tanto amamos se torna algo emotivo e pessoal, sendo assim, assistam com um olhar nostálgico e que a Força esteja com vocês.

Sobre Andrey Atie

Em busca de ser um Mestre Jedi, mas ainda sou apenas um advogado. Colecionador Iniciante de Funkos Pop e um nerd iludido.

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