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Crítica: Dahmer Um Canibal Americano ★★★★★ (2022)

(Reprodução)

Impactante e macabra. Talvez essa seja uma das formas de descrever a nova produção da Netflix, baseada em uma perturbadora história real. Dahmer: Um Canibal Americano é ,sem dúvida, uma das tramas mais bizarras produzidas pelo streaming que eu já vi. A série tem um potencial de te absorver em meio aos delírios psicóticos desse personagem tenebroso.

O mais interessante na série talvez seja o fato de que ao começar a ver, eu não consegui parar. A trama é tão inacreditavelmente sinistra que prendeu minha atenção, fazendo me questionar sobre a natureza humana e suas excentricidades. Na série temos uma trama que é conduzida com maestria e um personagem interpretado de forma altamente habilidosa, que somam para um resultado mais do que desesperador e horripilante, mas que reflete diretamente em quem nós somos e do que somos capazes.

A série é criação da mente doentia de Ryan Murphy, o mesmo responsável pelo macabro, porém muito envolvente, American Horror Story. E com Murphy na condução da narrativa, não poderíamos ter um resultado diferente: todo o desenvolvimento é feito com uma genialidade muito particular dele, que consegue nos conquistar ao mesmo tempo que faz o estômago embrulhar. Na trama acompanhamos a vida de Jeffrey Dahmer, que poderia ser uma pessoa normal, mas devido aos problemas que vive em sua infância, acaba se tornando um sujeito excêntrico e perturbado. A série narra a vida desse serial killer, desde sua infância até a fase adulta, onde chegou a tirar a vida de 17 pessoas de forma inimaginável.

Outro ponto que a narrativa toca é a infabilidade do sistema policial norte americano, que diante da situação, lidou de forma extremante grosseira, permitindo que Dahmer conseguisse se safar de seus crimes por diversas vezes, apenas por ser um homem branco. Dahmer também inaugura um novo padrão de assassinato em série, como ele era homosexual, atraia homens negros e asiáticos para suas armadilhas mortais, o que o ajudou a se safar, pois a polícia tem um certo problema em cumprir a lei quando se trata de negros e estrangeiros.

A atuação de Evan Peters é, sem dúvida, o ponto alto da série. O ator volta a provar sua habilidade em trabalhar com papéis macabros, com uma performance muito bem elaborada. Os olhares, sua postura, o modo como lida com as pessoas, tudo foi recriado por Peters de forma muito habilidosa. Espero que o ator seja premiado por essa atuação, no mínimo, pois ele sem dúvida merece.

O modo como Murphy conduz o terror nessa série também é algo admirável. Embora não faça uso de cenas de violência explícita, ele consegue captar de forma sutil e singela o nível da perversidade de Dahmer e nos deixar aflitos a todo instante com o que esse ser doente poderia fazer com sua próxima vítima. A medida que a trama avança é que vamos descobrindo o que ele de fato fazia com suas vítimas, e é aí que o estômago começa a embrulhar. Cada corte e movimetno da câmera busca passar de forma sútil esse horror macabro causado por Dahmer a suas vítimas. Não posso nem imaginar como deve estar sendo para os familiares das vítimas que estão tendo de reviver essa história pra lá de sombria. Murphy vai longe com a série, mexendo com nossa imaginação e nos fazendo questionar a natureza humana.

Dahmer é a série mais tenebrosa que já consumi na Netflix, disparado, e talvez seja a produção mais sinistra que posso ter visto de forma geral. O impacto de saber que essa história é real não dá para descrever com facilidade sem soar repetitivo. A narrativa da série é incrivelmente envolvente, cada elemento é usado com extrema habilidade por Murphy para dar um clima macabro para a produção. A atuação de Evan Peters é digna de premiação, volto a insistir. O ator entregou uma performance bizarra e altamente envolvente. O modo sutil como o terror é construído é o elemento que amarra a série e a faz ficar ainda mais interessante e impactante. Quem gosta de boas histórias baseadas em crimes reais irá se surpreender pela bizarrice de Dahmer. Vale com certeza o seu tempo.

A minissérie está disponível na Netflix.

https://www.youtube.com/watch?v=getE-JuEOUE

Sobre Carlos Valim

Apaixonado por cultura pop. Aprendendo a escrever críticas menos emocionadas. Professor de História e fundador do GS.

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