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Crítica: Jung_E ★★★☆☆ (2023)

(Reprodução)

Jung_E, o novo longa coreano de ficção-científica estreou no catálogo da Netflix, enriquecendo ainda mais os títulos do gênero com uma abordagem um tanto quanto existencial da automação. No longa temos um pouco de tudo que é preciso para um bom sci-fi: política, ação, drama e claro, muitas deliberações acerca do futuro.

O longa explora de forma muito inteligente a reflexão acerca da clonagem humana e da reprodução de suas memórias em cérebros artificiais, usados em robôs. A ideia central é muito boa, entretanto, a maneira como é desenvolvida deixa um pouco a desejar, não que não haja uma mensagem a ser debatida, mas sim pela falta de experiência na construção de drama.

No longa, o planeta Terra se tornou inabitável devido a mudanças climáticas, com isso, os seres humanos tiveram de criar habitações na órbita do planeta para tentar sobreviver. Mas não demorou muito para que essas novas colônias entrassem em conflito, e com isso, iniciar um novo período de guerra. Com a missão de acabar com o conflito civil, uma empresa está focada na clonagem do cérebro de uma heroína de guerra, Jung_E. A premissa pode parecer um pouco trivial, já manjada, porém, a medida que a história começa a desenrolar, vamos percebendo que há muito mais mensagens a serem passadas.

Há diversos elementos interessantes que são apresentados durante a narrativa, porém, falta algo na sua execução que acaba deixando um vazio na trama que não é preenchido. No começo o longa se apresenta como uma produção com mais ação, mas ao apostar no desenvolvimento do drama, da alguns tropeços. Já próximo do final, temos uma boa reviravolta, onde o filme começa a ganhar mais nossa atenção, porém, já estamos próximos do fim.

Esse problema com a condução do drama também está relacionado com a fraca presença da atriz que interpreta a pesquisadora, filha de Jung_E. A atriz tem uma enorme dificuldade para carregar a trama sozinha, suas expressões são vazias e sem graça, em nenhum momento ela transpõe o real drama da situação na qual se encontra. Ela é filha de uma mulher, heroína de guerra, que teve seu cérebro clonado e utilizado na construção de uma IA de guerra para vencer um conflito civil, não tem como ficar apático a uma situção completa como essa.

O roteiro do longa é assinado por Sang-Ho Yeon, que infelizamente não fez um bom trabalho na hora de apresentar uma boa construção do drama na tela. Entretanto, na direção, Yeon mostra que de ação ele entende. O diretor acerta em cheio nas cenas de ação, que são maravilhosamente bem coreografadas, além de muito bem capturadas. As mudanças de planos, os cortes precisos, a parte técnica funciona mais do que bem. As cenas de ação me deixaram bem impressionado, tanto pela qualidade técnica da direção, quanto pelo nível do CGI, que conseguiu soar bem realista quando foi preciso. As escolhas de cenário também foram bem acertadas, deixando o longa com um visual incrível, com um mundo muito bem detalhado.

Como ficção-científica, Jung_E é um acerto e tanto. O longa apresenta uma história bem consistente, com uma reflexão muito intrigante acerca da automação e clonagem humana. O ponto negativo fica apenas para o drama que é desenvolvido no meio do filme, que devido a fraca presença do elenco, deixa bastante a desejar. A direção do longa é outro ponto mais do que positivo, entregando ótimas cenas de ação, muito bem elaboradas, além da ambientação incrível onde se passa a história. Para os fãs de sci-fi, pode ser um bom filme para entrar em contato com um tema bem complexo, já quem não gosta muito do gênero pode se sentir entediado.

Sobre Carlos Valim

Apaixonado por cultura pop. Aprendendo a escrever críticas menos emocionadas. Professor de História e fundador do GS.

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