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Crítica: Infiesto ★★★☆☆ (2023)

(Reprodução)

Drama policial com elementos de suspense com plano de fundo o início da pandemia: tem como dar errado? Naturalmente. Entretanto, esse não é o caso de Infiesto, novo longa espanhol da Netflix que traz uma trama muito envolvente sobre seitas macabras e fanatismo religioso. O longa não inova em nada, mas faz o arroz com feijão com maestria.

É interessante a maneira como a produção mescla o suspense de uma investigação policial com os dramas pessoais das pessoas que enfrentam esse estágio sombrio que a humanidade passou. A maneira como o filme incorpora essa narrativa é muito cativante, prendendo a nossa atenção com uma história bem conduzida e que funciona muito bem.

A trama de Infiesto começou no primeiro dia do início da pandemia, com dois detetives sendo chamados para uma pequena cidade, onde uma garota, que antes acreditava-se estar morta, apareceu. O paradeiro da garota é misterioso, o trauma foi forte, mas uma marca revela a pista de quem poderia estar por trás desse sequestro: uma seita. Conforme o estado da pandemia avança e afeta mais pessoas ao redor, os detetives percebem que o vírus pode não ser a única ameaça sombria em seu caminho. O desenvolvimento da trama é muito bom, recheado de cenas de investigação e muito mistério. A forma como a narrativa avança sofre pouco com a lentidão, tendo um ritmo bem agradável de se acompanhar, o que ajuda a manter a atenção. O mistério que é investigado ao longo da história é bem conduzido, com direito a uma reviravolta interessante no final.

Algo que chama a atenção nesse filme é a boa escolha de elenco, que consegue nos cativar ao dar vida aos personagens do filme. Isak Férris e Iria del Rio dão vida aos detetives protagonistas do filme e entregam bons personagens, bem cativantes. Mesmo que usem do clichê de policiais, a produção faz o dever de casa ao acrescentar elementos próprios, que agregam um certo realismo no desenvolvimento da narrativa. Há poucos personagens no longa, a maior parte do tempo iremos acompanhar a dupla de detetives. Os dois não chegam a desenvolver uma relção complexa entre eles, mas é possível ver a afinidade que eles tem um com o outro na maneira como conduzem a investigação.

No comando da direção está Patxi Amezcua, que também assina o roteiro. Amezcua esteve envolvido em produções como Operação Maré Negra e Sem Limites, o que lhe comprova certa experiência. A ambientação do filme é muito envolvente, com ótimos cenários, que exploram bastante o lado obscuro, em busca de criar uma sensação de tensão ao redor do caso. As cenas são bem dirigidas, com bons momentos entre os personagens, o que ajuda a manter o interesse no desenrolar da trama. A maneira como a investigação é conduzida é muito boa, nos fazendo sentir como se estivessemos ali com os detetives. A ideia de mesclar a ameaça da pandemia com fanatismo religioso é bem válida e confesso que achei a proposta muito interessante e diferente. O diretor soube fazer uso desses dois elementos, que parecem distintos, de uma forma muito criativa, que acabou tornando a experiência muito envolvente.

Dei play no filme sem esperar nada e acabei me surpreedendo com o resultado. Infiesto é um bom filme policial, com boas doses de drama e um suspense que prende nossa atenção. A trama do filme mescla elementos diferentes de uma maneira inovadora, ao menos para mim, que me surpreendeu com o desfecho. As atuações são convincentes, os personagens conseguem nos cativas com suas motivações e dramas. A direção experiente de Amzcua contribui para o bom resultado técnico do longa, que faz ótimo uso das localizações para criar a sensação de tensão. Se você gosta de um bom filme policial, com uma investigação interessamte, Infiesto é uma boa. Mas vá sem esperar grandes coisas, assim não corre o risco de se decepcionar.

Infiesto está disponível na Netflix.

Sobre Carlos Valim

Apaixonado por cultura pop. Aprendendo a escrever críticas menos emocionadas. Professor de História e fundador do GS.

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