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Crítica: Oferenda ao Demônio ★★★☆☆ (2023)

(Reprodução)

Filmes com demônios são sempre bem vindos, afinal, uma boa blasfêmea é sempre um entretenimento garantido. Oferenda ao Demônio é mais um desses filmes que tenta nos apavorar com as brincadeiras do pé de bode e seus servos sombrios das profundezas do inferno. O longa constrói uma atmosfera muito interessante e desenvolve bem sua história.

E para a minha surpresa, dessa vez não há padres, bispos, ou qualquer outro tipo de servo do cristianismo para vomitar suas palavras mágicas pra cima do demônio. No longa, vamos acompanhar um caso sobrenatural sobre a perspectiva de uma família de judeus, que serão assombrados por um demônio sinistro, conhecido como Tomadora de Crianças. E nisso, o filme ganhou minha atenção.

A história segue os passos de Art, um homem que está prestes a ter um filho e se encontra enterrado em dívidas. Na tentativa de solucionar seu problema, decide ir até a casa de seu pai, dono de uma funerária, com a intenção de convencê-lo a colocar seu negócio como garantia para um empréstimo. Em um momento que está ajudando seu pai com um corpo na funerária, Art acaba liberando, de forma involuntária, um demônio. O demônio, que tem uma preferência por crianças, logo se volta para sua esposa grávida e começa a atormentá-la com pesadelos. A família agora deve vencer não apenas os traumas antigos, mas também essa força maligna.

A narrativa do filme é bem estruturada, os elementos são bem desenvolvidos no pouco tempo de duração de forma bem consistente. As referências a comunidade judaica são bem interessantes, mesmo que possam soar de forma esteriotipada, nos traz uma versão original de uma história com demônios. Foi muito bom ver uma história com demônios sem a abatida perspectiva cristã de realidade.

Art é interpretado por Nick Blood, que faz uma boa performance, dentro do que se é esperado para esse tipo de filme. Seu personagem possui camadas, que mesmo superficiais, são suficientes para que possamos entender suas motivações e soluções que apresenta. A esposa de Art, Clarie, é vivida por Emily Wiseman, que também cumpre bem seu papel de mulher assustada por um demônio sinistro. Os dois tem uma boa química e conseguem levar bem a dinâmica de casal.

Allan Corduner interpreta Saul, o pai de Art, que vive o trauma da perda de sua esposa. Paul Kaye vive Heimish, funcionário da funerária que descobre o plano de Art e fica contra ele no começo, mas o ajuda quando as coisas apertam. As atuações do filme não são nada fora do comum, cumprem bem a proposta do filme, e isso basta para um filme de terror ser aceitável.

A direção do longa está sob o comando de Oliver Park, que já possui certa experiência com filmes de terror. A forma como o diretor conduz as cenas é bem satisfatória, embora eu não tenha levado nenhum susto, achei a construção das cenas de terror bem realizadas, com bons cortes e efeitos dentro do esperado. A forma como o diretor utiliza o ambiente para criar uma atmosfera sombria é bem realizado, utilizando bem o cenário para criar a sensação de medo.

O que me chamou a atenção foi a aparência do demônio no filme, que ficou muito bem feita. A aparência da criatura é bem sinistra e suas formas de atormentar a família, embora bem básicas, são boas. Portas batendo, ventania vindo do além, sombras, são alguns dos elementos básicos para simular a presença maligna, e o filme realiza o básico muito bem.

Por fim, Oferenda ao Demônio é um bom filme, principalmente por nos trazer uma versão judaica desse tipo de história. A trama é bem sólida, com poucos furos, e um desenvolvimento satisfatório. As atuações são boas, sem excessos e nada esteriotipado demais a ponto de estragar a proposta. Os efeitos visuais funcionam bem, com uma ambientação bem sinistra e sombria. O diretor soube usar os elementos básicos para fazer funcionar o terror do filme. Se você curte um bom filme com o capiroto, e gostaria de ver algo que não envolvesse padres de vestido falando o nome de Jesus, esse pode te entreter. Mas é bom ver sem esperar muito do filme, para que a diversão seja garantida.

Oferenda ao Demônio está em cartaz nos cinemas brasileiros.

Sobre Carlos Valim

Apaixonado por cultura pop. Aprendendo a escrever críticas menos emocionadas. Professor de História e fundador do GS.

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