O horror de Stein
No universo do horror psicológico, Tin & Tina, filme espanhol da Netflix dirigido pelo cineasta indicado ao Goya, Rubin Stein, agrega ao gênero com uma proposta intrigante. A trama acompanha um jovem casal, Lola e Adolfo, que perdem seus filhos gêmeos durante a gravidez e adotam dois irmãos do orfanato local, Tin e Tina.
O desenvolvimento da trama tem um ritmo lento, por vezes exaustivo. Ainda assim, de forma geral, a história revela um argumento interessante sobre natureza e criação. Entretanto, a execução deixa a desejar por se tornar cansativo demais. Os irmãos, que seguem a Bíblia ao pé da letra, começam como personagens inocentes e terminam envoltos em possíveis ações sinistras, acreditando estarem cumprindo a vontade de Deus.
Performances e visuais convincentes
Quanto às atuações, Milena Smit e Jaime Lorente entregam performances muito boas como o casal Lola e Adolfo. Carlos González Morollón e Anastasia Russo, como Tin e Tina, se destacam, transpondo muito bem o fervor religioso de seus personagens com uma intensidade perturbadora.
Na parte técnica, Stein recria uma espécie de horror pseudo-gótico, mas o tom exagerado e a excessiva repetição de cenas acabam distraindo do objetivo. O cineasta explora temas de fé, eugenia e zelo na doutrinação religiosa de crianças com um olhar crítico, o que é um ponto muito positivo. A crítica ao cristianismo é sólida e bem desenvolvida, de forma sútil e intrigante.
Apesar dos pontos fracos, “Tin & Tina” poderá interessar aos fãs do horror, embora muitos possam achar a obra excessiva em temas bíblicos e na estilização. A recomendação é moderada, e cabe ao espectador decidir se embarca nesta jornada sombria e estranha.
Crianças perturbadas pelo Deus tirano do Velho Testamento. Colocou a religião no meio sempre dá problema.
Isso é verdade, é um assunto bem polêmico…