Crítica: Barbie ★★★★★ (2023)

A aguardada adaptação live-action da “Barbie”, dirigida por Greta Gerwig, é um triunfo cinematográfico que supera todas as possíveis expectativas. O filme, que se tornou um fenômeno cultural antes mesmo de sua estreia, é uma obra-prima que vale cada centavo do ingresso.

A trama, habilmente escrita por Gerwig e Noah Baumbach, é uma aventura de amadurecimento que contrasta a perfeição da Barbielândia com os desafios do mundo real. A Barbie, interpretada por Margot Robbie, e Ken, interpretado por Ryan Gosling, são transportados para o mundo real quando a boneca começa a ter pensamentos existenciais. A transição é marcada por uma série de desafios e descobertas que levam a reflexões profundas sobre questões sociais. A introdução, que faz uma referência notável a “2001: Uma Odisseia no Espaço”, transpõe a perspectiva reflexiva que o filme iria abordar.

O filme é repleto de críticas sociais inteligentes e muito bem afiadas, especialmente sobre a dinâmica entre homens e mulheres e a problematização dos papéis sociais na sociedade atual. Então se você têm problemas para aceitar certas “realidades”, o corte vai ser profundo. Gerwig e Baumbach conseguem incorporar essas críticas de maneira orgânica na trama, tornando a história não apenas divertida, mas também emocionante e reflexiva.

Inclusive, essa combinação orgânica do humor foi capaz de catalisar uma referência cômica à Zack Snyder e sua versão da “Liga da Justiça”, a magnum opus do diretor. Essa característica de apontar elementos da realidade e alocá-los dentro das críticas à cultura como um todo, foi habilmente realizada neste filme, um feito marcante.

As performances são excepcionais. Margot Robbie e Ryan Gosling brilham como Barbie e Ken, entregando atuações autênticas e carismáticas. Robbie está incrível, trazendo doçura e sinceridade à sua Barbie, e Gosling está muito bem como Ken, proporcionando momentos dramáticos e hilários no filme. O elenco coadjuvante, incluindo Simu Liu e Kate McKinnon, também se destaca, cada um trazendo um toque único para a história.

As dinâmicas entre os personagens é algo muito envolvente no filme, com destaque para as duplas Robbie e Gosling e McKinnon e Robbie. A primeira faz a trasmutação de todos os elementos críticos e narrativos do filme, catalisando em um resultado final impressionante. Enquanto a última é extremamente divertida de se ver na tela.

A direção de Gerwig é impecável, com enquadramentos que exploram a linguagem do filme para trabalhar as críticas sociais. A ambientação é outro ponto forte, com cenários bem construídos que adicionam um toque extra ao filme. A maneira caricata como tudo é realizado é muito boa. O longa nos faz lembrar de “Uma Aventura Lego”, que também revitaliza as energias desgastadas de um “brinquedo” e acrescenta a ele um elemento existencial sobre si mesmo, coagindo a uma mudança de perspectiva através de um novo viés. E em “Barbie”, esse viés é mais do que necessário.

“Barbie” (2023) é um filme que aborda mensagens importantes de uma maneira que impacta positivamente o público. A simplicidade da história, combinada com a maneira como é contada, torna o filme envolvente e cativante. É uma obra que não apenas diverte, mas também provoca reflexões em quem assiste.

Em resumo, “Barbie” (2023) é um filme altamente recomendado. É uma obra que celebra a icônica boneca Barbie, ao mesmo tempo em que a atualiza e humaniza para o público moderno. É um filme que todos, não apenas os fãs da Barbie, devem assistir. Principalmente você, que de algum modo, inconscientemente abomina as energias femininas que essa boneca representa. Para muitos, estamos diante do filme do ano. E para você?