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Especial Monsterverse #2 – Crossover de Literaturas Extraordinárias

Reboot de A Liga Extraordinária deve ser focado em personagem feminino!
Divulgação/20th Century Fox Film

Continuando nosso especial de crossovers no cinema, hoje trazemos o melhor pior crossover da história: A Liga Extraordinária (The League of Extraordinary Gentlemen, 2003), dirigido por Stephen Norrington (Blade, caçador de vampiros, 1998). Inspirado em uma HQ do mestre Alan Moore, A Liga Extraordinária é um desses filmes que tinha potencial de ser um ótimo filme, mas não foi o que aconteceu. Aos amantes da sétima arte, este não é um filme digerível, os efeitos são datados, tanto os digitais quanto os efeitos práticos, os cenários são clichês e escuros, o vilão é tosco e a narrativa é corrida, forçada a chegar aos seus 110 minutos de tela.

A motivação do vilão não passa de dominar o comércio bélico com armas super-tecnológicas (para 1900, um carro era super-tecnológico) e um exército de super-soldados durante a Primeira Guerra. E os heróis não são tão heroicos, o que é bom, mas estranho. E todos esses defeitos fazem de A liga Extraordinária um filme ruim e ao mesmo tempo um filme que não é para qualquer um, um guitly pleasure do mais alto nível.

Os personagens: o aventureiro Allan Quatermain (Sean Connery), a vampira Mina Harker (Peta Wilson), o pirata Capitão Nemo (Naseeruddin Shah), o médico Henry Jekyll e seu alter-ego, o monstro Edward Hyde (Jason Flemyng), o homem invisível Rodney Skinner (Tony Curran), o imortal Dorian Gray (Stuart Townsend) e o espião americano Tom Sawyer (Shane West), forçam os espectadores a lerem sobre suas obras, assim criando a melhor experiência possível para os caçadores de easter-eggs, fazendo os filmes da Marvel e DC serem apenas um “onde está o Wally” do mundo dos easter-eggs. Cada referência no filme é um universo diferente e cada personagem compõe um desses universos, o extraordinário, não é a liga, mas é o universo do filme, juntar Mr. Hyde e Dorian Gray no mesmo filme é um deleite para os amantes de literatura – mesmo que suas aparições sejam desagradáveis aos olhos e os personagens sejam adaptados e não fieis as obras originais.

A primeira vez que Allan Quatermain aparece é um suspiro de desapontamento e satisfação, proporcionadas pelo personagem de Sean Connery, que usa um sósia para se proteger de caçadores de história – e consequentemente de telespectadores afobados.  Com toda sua literatura na bagagem e alguns filmes, com certeza você já se deparou com Quatermain em algum momento e vê-lo naquele salão no Quênia com todos os seus troféus, gozando da terceira idade é muito reconfortante.

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Mr. Hyde/divulgação/20th Century Fox Film

De longe, o personagem que mais impacta no filme é o médico Henry Jekyll e o monstro, Edward Hyde (do livro O médico e o monstro de 1886), toda aparição dos personagens é marcada pela interação do médico e do monstro (e pela caracterização do monstro que é muito estranha). Mas para mim, não posso deixar de mencionar, a melhor parte do filme é Allan Quatermain tratando Tom Sawyer como seu filho, pois o caçador perde seu filho Henry quando jovem, e ele carrega essa carga emocional durante toda sua obra (esse acontecimento não é tratado no filme, apenas mencionado); por outro lado, para Tom Sawyer, Quatermain é tudo que ele já sonhou um dia, então essa interação é como Tony Stark e Peter Parker, mas do mundo da literatura.

Resumindo a trama: o misterioso Sr. M. (que por pouco não virou Mr. M. Aqui no Brasil), recruta Quatermain, Henry Jekyll, Capitão Nemo, Skinner, Dorian Gray e Mina para combater o, também, misterioso vilão Phanton, este que quer causar a Primeira Guerra Mundial para se enriquecer. Com o decorrer da trama, descobrimos que o Sr. M e Phanton é o mesmo indivíduo e seu plano é roubar a singularidade de cada um dos personagens, o sangue de vampiro da senhorita Mina, o soro do dr. Jekyll, o segredo da invisibilidade de Skinner e as tecnologias do cap. Nemo (o Quatermain só serve para capturar Edward Hyde e Tom Sawyer só está no filme para agradar a bilheteria americana – e isso não é mentira). Depois de descobrir o plano do vilão o grupo o detém e no final Quatermain passa a liderança da Liga para Tom Sawyer. Claro que tem os pormenores do filme, como a crise de identidade do dr. Jekyll, o quase romance entre dois personagens e outras referências as obras da literatura, mas não vem ao caso aqui.

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da esquerda para direita: Skinner, Nemo, Sawyer, Quatermain, Mina, Jekyll e Dorian Gray/divulgação/20th Century Fox Film

E este filme é responsável por juntar diversos personagens da literatura (e do cinema, já que todos aparecem em algum filme), que marcaram a infância de muita gente em uma história com clima de Sessão da Tarde, nos levando mais ainda para a saudosa infância. Este é um filme que faz questão de mostrar que é baseado em uma HQ, os comportamentos, a ação e os cenários lembram muito as HQs (não lembram a obra original, mas homenageiam o universo dos quadrinhos)

Hoje, o filme necessita de um reboot (que já foi anunciado há alguns anos), com efeitos especiais dignos e um roteiro mais elaborado, mesmo que não seja fiel a obra de Alan Moore, mas que honre cada personagem como eles merecem.

Abaixo segue um breve guia de onde encontrar cada personagem e seu criador:

Mina Harker: Drácula, Bram Stoker

Cap. Nemo: 20 Mil Léguas Submarinas, Júlio Verne

Henry Jekyll e Edward Hyde: O Médico E O Monstro, Robert Louis Stevenson

Allan Quatermain: As Minas do Rei Salomão, Henry Rider Haggard

Tom Sawyer: As Aventuras de Tom Sawyer, Mark Twain

Dorian Gray: O Retrato de Dorian Gray, Oscar Wide

James Moriarty: Sherlock Holmes, Arthur Conan Doyle

 

A Liga extraordinária foi lançado em 2003 e distribuída pela 20th Century Fox Film

Sobre Dan Claudino

Professor de História, aspirante a podcaster e escritor. Viciado em cultura cyberpunk e jogos de ação.

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