Não faltavam motivos para a baixa expectativa quanto a parte 2 da 5º temporada de Lúcifer, afinal, assistir a parte 1 foi um exercício de paciência e perseverança, finalizei a temporada pensando o quanto ela foi desnecessária… o drama do irmão gêmeo com planos mirabolantes e a ironia do encontro com Deus no último ep. da parte 1.
Começamos a 2º parte como telespectadores daquela típica festinha de aniversário de um amigo querido que você sabe que os familiares estão embriagados e a qualquer instante pode acontecer uma boa e velha briga, um cenário caótico, mas muito intimista que te faz ficar, seja por consideração ou por não saber como sair dali. É neste clima que temos a chegada de Deus (Dennis Haysbert), o todo poderoso mostra o motivo de ser chamado desta maneira, dai por diante, cada ep revela o quanto a série amadureceu. A maturidade da 2° parte é percebida nas experimentações e no atrevimento do enredo, que equilibra humor, drama e ousadia de maneira geral.
O bom e velho humor é uma marca de Morningstar (Tom Ellis), seja ele nas mais variadas paletas – ácido, inteligente ou pastelão com trocadilhos muito bem executados entre Lúcifer e Ella (Aimee Garcia). E esse humor é uma ferramenta narrativa forte, ele nos envolve em diversas cenas, como no clássico jantar de família que revela o lado mais humano dos seres, mesmo quando eles são celestiais. Linda (Rachel Harris) dá o tom ao jantar, numa mediação incrível, a personagem, aliás, sempre trás liga aos núcleos. Se o humor não for suficiente para satisfazer suas exigências, some a ele uma dose mega de aventura em “Daniel Espinoza: Naked and Afraid”, o ep. que centraliza Dan (Kevin Alejandro) captura todas as atenções, nele temos a ascensão do personagem, que se redime com o público pela traição na 1ª parte.
Equilibrar o drama é uma missão executada com perfeição, não ficamos presos ao casal Lúcifer e Detetive Chloe (Lauren German), como o que nos foi oferecido em quase todas as temporadas anteriores, é claro que “as três palavras” ainda infernizam um certo Diabo, porém, o drama mais denso nos é oferecido em outras tramas, como a busca de Maze (Lesley-Ann Brandt) por uma alma e no capítulo “Nothing Last Forever”, com despedidas inesperadas.
Se já marcamos humor e drama em nosso chek list, está na hora de marcar a ousadia, pois, enfim, recebemos nosso esperado “Bloody Celestial karaokê Jam”, podemos desfrutar não só da voz angelical (aqui seria aplicação literal do termo?) de Tom Ellis, as excelentes escolhas vão desde a seleção de músicas até a maneira em que tudo se encaixa, embora a cantoria não seja espontânea em sua origem, já que se trata de um efeito divino, não somos forçadamente/obrigados a interagir com ela, pelo contrário, o musical causa um efeito de “qual será a próxima canção?” e olha que iniciam com níveis altíssimos, já que Queen é quem abre o show.
É claro que as reflexões e dilemas permeiam toda a trama, nem o bebê Charlie, filho de Linda e Amenadiel (D.B Woodside) fica fora desta, afinal, ter um pai arcanjo e uma mãe psiquiatra é a personificação de um dilema. Humanidade versus divindade, liberdade versus livre arbítrio, inferno inferno e céu, escuridão e luz…condenação eterna ou culpa? Deus ou diabo? Mas e se o diabo for deus?
Se o céu é o limite (literalmente falando), o que podemos esperar da próxima temporada de Lúcifer? Não sei, mas as expectativas estão nas alturas! Sem uma previsão muito certa sobre o retorno da série em 2022, esperamos os novos episódios com um sorriso no rosto, com a satisfação garantida e a fidelização do público para mais uma temporada.