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Crítica: Sweet Tooth – ★★★★★ (2021)

(Divulgação)

Ao pensarmos em adaptações de HQs da Netflix, ficamos sempre com certas dúvidas, ainda mais em uma semana em que foi cancelada a série O Legado de Júpiter, também adaptada das HQs para a telinha. A plataforma tem o custume de a cada acerto nos entregar dois erros, mas algo natural se tratando de um universo criativo em que as opiniões podem ser muito diversificadas. Sweet Tooth também causou essa mesma impressão: “será que é bom?”, era a dúvida que levantada. Mas, para minha surpresa, a série é encantadora e atrativa.

Sweet Tooth é uma HQ publicada pela Vertigo, escrita e ilustrada por Jeff Lemire e, assim como na HQ a série da DC, que é produzida por Robert Downey Jr., também se passa no mundo pós-apocalíptico que foi assolado por uma misteriosa pandemia, chamada de Flagelo, uma doença que surgiu junto do nascimento de crianças híbridas, que nasciam com características de animais. Essa combinação criou reações diversas entre os humanos que sobreviveram, que  ao passar dos anos passaram a se dividir em tribos, com cada grupo tendo sua própria crença acerca do mundo e da maneira como devem ser tratadas as crianças híbridas. A série é protagonizada pelo híbrido cáristmatico Gus (Christian Convery), um garoto-cervo que cresceu isolado em uma reserva natural com seu pai (Will Forte), mas que após uma sequência de eventos trágicos, é obrigado a partir em uma aventura em busca de sua mãe.

Embora se trate de uma adaptação das HQs, sempre acontece de haver mudanças em detalhes da história, para se adaptar melhor ao tempo em que está sendo lançado. E, neste caso não é diferente, existem singelas mudanças entre a série e as HQs. Dentre elas podemos destacar o nosso pequeno protagonista servo, que nas HQs possui uma maneira de falar diferente e também é mais desconfiado dos seres humano do que sua versão da série. Seu companheiro de aventura, Jepperd (Nonso Anozie), que na série é um sujeito de bom coração e ex-jogador de futebol americano, nas HQs é um tanto diferente, enganando Gus na maior parte do tempo. Essas diferenças foram necessárias para conectar melhor o público com os personagens.

O visual da série também tem o objetivo de aumentar a conexão do público com os personagens e o mundo no qual a aventura se passa, que embora seja em um estado pós-apocalíptico, ele deixa de lado as cores e traços sombrios e nos apresenta um mundo mais colorido, porém ainda com a presença da violência e terror de uma realidade pós-flagelo. A série da Netflix consegue equilibrar momentos de esperança e relação familiar com essa atmosfera sombria de um mundo pós-apocalíptico com perfeição, fazendo o público se preocupar com os personagens em cena constantemente. A ameaça principal e sempre presente nos episódios é uma milícia comandada por Abbot (Neil Sandilands) que está sempre ameaçando os protagonistas com seu objetivo de caçar e extinguir as crianças híbridas.

O grupo que acompanhamos também tem um ótimo desenvolvimento ao longo dos episódios, sem pressa de jogar informações e mais preocupado em conectá-las de forma relevante para a trama. Além de Gus e Jepp, também temos a personagem Ursa (Stefania LaVie Owen) que funcionou muito bem equilibrando as emoções entre Gus, uma criança inocente que está descobrindo o mundo e Jepp, um sujeito já cansado e abatido pela vida. A dinâmica do trio é muito boa e deixa o público interessado por mais cenas com as interações.

Direto ao ponto, a série da Netflix consegue facilmente cativar seu público com a narrativa simples e seus desdobramentos ao longo dos seus oito episódios. Uma ótima pedida para maratonar no fim de semana. A série traz uma proposta interessante e inovadora até certo ponto, com belas imagens e cenas, atuações bem dosadas e uma trama misteriosa o suficiente para te manter interessado do começo ao fim. A série tem todo o potencial para se tornar uma das melhores produções da Netflix ou, quem sabe, até a melhor.

A primeira temporada com oito episódios de Sweet Tooth está disponível na Netflix.

 

Sobre Carlos Valim

Apaixonado por cultura pop. Aprendendo a escrever críticas menos emocionadas. Professor de História e fundador do GS.

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