Quando Final Fantasy VII Remake foi anunciado como um dos jogos mensais da PlayStation Plus, soube que havia chegado minha hora de conhecer a famosa franquia. Entendo que muitos fãs e jogadores trazem para o game toda a carga afetiva e nostálgica do game original, e se eu tivesse jogado o jogo original também teria os mesmos sentimentos. Entretanto, essa é uma análise de quem não conhecia a franquia e tudo que viu foi uma novidade, portanto, livre de nostalgia.
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Mas vamos a uma perspectiva histórica: Final Fantasy VII foi lançado em 1997 para Playstation 1, publicado pela Square Soft. Lembrado pelos fãs como um dos melhores títulos da franquia, o jogo original traz características típicas de RPGs básicos, como por exemplo, as alternações entre turnos em cada batalha. No enredo, Cloud Streife, um simpático e tímido mercenário, compõe um grupo de revolucionários rebeldes chamado Avalanche, cujo objetivo é combater uma empresa gigante chamada Shinra que controla e manipula a energia vital da Terra, o Mako. Outros nomes que compõem o grupo, como Barrett, Biggs, Wedge e Jessie também são lutadores moradores do distrito de Midgar, uma espécie de cidade pobre que se localiza abaixo de espécies de cidades suspensas onde pessoas mais afortunadas moram, e onde também, nas plataformas mais elevadas, residem os membros da corporação luxuosa da Shinra.
Final Fantasy VII (1997) Reprodução
Segundo análises de quem conheceu a versão original, a história segue fiel, mas adicionada de inúmeras histórias paralelas que enriquecem grandemente a trama. No primeiro capítulo do game, o grupo Avalanche arquiteta um ataque à Shinra e desde então podemos perceber como a temática sobre o uso ético dos recursos do planeta e de como as grandes corporações podem ser opressoras com seus trabalhadores e os cidadãos foi genialmente reciclada para nosso tempo. Os desdobramentos sobre esses problemas são gradualmente apresentados durante a gameplay, enriquecendo os personagens e a cidade como um todo. E, falando em uma consciência coletiva e grupal, mais tarde no game passamos a entender ainda como a Terra e seus recursos também são personificados e intervém nos momentos certos da história. Isso leva os personagens também à reflexões sobre destino e nossa capacidade de mudá-lo.
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Desta forma, um dos pontos altos do game é a livre movimentação de Cloud pelas inúmeras ruas de Midgar e também durante as batalhas, nos dando a oportunidade de conhecer vários cidadãos e missões secundárias que eles podem te dar, além de apreciar as belíssimas paisagens. Barret, Aerith e Tifa, os personagens jogáveis, tem suas histórias e motivações muito bem desenvolvidas e são muito envolventes, fazendo com que queiramos encontrar logo o desfecho da história de cada um deles. Outros cenários, como a base da Shinra, seu núcleo e o hilário clube noturno HoneyBee In também são cenários construídos com muito capricho, nos fazendo andar por cada canto andável do game para apreciar os detalhes. Um detalhe que é um ponto negativo é quando precisamos passar por algum local estreito, como um beco ou uma grade, e precisamos posicionar o personagem sobre um ícone e esperar que ele faça a passagem lentamente.
Existem muitas cenas cinemáticas entre os capítulos e também no meio deles, que também são momentos que esquecemos que estamos jogando e a experiência sensorial rola. Um ponto negativo é a quebra de sequência de grandes cenas de ação, ou em outros momentos quando temos de acompanhar lentamente um NPC enquanto ele nos conta uma história. Mas mesmo isso contribui para a narrativa rica, variando entre as cutscenes e discursos que acontecem dentro da área jogável.
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Senti falta também de um modo fotográfico no jogo, que, se existisse, seria mais uma ferramenta que me faria perder horas apreciando os gráficos e cenários. Apesar de não haver esse modo, quando pausamos as ações durante as batalhas, a cena fica em câmera lenta, dando tempo suficiente para que você circule a câmera através dos personagens e aprecie os gráficos e as faíscas e magias que estão no ar. As lutas são ótimas, não existe a necessidade de pausar cada movimento para escolher a estratégia, como é típico das batalhas por turno, o que deixou o jogo muito fluído. O sistema de Active Time Battle, uma barra que enche automaticamente e permite que você escolha um golpe especial, magia ou item para ser usado, media muito bem a ação durante as batalhas e ainda permite que você altere entre os personagens controláveis. Ainda sobre as lutas, cada vilão e criatura também são muito interessantes e fazem com que você também fique apreciando seus poderes e visual. Uma matéria de análise permite que você descubra os pontos fracos e obtenha informações sobre cada um deles.
E falando em matérias, armas e habilidades, todos estes são elementos upaveis e com evolução muito balanceada. Cada arma tem uma constelação de melhorias onde você pode distribuir os pontos ganhos, mas para uma experiência mais dinâmica você pode habilitar a distribuição automática, apenas escolhendo priorizar o ataque, defesa ou uma distribuição equilibrada. É possível equipar matérias em quase todas as armas do jogo, permitindo inúmeras combinações de ataques. Além disso, algumas invocações de seres mágicos ou mitológicos são possíveis, eles são gigantes e poderão auxiliar em batalhas contra bosses igualmente gigantes. São mais um show à parte durante as lutas, mas cuidado para não deixar nenhuma matéria passar batida, porque você poderá acabar não conhecendo alguma dessas invocações ou magias, encurtando sua experiência. Um ponto negativo é que não é possível pular durante o jogo, sendo que para alcançar um inimigo num lugar elevado, você terá de usar um personagem com ataque à distância, como um que tenha uma arma, magias ou terá de se posicionar muito bem embaixo do inimigo para que um pulo automático aconteça, mas isso leva alguns segundos cruciais nas batalhas.
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Também é possível coletar discos durante todos os capítulos do jogo, que contém as trilhas originais, certamente um presente para os fãs nostálgicos. Esses discos podem ser tocados em diversos pontos do mapa, fazendo com que você possa escolher sua trilha favorita. Além disso, alguns mini games existem em diversos lugares do mapa, quase a maioria oferecida por personagens divertidos em momentos cômicos, como por exemplo Cloud dançando, travestido de mulher no clube noturno HoneyBee In.
Aproveitei ao máximo a experiência desse remake de respeito, mas ainda assim tenho certeza que muitos detalhes passaram batidos, dando vontade de jogar mais uma vez. O game tem uma narrativa e histórias incríveis, tendo altos e baixos, momentos de euforia e tristeza, sabendo muito bem envolver o jogador e tocar suas emoções, além de nos deixar curiosos sobre a história de grandes personagens que não são foco da trama, como Sephirot, Red XIII e Zeke. E para aqueles que chegaram a jogar o original ou são fãs da franquia, tenho certeza que a experiência será ainda mais marcante, por poder ver novamente os personagens repaginados com extremo capricho e a história enriquecida de maneira tão profunda e envolvente. Aquele que, assim como eu, entrou nesse universo sem saber nada sobre ele, tem minha garantia de que pode começar por aqui, não ficará perdido e essa será uma experiência inesquecível, além de contar com características que nosso tempo tem em vantagem ao passado, como os belos gráficos, maior tempo de jogo, lutas fluídas e legendas em português. Você irá terminar o jogo cheio de dúvidas e teorias, que farão com que queira consumir mais desse universo imenso que é Final Fantasy.