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Crítica: Loki – ★★★☆☆ (2021)

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Ícaro voou até o sol, fez algo inimaginável, superou seus próprios limites e não parou, e esse foi seu pecado. Loki, a série, fez o mesmo, começou apresentando o universo e os personagens e, na medida, dos episódios foi voando, no ep. 5, voou alto e no último episódio, chegou perto demais do sol e despencou. Diferente de Ícaro, ao cair, Loki, se garantiu em mais uma aventura.

Finalmente, o final. A série solo do vilão da Marvel, Loki, chegou ao fim (temporariamente falando), com efeitos especiais atrativos e diálogos reflexivos, como: “quando o ditador cai, quem fica no lugar? Um vazio.” No geral, o último ep. foi como o primeiro, cheio de explicações e com cliffhangers para continuações, isso não quer dizer que foi um episódio ruim, mas não foi o melhor da temporada.

Obviamente que os efeitos especiais em todos os episódios foram fantásticos, principalmente os dos 3° e 5° episódios, padrão Marvel/Disney. E quando se tem um orçamento responsivo para o nível de criação que a série demanda, não se pode esperar menos. Alioth vs os Lokis no 5° ep. prova que um orçamento bem aproveitado favorece o sucesso. Junto a isso temos boas interpretações, Sophia Di Martino, Gugu Mbatha-Raw, Wunmi Mosaku e Richard E. Grant são os destaques, todos entregam personagens críveis e interessantes, que mereciam mais tempo de tela – eis aqui o primeiro problema de Loki: 6 episódios para apresentar muito conteúdo.

E somando os bons efeitos especiais e as interpretações bem apresentadas temos uma boa série, se não fosse pelo problema apresentado acima, 6 episódios não são suficientes para fechar uma história e apresentar/desenvolver os personagens que se tornaram carismáticos, como o Classic Loki. O primeiro e último episódio são focados em explicações maçantes e necessárias, que poderiam receber uma outra abordagem que não fosse o “palestrinha”.

Se você acompanha a saga Marvel, vai se deliciar com as referências, fan services e rostos conhecidos, mas não espere mais que isso, Loki entrega um Sci-fi muito bom, mas que é mal desenvolvido por ser parte do UCM. Deuses, cientistas e seres ancestrais são jogados num mesmo caldeirão de acontecimentos pré-estabelecidos e controlados por Aquele que Permanece (uma variante do Kang, o Conquistador – interpretado por Jonathan Majors). E aqui morre toda a parte criativa que poderia explodir nossas cabeças, a série se dá ao luxo de nos lembrar que aquela história fantástica é parte de algo maior e está presa nisso. 

Todo o bom desenvolvimento dos episódios 3, 4 e 5 se perdem na segunda metade do sexto episódio, depois da palestra de Kang, tudo para abrir novas possibilidades e ramificações para a série (me desculpem pelo trocadilho). E tudo bem a série acabar do jeito que acabou, mas é notável que a criatividade foi sacrificada em troca de algo maior (se você é um fã da Marvel, o final foi feito para você). E acaba sendo cômico, um episódio todo sobre liberdade e “destino”, estar sob controle das mãos “daqueles que permanecem”.

E no fim, sem trocadilhos, era tudo sobre como Loki vai abrir caminhos para novas produções da Marvel. O final do episódio 6 é exatamente assim, Loki provando, empiricamente, que outras realidades são reais no UCM. E voltando para a metáfora de Ícaro, em Loki é como se o sol puxasse Ícaro, só para provar que seu brilho e calor são mais relevantes que o jovem imaginativo.

WandaVision, Loki e Falcão e Solado Invernal apresentam bons momentos, grandes falas e novos rumos para o UCM, e dessa nova leva, Loki se destaca por não ter um vilão, Kang não é o vilão que imaginávamos, a AVT não estava errada e Loki era uma peça nesse jogo de destino e liberdade. Com exceção do primeiro episódio, Loki é uma série agradável que flerta com um bom Sci-Fi, mas faltou um final impactante. E, de todo o modo, é uma série fundamental para o futuro do UCM.

Com tropeços aqui e ali, Loki é uma série bem agradável, com momentos tensos, alegres, interessantes e até emocionantes, fácil de assistir e cheia de referências. Mesmo sem um final digno para a série, Loki é uma série que vale a penda dar uma chance e, se você ignorar o fator Marvel, a série é um ótimo Sci-Fi.

Sobre Dan Claudino

Professor de História, aspirante a podcaster e escritor. Viciado em cultura cyberpunk e jogos de ação.

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