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Crítica: Star Trek – ★★★★★ (2009)

(Reprodução)

O primeiro da trilogia de reboot de uma das franquias mais cultuadas no universo geek/nerd, Star Trek de 2009 foi lançado recetemente na Netflix. A trilogia foi dirigida por J. J. Abrams, que teve a dificílima missão de transformar uma série icônica, praticamente intocável, em um blockbuster. E, embora haja críticas com relação a filmes que seguem esse modelo, quando são bem executados, podem se tornar um entretenimento de grande qualidade, capaz de agradar os fãs ranzinzas, como também os novatos.

Como sabemos, Star Trek é a referência máxima quando tratamos do tema sci-fi na televisão. A série original rompeu as barreiras do seu tempo e provou que mesmo trazendo um plot complexo, era possível cativar o público com um modelo totalmente diferente de narrativa. A história valorizava o conceito científico e também a resolução de problemas através de diálogos diplomáticos, o que muitos poderiam achar tedioso. Mas ao fazer isso com a introdução de personagens interessantes, capazes de ganhar a atenção do público, criou a chave do grande sucesso. A franquia está repleta de personagens icônicos, amados pelos fãs.

A história de Star Trek não poderia ser mais humana. Nosso implacável desejo de descobrir o desconhecido, encontrar o que nunca foi visto, ir onde ninguém jamais esteve é o que faz de nós quem somos, o que torna legítima a nossa existência. Os limites terrestres e tecnlógicos são rompidos e nos vemos diante da grandiosidade do espaço, a fronteira final. Star Trek nos dá o vislumbre do “sonho dos sonhos” e se arrisca a contar histórias que vão além de nossa realidade cotidiana, nos brindando com a imagem de um futuro utópico, que atinge os limites de nossa imaginação.

No filme, somos apresentados ao passado de dois grandes personagens da franquia, Kirk e Spock. Podemos acompanhar os traumas que ambos tiveram em suas vidas e a maneira como isso os transformou. Também veremos a maneira como os dois se tornam os grandes amigos que sempre foram na antiga série e como a icônica equipe da Enterprise é reunida em sua primeira missão. Um evento de natureza desconhecida está ocorrendo em Vulcano e a Enterprise é designada para a missão, mas chegando lá, percebem que se trata de uma ameaça que viria a causar grandes impactos para todos ali, principalmente Spock. A ameaça se apresenta como o vingativo capitão Romulano, Nero. O vilão não traz grandes motivações, sua vontade é punir a Federação e os vulcanos por um acidente desconhecido. Embora o plot não esteja carregado de grandes ideias, muito menos seja genial, a narrativa por trás dos personagens consegue preencher o vazio da trama, ou a falta dela, e entregar uma experência satisfatória. O verdadeiro mérito deste filme foi apostar nesse desenvolvimetno dos personagens e nos capturar em uma teia nostálgica.

A maneira como Kirk e Spock foram desenvolvidos está impecável, apresentando grandes momentos para ambos os personagens. Vemos Kirk de Crhis Pine agindo de maneira impulsiva, sempre ignorando as regras e tentando encontrar meio de driblar as coisas. A atuação de Pine tornou Kirk ainda mais carismático para mim que nunca simpatizei com ele na série. Mas o peso maior recaiu sobre Zachary Quinto, que interpretou Spock. O personagem é tão icônico, que comumente é visto como um símbolo da cultura pop, quem bate o olho sabe na hora que se trata “do carinha de jornada nas estrelas”. Logo nas primeiras partes do longa, fica evidente que Quinto sabia exatamente o que estava fazendo e do peso do legado que carregava, e entregou a melhor versão possível do personagem. A interpretação de Quinto é emocionante, vê-lo falar e interagir com os tripulantes da Enterprise carrega nossos olhos com o óleo lubrificante da nostalgia. Mas se você pensou que apenas Kirk e Spock são bem represetados, se engana. Todos os membros da Enterprise foram interpretados por atores que conseguiram criar em nós o sentimento de realmente estarmos lidando com a antiga equipe. Leonard “Magro” McCoy interepretado por Karl Urban está impecável, e em certos momentos chegamos até a confundí-lo com DeForest Kelley da série original. Também estão “fascinantes” as interpretações de Anton Yelchin, Simon Pegg, John Cho e Zoë Saldana, respectivamente Chekov, Scotty, Sulu e Uhura. A relação entre eles é fluída e dinâmica, as conversas sempre cheias de pérolas referenciais para os fãs ficarem apontando “ali!”. Tendo cada personagem o tempo ideal de ser desenvolvido, contanto com diversos momentos em que são ressaltados suas individualidades.

Os efeitos especiais estão incríveis, principalmente se levarmos em conta o ano de sua produção. Somos contemplados com cenas maravilhosas, com uma perspectiva que a série original jamais poderia ter oferecido. Também há muita ação no filme e grandes explosões, como um bom blockbuster tem que ser. Valendo mencionar que a trilha sonora de Michael Giacchino fecha com maestria essa obra magnifica do sci-fi. Mesmo apresentando um novo tema, Giacchino consegue nos lançar em meio ao espaço inexplorado de Star Trek e nos fazer contemplar uma trilha original impecável, que consegue remeter aquela bela nostalgia nos fãs. Preparem seus ouvidos para o final!

Embora o filme já tenha sido lançado há um bom tempo, decidi por poupar você, leitor, do maior dos spoilers relacionado com a participação de Leonard Nimoy, o Spock da série original, na trama. Uma cena que com certeza aquecerá seu coração nerd e que deixa marcado a competência de Abrams como diretor.

Star Trek possui cerca de 2h e com certeza está entre meus filmes preferidos. Se você é fã da série, já deve ter assistido, mas a chegada do longa na Netflix pode te animar a rever. Agora, se você nunca viu Star Trek, apenas conhece o “cara de jornada nas estrelas”, aconselho você a assistir e se preparar para ter uma incrível experiência, de tudo de melhor que um sci-fi pode oferecer. Com certeza você irá se deslumbrar com a qualidade impecável deste filme, e quem sabe no final não se sinta curioso a explorar esta incrível franquia que conta mais sobre você, humano, do que jamais poderia ter imaginado. Vida longa e próspera!

Sobre Carlos Valim

Apaixonado por cultura pop. Aprendendo a escrever críticas menos emocionadas. Professor de História e fundador do GS.

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