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Crítica: The Farewell – ★★★★☆ (2019)

(Reprodução)

Como podemos nos preparar para a despedida de alguém que amamos? Bom, “The Farewell” nos mostra uma visão mais humanística sobre como lidamos com o fim iminente da vida de um ente querido, além disso, representa um choque cultural de como é possível você abordar de maneiras diferentes sobre o mesmo assunto, não havendo uma dualidade entre quem está certo e quem está errado.
O filme diz desde o começo que é baseado numa mentira real, a diretora e roteirista Lulu Wang nos mostra um pouco de sua vida e de sua família nesta obra, praticamente, autobiográfica. Já adianto meus elogios a direção, na qual percebemos uma paixão pela história filmada, assim como, uma direção certeira de como os atores devem se portar diante de suas emoções conflituosas. Outro acerto foi que, mesmo sendo uma produção americana, todos os créditos são escritos em mandarim e boa parte dos diálogos na língua chinesa materna, evitando o que chamamos de “americanização” das obras cinematográficas.
Feitos os elogios a Wang e a introdução, vamos ao que nos interessa quanto ao que nos fora apresentado, a história se remete a Billy (Awkwafina), uma jovem adulta, por volta dos seus 30 (trinta) anos, que se mudou desde criança para os EUA e que luta pela sua estabilidade até hoje, descobre por meio de seus pais, Haiyan (Tzi Ma) e Jian (Diana Lin), que sua avó, Nai Nai (Shuzhen Zhao), possui câncer terminal e tem pouco tempo de vida.
O filme se fortalece demais ao mostrar, desde o primeiro minuto, que mesmo Billy, vivendo em Nova York, tem uma relação muito próxima com a sua avó, que vive na China. Aliás, uma saudação à brilhante interpretação de Awkwafina, pois sentimos na pele toda a sua instabilidade emocional e inseguranças, que se iniciam desde a sua saída de seu lar quando ainda era criança até o descobrimento da doença de sua avó, como se fosse seu último elo com seu país de nascença. Outro ponto a ser ressaltado é a presença de tela de Nai Nai, em todo momento que ela aparece, nós, meros espectadores, nos sentimos realmente abraçados e amados pela personagem.
O grande conflito do filme é o conflito entre a cultura ocidental com a cultura oriental, a família de Nai Nai decide por não contar seu real diagnóstico, algo que é encobertado até pelos profissionais de saúde, então a família decide realizar um falso casamento para que toda a família se reúna na China para uma simbólica despedida a matriarca que sempre os amou incondicionalmente.
E nessa união familiar, eu preciso ressaltar a brilhante adição do casal que iria subir ao altar, de maneira nem um pouco convincente, Hao Hao (Chen Han) e Aiko (Aio Mizuhara), primo de Billy e sua namorada. Todos os minutos de tela desse casal me renderam boas gargalhadas, acredito até que seja uma comédia não planejada, simplesmente saíram aquelas risadas desconfortáveis por não conseguir imaginar a situação que esse casal estava passando.
Dito isso, ao longo dos 100 (cem) minutos do filme, nos deparamos com diversos dilemas, como o sonho de vida americano, a imposição de que a cultura ocidental é superior a oriental e de que como nós não queremos nos responsabilizar por nada, escolher carregar um fardo como uma união não é algo que nós aprendemos na nossa cultura.
“The Farewell” é um filme que demonstra que é possível que uma despedida seja um momento alegre, divertido, contagiante e ao mesmo tempo melancólico, suas atuações estão na medida certa e a direção é certeira e segura, mesmo possuindo um orçamento baixíssimo.

Sobre Andrey Atie

Em busca de ser um Mestre Jedi, mas ainda sou apenas um advogado. Colecionador Iniciante de Funkos Pop e um nerd iludido.

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