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Análise: Twelve minutes – ★★★★★ (2021)

Em mais um ano quarentenado, olhando para as mesmas paredes e revivendo alguns dias, quase como um looping temporal sem fim, fui surpreendido com Twelve Minutes. Jogo português, que tem como premissa reviver os mesmos momentos em um apartamento minúsculo, diversas e diversas vezes.

Este texto contém spoilers de Twelve Minutes.

Análise | 12 Minutes - Manual dos Games
Divulgação

Com um desenvolvimento de quase 10 anos, Luís António, é responsável por um jogo que mescla a audácia dos jogos indies com a a qualidade dos AAA. Em 2012 e depois em 2015, Luís António lançou sua ideia para o mundo, mas só em 2021, Twelve Minutes viu as luzes do dia. O grande mérito (fora o enredo) está na atuação das vozes, com as vozes de James McAvoy, Daisy Ridley e Willem Dafoe, que dão vida aos personagens: Marido, Esposa e Policial, respectivamente.

Alguns jogos utilizam os atores de Hollywood como artificio comercial, mas aqui, as vozes fazem parte da construção do game. Com a visão isométrica, gráficos simplificados e um ambiente pequenos, as vozes dão emoção ao jogo (tanto que se você jogar pulando algumas falas, a experiência será limitadíssima). Williem Dafoe, além do Policial, faz a voz de outro personagem (vamos chamá-lo de personagem X, para não dar spoiler do plot twist).

A gameplay é limitada a point-n-click, com visão isométrica (visão “de cima”), com alguns momentos de visão em primeira pessoa, quando nos aproximamos de algum objeto ou espaço do apartamento. Como um jogo de clicar, a limitação do que é clicável vai mudando de looping em looping. Cada looping, ou run, é limitada por X ações, que estão ligadas ao que o Marido (o protagonista do jogo) sabe. O primeiro looping é extremamente envolvente e cativante. Nele você descobre que sua esposa está grávida e que a criança terá o mesmo nome que sua mãe. O Policial chega e prende sua mulher, acusando-a de ter assassinado o pai – e também, procura por um tal relógio.

Se você seguir todos os passos dessa run, ela terá um tipo de efeito hipnótico no jogador, apresentando perguntas que precisam de respostas. O segundo looping e os seguintes, são imersivos ao ponto do jogador se sentir como o Marido: confuso e tentando fechar estes ciclos.

Cada novo looping é uma possibilidade de uma nova descoberta. Fazendo o enredo se desenvolver de maneira graciosa. Em um momento descobrimos que o Policial não é o vilão, descobrimos suas fraquezas e sua motivação. Noutro momento descobrimos a verdade sobre a morte do pai da Esposa e sua culpabilidade nisso. Mas sem dúvida o maior plot é em relação ao casal (spoiler no final do texto).

Jogando não encontrei nenhum problema de gameplay, mas há relatos de bugs com objetos e falas, todos esses bugs no PC. E fora esses bugs, o jogo tem problemas no desenvolvimento de enredo e história – todos irrelevantes. Em determinado momento, o personagem X sabe de coisas que não deveria saber, o Policial toma atitudes que não fazem muito sentido e o protagonista parece esquecer de algo que aprendeu em uma run já passada. E o pior do jogo é a falta de noção do que é clicável ou não, como a parte que temos que atirar nas pernas do Policial, não existe nada que indique que essa ação é possível, tornando a tentativa e erro, algo desagradável (ainda mais porque as runs duram menos de 12 minutos).

E todos esses erros e escolhas de gameplay, podem afastar alguns jogadores, mas a recompensa por persistir é uma das melhores histórias, com diversos finais e pequenos detalhes (como os quadros que mudam de acordo com o desenrolar da história).

Spoilers abaixo – spoilers acabam depois da imagem.

O enredo, como já citado, gira em torno do casal e do Policial, tendo a morte do pai como ponto-chave. Ao jogar e explorar cara run, descobrimos que o Policial era amigo o pai e que o pai tinham uma amante, o que fez com que a relação da Esposa, com o pai, fosse arruinada pelo “monstro” (se eu contar o que é isso, eu estrago o jogo). E o Marido, vive esse looping diversas e diversas vezes, por uma escolha que ele fez há alguns anos (escolha que culminou nesse dia fatídico). E no meio dessa turbulência de descobertas, descobrimos que o relógio, que o Policial procura, vale muito dinheiro, e o Policial o venderia para custear o tratamento de câncer da sua filha. E a maior descoberta (antes do plot final) é que o Marido matou o pai da Esposa – e que por conveniência do roteiro – se esqueceu deste evento, ao reviver o mesmo dia, ele se lembra deste dia (ou quase isso).

12 Minutes review: an interactive thriller that's better with friends - The Verge
Reprodução

Fim dos spoilers.

Twelve Minutes é um desses jogos que te provocam e te forçam a explorar cada lugar do jogo ou cada possibilidade. Seu enredo é repleto de viradas e de momentos que te faz questionar quem é o vilão dentro do jogo, com a possiblidade de finais diferentes, que vão te colocar entre questões morais, ou, pelo menos, entre a razão e a emoção.

Sobre Dan Claudino

Professor de História, aspirante a podcaster e escritor. Viciado em cultura cyberpunk e jogos de ação.

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