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Crítica: Round 6 – ★★★★★ (2021)

Acreditar que participar é mais importante que vencer é um erro, pelo menos é isso que aprendemos em Round 6, a nova série sul-coreana da Netflix, que envolve o lado mais podre da humanidade com o mais pueril de todos nós.

Round 6 "Squid Game" - DramaClub
Reprodução

Chegando sem muitos alardes, Round 6, nos leva para uma vida mais cinzenta da Coréia do Sul, diferente das telas multicoloridas do K-pop e dos doramas joviais. Em Round 6, as carregaram uma dramaticidade que transcende o aspecto de background, isso fica mais claro no episódio 2 e no ultimo episódio, onde as ruas são as protagonistas. Os personagens são, em sua maioria, meras representações da nossa personalidade egoísta e mesquinha, com exceção de Seong (Lee Jung-jae), um homem na casa dos 40, que, depois de fracassar em vários empreendimentos (isso inclui sua família), ele se vê numa situação financeira bem debilitada, até se encontrar com um homem no metrô que faz uma aposta, ao vencer, recebe o convite para o jogo que mudará sua vida.

Os nove episódios seguem uma dinâmica que varia entre um jogo mortal e a trama sobre os personagens (bem como deveria ser), entretanto, o jogo é secundário em toda a série. No primeiro episódio os personagens jogam “batatinha quente 1, 2, 3”, que é o jogo mais mortal de todos, ceifando quase metade dos jogadores. E este é o único momento em que o jogo é protagonista dentro da série, os episódios que se seguem são focados em desenvolvimento de personagem, e valem cada minuto na frente da tela.

Enquanto fora do jogo tudo é cinza, chuvoso ou agressivo, dentro do jogo é tudo colorido e infantilizado, criando um contraste entre a mundo fora do jogo, hostil, e o jogo, hospitaleiro. Contudo, é no jogo que a hostilidade humana vem à tona, Cho (Park Hae Soo) é um desses exemplos, vivendo uma montanha russa na série, com uma ótima redenção no final.

Como é de se esperar, o jogo é financiado por espectadores ricos que apostam nos jogadores, um espetáculo para poucos. Os jogadores são homens e mulheres que devem jogar jogos de crianças, como bola de gude, para vencer o grande prêmio: 45,6 bilhões de wones. E no meio da trama entre os jogadores e o jogo, há ainda a trama do policial Joon-ho (Wi Ha-joon) que investiga o sumiço de seu irmão, e que protagoniza uma das cenas mais chocantes da série.

Alguns personagens se destacam pela emoção que carregam ou pela ambição. Quebrando o ritmo do primeiro episódio, o 2° ep. foca em mostrar como, fora do jogo, os jogadores são como lixo para a sociedade, e nesse episódio ficamos mais cativados pelo jogador 001, um senhor com tumor na cabeça, que tem os melhores desfechos na série.

A série não se esforça para criar trilhas sonoras envolventes, mas o visual é seu grande forte, incluindo as cenas de mortes e de diálogos. Com escolhas de câmeras que destacam os personagens nas suas melhores formas. Em um dos episódios acontece uma luta entre os jogadores, e esse evento reflete nos últimos episódios, onde há um jantar com três finalistas, e a tensão criada pela luta nos episódios anteriores é recriada em forma de mudanças de câmeras e zoons nos movimentos dos personagens.

Round 6 é uma série que não precisava de continuação, mas tudo indica uma segunda temporada, que veremos mais ação, já que tudo nos foi revelado nesta primeira temporada. Com nove episódios e um desenvolvimento singular, Round 6 é uma boa pedida para o final de semana, com todos seus eps. lançados pela Netflix, é altamente recomendável para os fãs de séries de drama com ação e muita tensão, entre os episódios três e seis, tudo pode acontecer, então cuidado para não roer as unhas de aflição.

Sobre Dan Claudino

Professor de História, aspirante a podcaster e escritor. Viciado em cultura cyberpunk e jogos de ação.

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