Ok, há algum tempo eu escrevi uma crítica criticando (no sentindo ruim da palavra) a nova animação do personagem He-man, Mestres do Universo: Salvando Eternia. Agora eu me vejo numa missão de elogiar a segunda parte da série animada.
Por uma decisão que não me desce bem, a série foi lançada em duas partes e a parte 1 é muito fraca quando comparada a parte 2, algo que vejo como um motivo para, quem assistiu a primeira parte, não voltar para ver a parte 2 (eu mesmo, se não fosse para escrever está crítica, não assistiria).
A segunda parte é de um nível superior, comparada a primeira parte, e deixa qualquer fã de animação animado, com uma reviravolta fantástica e boas cenas de ação. Partindo da onde parou a primeira parte,a companhamos o príncipe Adam e seus companheiros tentando derrotar o vilão Esqueleto, que agora está com o “poder da da espada”. E logo no primeiro episódio da segunda parte somos levados ao primeiro plot twist de tirar o fôlego (assista, o spoiler pode estragar a experiência). E no segundo episódionos é entregue uma versão do He-man bem mais brutal e irracional, algo parecido com o Hulk, mas na pele do He-man. E ali vemos a melhor luta da série toda, He-man VS Esqueleto, numa luta onde Esqueleto detém um poder mágico absurdo e He-man uma força bruta absurda. Os melhores momentos da série estão nessa luta. A ausencia do Esqueleto na primeira parte é compensada com uns 20 minutos de tela nesse episódio.
E os episódios que se seguem manté a “fase adulta” da animação, com problemas que não se resolvem e precedem uma lição de moral no final do episódio. E no terceiro episódio, há um destaque para Maligna, que protagoniza o maior plot dos dez episódios lançados, entre primeira e segunda parte – esse é um spoiler que ninguém merece receber, vale a experiência de assistir o ep.
Como se fosse uma novidade para alguém, os dois últimos episódios são marcados pelos heróis se organizando para deter os vilões e a batalha final (e que batalha!). Por alguns momentos, He-man e Esqueleto se juntam na batalha final, há drama, “morte” de personagens queridos, outros personagens voltando e um climax que envolve Teel, já “transformada” em Feiticeira, e Maligna.
Spoilers abaixo
Os problemas
Vamos aos problemas. Começando pelo primeiro plot: Adam se transformando sem a espada. Isso é quase uma blasfêmia para com a mitologia da animação clássica. A espada é tratada como um mero condutor do poder, não como O objeto de poder. A compensação é que a sequencia dessa transformação é fantástica, mas ainda é uma escolha ruim.
A transformação de Teela em Feiticeira é outra escolha ruim dentro do enredo. Quase como jogado no espectador, Teela se transforma em Feiticeira (a “original” morre na série) e, em pouco tempo, já é overpowered, sem nenhum desenvolvimento que justificasse tanto poder. Por outro lado, Maligna tem um arco, desde a primeira parte, que justifica tanto poder, sendo aceitável os eventos que a vilã protagoniza na segunda parte.
Mas vamos ao elefante na sala. Com 9 episódios tensos ou maduros, rompendo com as animações dos anos 80, onde tudo se resolvia no poder da amizade, Mestres do Universo encerra sua primeira temporada com um climax fantástico, mas com um desfecho gerado pelo poder da amizade. A escolha de juntar vários personagens em uma batalha final e colocar Esqueleto e He-man dividindo o campo de batalha e – aqui a coisa fica feia – He-man dando poder ao Esqueleto para que ele pudesse sentir como é salvar o mundo e lutar ao seu lado, foi o suprassumo das decisões ruins. E ainda temos a derrota do Esqueleto, que se volta conta o herói, e é jogado pelo ar como se fosse a Equipe Rocket d ePokémon (mano, que coisa mais tosca. Em 2021 e os caras fazendo isso?!).
Bônus de coisas ruins:
- Gorpo volta dos mortos poderoso e dominando seu poder;
- A batalha final lembra a batalha final de Avengers Ultimate;
- Esqueleto dá uma de Nietzsche e fala algo do tipo: se você olhar para o abismo por muito tempo, o abismo olha para você;
- Esqueleto sendo absorvido pela Placa-Mãe
E nem tudo é ruim, a mãe de Adam fala que pensou em voltar para a Terra, e mais à frente, Adam fala que seus pais são terraquéos, o que indica que todos os humanos em Eternia podem ser terráqueos, já que na animação clássica só a mãe de Adam é da Terra – isso é legal para teorizarmos.
Mestres do Universo: Salvando Eternia não é bom como He-man, mas como Mestres do Universo. A animação é excelente, mas o enredo peca várias vezes com decisões preciptadas para uma primeira temporada. E, para quem não viu a parte 1, assista tudo maratonando, talvez fique mais aceitável, já que o hiato não foi uma boa decisão.