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Crítica: Não Olhe Para Cima – ★★★★☆ (2021)

um elenco estrelado para falar de astronomia
(Reprodução)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

No dia 24 de dezembro a Netflix adicionou ao seu vasto catalogo de filmes a produção original Não Olhe para cima estrelada por Leonardo DiCaprio, Jennifer Lawrence e Maryl Streep.
O longa causou um certo furor aos que o assistiram devido o tema ser assustadoramente atual, ainda que todo o seu planejamento tenha sido feito em 2019 pelo diretor Adam McKay. O filme idealizado para ser uma crítica aos problemas causados pelas, cada vez mais visíveis, mudanças climáticas acabou tendo uma outra interpretação já que hoje enfrentamos uma pandemia e alguns governantes agiram exatamente igual aos personagens do longa no momento de controlar a crise cada vez mais evidente.

A estudante de astronomia e postulante a doutora da universidade de Michigan, Kate Dibiasky (Jennifer Lawrence), observava o espaço quando de repente encontra um meteoro ainda não catalogado, eufórica ela comunica ao seu professor e amigo Randall Mindy (DiCaprio) que, também em êxtase, decide comemorar com seus alunos. Em meio a comemoração ao calcular o trajeto do corpo celeste o clima que antes era de euforia torna-se de tensão ao perceber que o meteoro esta vindo em direção à Terra podendo causar a extinção de toda a vida em menos de seis meses.

(cuidado este ponto do texto pode conter alguns spoilers)

Como citei anteriormente Não Olhe para Cima é um filme pensado em 2019 para dialogar sobre a crise ambiental, o desmatamento e as mudanças climáticas mas para grande parte do público, ainda mais para nós brasileiros, poderia muito bem ser um filme sobre a Pandemia em que estamos atravessando e sobre o modo em que ela esta sendo conduzida.
E é exatamente nesse ponto em que o diretor acerta brilhantemente ao mostrar explicitamente o jogo de interesses das pessoas mais poderosas do mundo em busca de se manter como as pessoas mais poderosas do mundo, já que quem possui poder não se importa com o que acontecerá com os mais pobres desde que não se perca seus status. Nesse contexto destacamos alguns dos personagens centrais como a presidente Janie Orlean (Streep) e seu filho Jason Orlean (Jonah Hill), o “empresario” milionario Peter Isherwell (Mark Rylance) e os cientistas Randall Mindy, Kate Dibiasky e o Dr. Teddy Oglethorp (Rob Morgan). A trama desenvolvida por esse núcleo é, assustadoramente, similar ao que vemos atualmente com uma presidente que pensa apenas em sua reeleição e que tem seu filho completamente despreparado como assessor e gestor de suas redes sociais, um milionário que se apresenta como filantropo que diz acreditar na humanidade, mas que na verdade a explora o máximo possível e os cientistas que tentam alertar a humanidade sobre a catástrofe iminente, mas que sem um respaldo de renome mundial acabam por falar para a sua própria “bolha”, e quando eu falo de respaldo renome mundial entenda-se como algum milionário que queira abraçar a causa.
Além desse núcleo central temos também os dois âncoras de um programa matinal Jack Bremmer (Tyler Perry) e Brie Evantee (Cate Blanchett), nos moldes do Good Morning América o programa tem a missão de dar credibilidade a notícia e torna-las mais amena e não deixara a população em pânico.

Acredito que ao dar um foco um tanto quanto excessivo ao caso extra-conjugal entre Randall e Brie o filme torna-se um pouco cansativo, mesmo esse ponto sendo o que causa a ruptura entre o caráter dos personagens de DiCaprio e Lawrence, entretanto é aqui que temos o grande meme do filme e da vida real seja a surtada de Dibiasky durante o programa ou a comparação entre Randall e Atila Iamarino aqui no nosso país.

O diretor faz muito bem ao mostrar que temos cada vez menos tempo de salvar o planeta, estamos em uma contagem regressiva que por sorte demorará mais que seis meses, entretanto somo influenciados por políticos, empresas e mídias que nos tiram o foco do que de fato é importante.
O filme é divertido e nos faz questionar sobre os temas explicitamente abordados, entretanto temos um desfecho que poderia ser melhor finalizado, mesmo ela fazendo todo o sentido para o enredo mostrando o poder dos algorítimos (outra questão muito bem acertada).
É importante lembrar também que por se tratar de um tem que vai permear a nossa sociedade por muito tempo podemos afirmar que Não olhe para cima tem tudo para se manter atual durante várias décadas.

Sobre Anthony de Paula

Professor e Historiador, fã de Cavaleiros do Zodíaco, Pokémon, Fullmetal Alchemist e host do podcast Apenas um Papo

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