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Crítica: Arquivo 81 – ★★★★☆ (2022)

(Reprodução)

A Netflix não brinca em serviço e está sempre renovando seu catálogo nos mais diversos gêneros, entregando ora produções sofríveis, ora bons resultados, que conseguem atingir seu objetivo. Em Arquivo 81 vemos se concretizar um bom resultado para o gênero de terror/suspense no catálogo da plataforma. De início, já somos atraídos pela trama enigmática e intrigante que apesar de não ser inovadora, consegue prender a nossa atenção do início ao fim. Outro ponto extremamente importante de citar é o envolvimento de James Wan na produção, um dos grandes nomes do terror na atualidade.

Para que uma trama se torne imersiva, é sempre necessário uma atuação que nos convença daquilo que está sendo retratado na obra. Em Arquivo 81 vemos um belo acerto na escolha do elenco, que conseguiu se destacar de forma orgânica em diversos momentos da série, sabendo explorar cada cena ao máximo, criando um verdadeiro clima de tensão. Os personagens se destacam de forma geral, todos bem convincentes, desde o mais simples até os protagonistas. Mamoudou Athie, que interpretou Daniel Turner, estava incrível, o ator conseguiu passar todos os sentimentos necessário e nos envolver com seu personagem. A misteriosa personagem de Dina Shihabi, Melody Pendras, foi bem desenvolvida e atrai nossa atenção para os mistérios que circulam sua vida. As atuações de Evan Jonigkeit, Julia Chan, Ariana Neal, Matt McGorry, Martin Donovan, Charlie Hadson III, Kate Eastman e Eden Marryshow como Samuel Spare, Anabelle Cho, Jessica Lewis, Mark Higgins, Virgil Davenport, Steve Turner, Tamara Stefano e John Smith respectivamente, estavam excelentes, todos os personagens extremamente envolventes, criando um ambiente de terror/suspense ideal.

Para boas atuações funcinarem com personagens bem desenvolvidos a trama precisa amarrar todos os requisítos necessários para esse progresso, criando as doses necessárias de mistério para dar continuidade e diálogos que explicam os acontecimentos ao mesmo tempo que criam os próximos mistérios, e em Arquivo 81 isso também foi um acerto e tanto, mesmo que a trama não apresente nenhum elemento inovador. Na série acompanhamos Daniel que recebe um trabalho para restaurar fitas que estavam em um misterioso edifício incendiado anos atrás. No desenrolar do trabalho, Dan começa a ficar intrigado com o conteúdo das fitas e passa a ter estranhos sonhos envolvendo Melody Pendras, uma estudante de antropologia que estava fazendo um trabalho de entrevistas no edificio e também era dona das fitas que ele estava restaurando. A medida que vamos descobrindo mais informaçoes sobre o edificios mais ficamos intrigados com o que esta por vir. A trama nos apresenta uma estrutura de culto ocultista de forma brilhante, com elementos que lembram os textos de Lovecraft e sua premissa de terror pelo desconhecido,e a medida que se desenvolve nos impressiona cada vez mais. E para tornar tudo ainda mais intrigante, no final nos é entregue tanto a solução deste mistério como também muitos outros que surgem naquele instante, criando uma possibilidade clara para continuação.

A última produção em que James Wan esteve envolvido que assisti, o longa de teror Maligno, tinha sido o auge do que eu gostaria de ver em produções do gênero, com uma audaciosa vontade de inovar ao mesmo tempo que resgatava elementos nostáligos e os adaptava para um novo contexto. Em Maligno, Wan explora com perfeição não apenas os elementos narrativos e as atuações, mas principalmente o ambiente em que se passa toda a trama. Há diversos cortes incríveis que agregam no sentimento de tensão e constroem com maestria um clima de terror/suspense incrível. Em Arquivo 81 não foi diferente, toda a ambientação é composta de forma exemplar, com ótimos cortes, até mesmo quando resgata os elementos do gênero Found Footage, criando um clima extremante tenso e misterioso. Os elementos ocultistas utilizados para a construção do enredo foram muito bem selecionados, principalmente pela construção da principal peça da trama, a entidade Kaelego, tornando a sensação de surpresa ainda mais impactante.

Arquivo 81 é sem dúvida um deleite para os fãs de terror/suspense, digna de seu tempo. A série acerta em praticamente tudo, entregando um resultado impressioante, principalmente levando em conta as produções do gênero mais recentes da plataforma, que deixaram um pouco a desejar. Se você gosta de um bom mistério com um desfecho intrigante, essa série com certeza é para você. Uma continuação pode ser inevitável, mas resta aguardar como será a aceitação do público com o tempo. Arquivo 81 está disponível na Netflix e conta com 8 episódios de 55 minutos, aproximadamente.

Sobre Carlos Valim

Apaixonado por cultura pop. Aprendendo a escrever críticas menos emocionadas. Professor de História e fundador do GS.

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