Histórias lineares compartilham de uma mesma característica: a contiuidade. (Des)Encanto faz dessa característica um peso na sua existência, com uma quarta temporada sem sal e com aquele gostinho de “será que alguém ainda assiste isso?”
Matt Groening, criador dos Simpsons e Futurama, faz algo que não se repete nas suas outras obras, em (Des)Encanto existe uma história linear com poucas divagações na aventura. E que, de algum modo, tudo se une em algum momento. E isso parecia bom até a segunda temporada, nas temporadas três e quatro sentimos como já deu para a aventura de Bean, Elfo e Luci.
Mantendo o humor ácido, as piadas com mortes, os toques, sem sutileza, na religiosidade alheia e as autorreferências, a quarta temporada de (Des)Encanto, não decepciona quem espera algo parecido com as outras temporadas (sem considerar a história).
A qualidade da animação continua de alto padrão, os elementos 3D dos cenários não destoam dos personagens 2D. A movimentação dos pernsonagens e os elementos que surgem nos cenários, como magias, fogo e outros elementos movimentados, estão melhores que nas temporadas anteriores. Destaque para as cenas de magia e as cenas no inferno, que apresentam essa junção de efeito em 3D e animação em 2D. O trabalho de voz e a sonoplastia em geral não mudam muito, apenas percebemos que alguns personagens novos são vozes novas e só isso.
O problema, que supera a qualidade técnica, é a história, o destaque de Bean (a protagonista) ainda gira em torno da sua relação com sua mãe, algo que deveria ter sido superado em temporadas anteriores. A trama é besta e se resolveria em dois ou três episódios, alguns diálogos expositivos nos levam a lugar algum e não apresentam nada que valha a pena acompanhar.
O ponto alto de toda a história da nova temporada é Luci no Céu, que traz o humor dos Simpsons, com piadas com Deus e sobre o Céu e suas regras. Infelizmente, isso não sustenta a temporada e acompanhar o dramalhão no inferno com Bean é chato e preguiçoso.
(Des)Encanto está disponível na Netflix.