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Crítica: UFO – ★☆☆☆☆ (2022)

(Reprodução)

Um filme diferente de muitos que já vi, UFO chegou recentemente ao catálogo da Netflix e tem uma pegada de romance e drama. O filme é uma produção turca, o que torna a experiência de assisti-lo bem interessante. O filme é dirigido por Onur Bilgetay e o roteiro é assinado por Meryem Gültabak. Na trama conhecemos Deniz, uma jovem musicista que enfrenta problemas em sua casa com os contantes conflitos entre seus pais a beira do divórcio e que sente que sua mãe despeja sobre ela a tarefa de salvar o casamento. Com esse peso, a jovem anseia pelo dias em que alienígenas virão resgatá-la e levá-la para um lugar melhor. Mas sua vida muda quando conhece Ese, um motociclista obstinado a se tornar o campeão de corrida de motos. O filme tenta desenvolver, sem sucesso, o romance entre os dois, mas acaba por topar em diversos clichês enfadonhos, que apenas tornam o ritmo do filme chato e tedioso.

A história de amor dos dois não poderia ser mais recheada de clichês, Deniz é uma jovem rica, herdeira de uma grande fábrica de alimentos de sua família, enquanto Ese, é o típico jovem humilde que conquista a garota graças as suas atitudes e visual de bad boy. Esse conceito é muito comum em filmes de romance, mas aqui é porcamente evocado, como se desesperasse a criar uma tentativa série de aproximação dos dois jovens que nunca se realiza, o que nos joga para o drama barato que o filme tenta construir. O grande problema não é utilizar de clichês, pois até mesmo eles, quando bem trabalhados, conseguem entregar o resultado final agradável e envolvente. O que estraga o filme é a tentativa notória de dramatizar de forma forçada o romance entre os jovens, não permitindo que interagissem com naturalidade, tornando assim suas expressões ruins e sem muito apelo.

Isso sem mencionar o péssimo plano de fundo no qual o filme se desenvolve, corrida de moto clandestinas, fuga da polícia com motos que mais parecem lambretas, a pobreza da família de Ese que depende do dinheiro das corridas para realizar um casamento que é o tempo todo mencionado, mas que nunca descobrimos de fato do que se trata, todos os acontecimentos não conseguem encontrar um rumo, tornando a narrativa enfadonha e altamente tediosa, deixando muitas pontas soltas, que poderiam ter sido amarradas com extrema facilidade, sem grandes esforços.

As atuações também beiram os clichês básicos, forçando reações e ações, que parecem não casar com a proposta do longa. Deniz é vivida por Ipek Filiz Yazici, que até tenta esboçar sentimentos e expressões, mas fica com cara de paisagem o tempo todo, como se esperasse a cada fala o que o diretor iria lhe pedir para fazer em seguida. O bad boy Ese, interpretado por Mert Ramazan Demir, também decepciona com sua pose caricata de menino malvado mesclado com bom moço amigável e compreesivo, esse choque entre essas personalidades tornam o personagem altamente esdrúxulo e sem nenhum carisma, atuando sem nenhum tipo de emoção. Os amigos e familiares do casal também não ganham destaque em nenhum momento, todos entram na linha do medíocre, com péssimas atuações, um tanto quanto robóticas. Em nenhum momento o filme consegue criar um sentimento de conexão com os personagens, tudo parece altamente descartável e artificial.

A tentativa de fazer parecer que o romance dos dois é inviável, jogando cenas altamente forçadas para construir esse drama entre o casal, são completamente descartáveis e sem nenhum tipo de consistência, a ideia que passa é que o roteiro foi criado de forma aleatória, sem pensar em uma continuidade. Os dois poderiam facilmente ficarem juntos, mas graças a tentativa frustrada do roteiro de dramatizar a relação, a sensação que ficamos no final é: não me importa mais.

Como eu disse, utulizar clichês não é algo negativo, longe disso, o problema é não saber desenvolvê-los de forma agradável para criar um vínculo entre o espectador e os personagens, fazendo com que fiquemos na torcida para o melhor acontecer. Mas, nem tudo foi horrivel no longa, se de um lado temos uma história mal contada com personagens sem nenhum carisma, de outro temos belas paisagens e uma fotografia que tenta construir uma visão bela e intimista, usando cenas com bons cortes e ótimas localizações, que até criam um ar romântico, mas que é frustrado pelo romance decadente e robótico dos protagonistas. Visualmente o filme agrada por nos dar uma amostra de paisagens maravilhosas e imersivas da região, mas isso não é suficiente.

UFO é um filme mal executado, que tinha em mãos tudo que era necessário para ser um bom filme, mas que foi desperdiçado, talvez pela inexperiência do roteirista e do diretor, que não conseguiram fazer com que as cenas fluissem de forma natural. As atuações também não agradam e tornam tudo ainda mais enfadonho. Se você aprecia filmes de romance e drama, fuja deste, pois vai se entediar e perder um tempo que poderia ser gasto com outra produção mais envolvente. UFO está disponível na Netflix e possui 1h50 de duração, que parecem não acabar nunca.

Sobre Carlos Valim

Apaixonado por cultura pop. Aprendendo a escrever críticas menos emocionadas. Professor de História e fundador do GS.

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