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Crítica: Espiral – O Legado de Jogos Mortais ★☆☆☆☆ (2021)

O mais recente capítulo da franquia Jogos Mortais, Espiral – O Legado de Jogos Mortais (2021), é mais um entre tantos (nove? dez?) capítulos desnecessários e enfadonhos de uma franquia que teve um início fenomenal mas rapidamente já não tinha mais nada a oferecer. Okay, eu confesso que minha curiosidade mórbida de ver armadilhas sanguinolentas foi o primeiro motivo que me levou a assistir ao novo filme. O segundo e último motivo foi entender como Chris Rock foi parar nesse universo. 

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O trailer e o marketing do filme me fizeram pensar que se tratava de um spin-off, assim como o título que é diferente dos capítulos anteriores e menciona um “legado”. Estranho, mas não regra, que um spin-off seja lançado tão pouco tempo depois do último capítulo de uma franquia. Penso que os spin-off são uma forma de expandir o universo da obra, repescando personagens ou histórias de fundo que merecem um foco maior. Mas arrisco dizer que nada na franquia de Jogos Mortais mereça algum foco nessa altura do campeonato e esse novo filme é apenas forçação de barra que não deixou a franquia morta-viva descansar em paz. 

No longa, Zeke, interpretado curiosamente pelo humorista Chris Rock, é um policial tão pilhado que parece que vai bater na sombra a qualquer momento. Zeke vive às voltas com dramas de sua vida pessoal – dramas sem peso nenhum que parecem estar ali apenas para criar uma áurea de tensão e seriedade no personagem. Ao mesmo passo, o roteiro parece sempre dar oportunidade para nosso conhecido bem humorado Chris Rock dar às caras e soltar uma piada infame sobre seus problemas. A escolha do ator para o papel é desastrosa, simplesmente não casou e eu acredito que todo mundo odiou o Chris nesse filme (desculpe, não resisti).

Zeke vive na sombra de seu pai, um aposentado chefe de departamento policial  interpretado, de novo curiosamente, por Samuel L Jackson (sério… como Rock e Jackson vieram parar num filme tão ”fim de carreira”?). Quando um seguidor de Jig Saw começa a assassinar os policiais daquele departamento usando os mesmos modus operandi, Zeke decide tomar o caso a qualquer custo acompanhado de seu parceiro William. Acontece que o departamento é formado pelos piores policiais possíveis, corruptos, assassinos, mercenários, denunciando desde cedo as motivações do novo seguidor de Jig Saw. 

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O filme não produz tensão, às vezes parece mais uma paródia de Se7en – Os Sete Crimes Capitais, por ser o mais investigativo da franquia, claramente inspirado, beirando o plagio do clássico. Como já citado, a carga dramática de Zeke é muito fraca e nem mesmo esse personagem principal nos evoca alguma empatia. O novo assassino mata de formas análogas aos crimes de suas vítimas, assim como Jig Saw original. Mas, tenha dó, as analogias são do nível dos poeminhas que acompanham as imagens de Bom Dia que você recebe de seus parentes distantes no “Zap”. Um exemplo: “Você sempre acobertou seus crimes, agora será coberta de cera quente”. Fala sério…

Nenhuma novidade no progresso da investigação, os policiais vão recebendo pedaços dos corpos das vítimas com gravações contendo as próximas pistas. Um clichê bem batido. As tensões habitam apenas nos jump scares forçados e previsíveis. Nem mesmo as armadilhas mortais são tão desesperadoras quanto nos capítulos anteriores (aqui percebe-se que já era o motivo principal de eu ver o filme). Existe uma armadilha que atira cacos de vidro na vítima através de um pequeno vão em formato de cilindro e ninguém pensou em tampar ele com qualquer  coisa, uma camisa, por exemplo. Acredito que o roteiro tenha dosado a mão no torture porn, o que contribuiu para deixar o filme abaixo dos outros em sua característica principal.

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Um plot twist sem graça existe no final, mas também é previsível. Foi possível perceber que não se arriscaram demais colocando Samuel L Jackson em certo papel, que bem que eu gostaria de ver. Mas ver um ator desse calibre num filme tão forçado e espremido de fim de franquia já foi estranho demais pra mim. As cenas mais emocionantes foram quando esse homem surgia soltando seus típicos palavrões. E o encerramento é preguiçoso demais, deixa um gancho que eu duvido ter deixado alguém curioso.

Na minha opinião, o primeiro capítulo da franquia, dirigido por James Wan, segue sendo um excelente thriller de suspense policial que nenhum outro capítulo conseguiu alcançar. A franquia, por sua vez, deveria ter descansado em paz após seu terceiro capítulo (mais uma vez, opinião pessoal). Mas creio que todos podemos concordar que Espiral – O Legado de Jogos Mortais é o capítulo mais irrelevante e desnecessário de todos. Enquanto são lançados mais filmes do universo, vejo a média apenas caindo e no fim de tudo, até que este se presta sim a ser um legado medíocre de uma franquia enfadonha.

Sobre Emerson Dutra

Um psicólogo que tem o mundo nerd como seu guarda roupa para atravessar para uma Nárnia que é mais divertida, interessante e justa que nossa realidade compartilhada.

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