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Crítica: Pam & Tommy ★★★★☆ (2022)

(Reprodução)

Trazendo a tona uma história real, mas com as devidas liberdades criativas, sobre o relacionamento de Pamela Anderson e Tommy Lee, a nova série da Star+ conquista o público pelo seu ritmo agradável e pelo seu bom humor ao contar essa história traumática. A história se baseia no enscandalo envolvendo o casal e uma fita de sexo que foi roubada e divulgada pela internet. A divulgação dessa fita causa uma série turbulência na vida do casal, principalmente na de Pamela, que tem de lidar com todo o machismo envolvendo o caso, sendo brutalmente rechaçada por querer processar o uso indevido das imagens da fita.

Embora a série se mantenha em um ritmo de humor, ela consegue transpor bem o peso de uma situação como essa e do impacto que isso pode ter na vida pessoal de uma pessoa. Essa sensação fica ainda mais evidente pelo trabalho impecável da atriz Lily James, que entrega uma interpretação memorável da icônica atriz de Hollywood.

O modo como a trama se desenvolve tem um ritmo bem agradável. Nos primeiros episódios temos um clima mais bem humorado, com acontecimetnos que se aproximam de uma comédia. Conhecemos um Tommy Lee surtado, que pisa nas pessoas e as trata de maneira depreciativas, não se importando nem um pouco com as consequências de seus atos. O problema começa quando Tommy manda embora Rand Gauthier sem nenhum motivo aparente, e o pior, resolve não pagá-lo pelos serviços extremamente caros que o contratou para fazer. Tal ação gera um sentimento raivoso em Rand que passa a tramar um plano para se vingar de Tommy. Pamela neste começo da série, é focada em seu trabalho em SOS Malibu, mesmo tendo de enfrentar diversas barreiras, ela está sempre firme.

O problema de fato começa quando Rand aplica seu golpe de vingança e rouba um cofre na casa de Pamela e Tommy, que continha uma fita com gravações pessoais do casal, incluindo relações íntimas. E o que não parece que poderia piorar, acaba acontecendo, Rand decide levar a fita até um antigo conhecido que trabalha no ramo da pornografia, e os dois decidem disponibilizar a fita, reproduzindo diversas cópias, com a intenção de se vingar dos maus tratos que recebeu de Tommy ao ser demitido. O interessante a partir daqui são as informaçõs que nos são apresentadas na série, construindo um contexto dos anos 90 muito imersivo. Com as idas de Rand até os estúdios pornográficos, podemos perceber melhor como funcionava esse ramo obscuro do cinema e o mais interessante, o começo da internet, que foi muito bem explorado , apresentando elementos muito fiéis e que hoje em dia já não fazem nenhum sentido. A forma como a série recria esse contexto é brilhante, um acerto e tanto.

Outro ponto muito forte para a série são as ótimas atuações, que tornam o ritmo da história extremamente agradável, com personagens carismáticos, que vão sendo revelados aos poucos para o espectador. A atriz Lily James, que interpreta Pamela Anderson, está impecável, entregando uma atuação muito profunda e bem trabalhada. Suas reações são muito bem encaixadas nas cenas, e é possível perceber a decadência psicológica de Pamela ao longo dos episódios, conforme a repercussão da fita começa a prejudicar sua carreira e principalmente sua vida pessoal. Os momentos em que Pamela tem de lidar com o machismo, suas reações são incríveis, a atriz soube se sair de forma brilhante nessas partes, entregando uma interpretação muito séria e decidida. Sebastian Stan, que vive o personagem Tommy Lee, também entrega uma ótima atuação, fazendo um personagem completamente maluco no início, mas que aos poucos se mostra um cara apaixonado que faz de tudo pelo amor de sua vida. A série cria uma visão de Tommy que difere um pouco dos relatos reais sobre ele, passando uma imagem de um cara que sempre esteve ao lado de Pamela, apoiando e ajudando ela a passar pelos momentos. Na série Tommy faz esse papel de bom moço, até o momento final, em que tudo desanda e não há mais meios para voltar atrás. O carismático Seth Rogen, que vive o humilhado e depois mais humilhado ainda Rand Gauthier, faz muito bem o seu papel, com um personagem que no começo criamos certa afinidade pelos motivos que são apresentados, mas que ao longo dos episódios, consegue ter apenas nosso repúdio. Na questão dos personagens, esse é outro ponto interessante, as coisas nem sempre são o que parecem, e isso torna a narrativa muito fluída e agradável. No começo podemos gostar de um personagem ou outro, mas conforme a série caminha, vão acontecendo tantas coisas que nos faz mudar de ideia.

Visualmente a série é muito bem produzida, com cenas muito marcantes e até mesmo divertidas. Há vários momentos de interações entre os personagens que acabam se tornando engraçados ou até mesmo impactantes. O modo como as cenas são conduzidas fazem a série brilhar ainda mais, com bons enquadramentos e sequências muito bem pensadas, que contribuem para criar um clima de acordo com a emoção que a trama quer nos fazer sentir. Uma cena que sem dúvida é o ápice do absurdo cômico da série, é quando Tommy Lee conversa com seu pênis sobre os seus sentimentos a respeito de Pamela, cena absurdamente bem elaborada graficamente, em que a estranheza inicial dela se transforma em algo hilário a medida que o diálogo entre os dois avança. Com certeza Sebastian Stan riu muito para gravar esse momento. Já uma cena que não carrega um ar tão cômico assim, mas ao contrário, um clima pesado e denso, é quando pamela e Tommy decidem processar a Penthouse para que não publiquem fotos dos vídeos vazados, uma sequência bem forte que graças a interpretação impecável de Lily, que deixa transparecer a tensão de sofrer um abuso mesmo quando se está com a razão. A série consegue mudar de clima com muita facilidade, indo da comédia para o drama sem grandes dificuldades ou entraves no roteiro ou nos personagens, o que é um acerto e tanto.

Mas como sabemos, se trata de uma obra ficcional, que não retrata a verdade de forma fiel e exata. Os criadores tomam diversas liberdades criativas para poder contar essa história dentro de um prisma cinematográfico, deixando de lado certos elementos reais, e acrescentando outros mais fictícios, em prol de uma boa estrutura de série. A produção até apresenta algumas informações sobre os acontecimentos no final do último episódio, mas, além disso, não há mais nenhuma referência de que a história aconteceu da forma como é vista na série. Mas de forma geral, como uma produção de comédia que transita para o drama, a série funciona bem e consegue entreter o espectador, com personagens carismáticos, que acabamos por nos importar com o que acontecerá com eles.

Pam & Tommy é uma ótima série para se divertir e também para se aprender sobre diversos elemetnos que compõe a nossa sociedade, como o machismo e a dificuldade que as mulheres passam no mundo cinematográfico. Além também de resgatar várias referências importantes dos anos 90, como o início da internet, contribuindo para a riqueza do contexto da trama. Mas se atente ao fato de que a série não reflete a verdade, mas apenas uma versão mais cômico daquilo que de fato aconteceu, já que a produção não foi aprovada por Pamela Anderson. Se você procura um conteúdo diferencial para se entreter, essa série pode ser uma ótima dica. Pam & Tommy está disponível na Star+ e possui 8 episódios, que variam de 30 a 50 minutos.

Sobre Carlos Valim

Apaixonado por cultura pop. Aprendendo a escrever críticas menos emocionadas. Professor de História e fundador do GS.

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