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Crítica: After Yang ★★★★★ (2022)

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Em After Yang, um androide chamado Yang (Justin H. Min), ao qual cuida da filha da família, simplesmente parar de funcionar. Vemos Jake (Colin Farrell) tentar arranjar alguma forma de consertar, o que o leva a descobrir uma particularidade de Yang. Yang é de uma tiragem de androides que não é produzida mais por reter alguns segundos de memória. O filme de Kogonada explora a ficção científica e seus temas são retrabalhados à exaustão para contar um drama familiar e pessoal de forma intimista e filosófica.

Kogonada é um diretor com apelo visual e estético muito forte, mas não menos importante são os diálogos. Kogonada desde o inicio cria uma família que aparenta distante e fria, as relações em After Yang lembram de início os filmes Lanthimos, como Dente Canino ou O Sacrifício do Cervo Sagrado, não à toa deve ter sido a escolha de Farell para o papel, sendo que já trabalhou com Lanthimos, e aqui ele traz a mesma personas que fazia com Lanthimos, um homem distante e que aparenta ter um vazio emocional.

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Porém Kogonada é um diretor bem mais afetuoso com seus personagens, é o mundo distópico que eles vivem que parece reprimir suas emoções. Mika e Yang são personagens que têm um carinho muito grande um pelo outro, sendo ambos asiáticos, sendo a própria família de diferentes etnias. A ideia de que um androide possa ter uma identidade é um tema tão importante quanto a ideia de que androides possam ter ou não consciência, em uma das cenas ouvimos de uma personagem que Yang não se preocupava se ele era consciente ou não, mas sim se ele era de fato asiático.

After Yang é um filme que aborda não só a identidade, morte e luto, clonagem, baixa natalidade, imigração, etc… são outros temas que se amontoam, sendo que alguns nunca sequer são citados, mas narrativas visuais são tão narrativas quanto o que é dito, pois a imagem aqui se expressa. Um exemplo é quando vemos as casas a distâncias, como se fossem colônias, e em uma cena interna vemos Jake e Kyra (Jodie Turner-Smith) em seus quartos, do lado de uma luminária que lembra um favo de mel.

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A direção de Kogonada inclusive lembra muito de um diretor clássico em muitos momentos, Yasujiro Ozu. Planos que centralizam, que expõem mais de cômodo da casa em um único plano, planos gerais mostrando a rotina familiar. Kogonada leva isso pra edição também, sua inspiração em Ozu é grande, mas também existem alguns momentos que remetem a Malick, com uma câmera poética. Kogonada cria com paixão, mas muito além de uma paixão que poderia soar infantil e boba, ele tem amadurecimento e sabe muito bem o que quer transmitir e contar.

A contribuição da fotografia de Benjamin Loeb é outro fator importante, sua transformação dos ambientes que cercam os personagens somente com a fotografia é quase mágica, como se o ambiente tivesse vida. A casa é o ambiente que mais sofre alterações, seja pela iluminação, pelas cores junto da direção de arte, enquadramentos, mas outros cenários também tem uma identidade extremamente única e peculiar, conseguindo passar do visual mais lúdico até o mais asséptico e futurista.

After Yang é um filme que por si só é estrangeiro na sua identidade, Kogonada debate temas de ficção científica sem abraçar necessariamente a ficção na totalidade, mas sem nunca a abandonar, como fonte de grande inspiração, trazendo seus debates desde Ghost in the Shell e Eu, Robô para temas muito mais próximos da nossa realidade. After Yang é uma obra prima que merece atenção, tanto por sua temática, qualidade e principalmente pelo amor envolvido no projeto.

Sobre Matheus Henrique

Amante do cinema, jogos e literatura, buscando estudar e aprender sobre o que ama e assim trilhar o caminho de crítico. Escrevo algumas coisas no Letterboxd e Instagram de vez em nunca. Letterboxd: https://letterboxd.com/Matatheusx/

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