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Crítica: Caranguejo Negro ★★★☆☆ (2022)

(Reprodução)

Em um contexto atual de guerra, nada mais apropriado do que um filme pós-apocalíptico com esse tema de plano de fundo. O filme sueco, Caranguejo Negro, tem a guerra como tema central, um mundo devastado por mudanças climáticas e confrontos entre os sobreviventes, vivendo em um estado de constante guerra. No longa, seguimos com um esquadrão designado para uma missão de alta importância: acabar com a guerra. Para isso eles terão que carregar uma importante carga por uma extensa camada de gelo que cobre o mar, a fim de entregar em uma base aliada. A premissa do filme é clichê e pode ser encontrada em diversas produções.

Trabalhar com clichês carrega sempre esse peso de saber como utilizá-los da maneira devida, sem esgotar as suas já esgotadas características. Nesta produção, o diretor Adam Berg faz escolhas confiáveis, optando por explorar apenas aquilo que já está estabelecido como fatores essenciais para que o resultado seja positivo, abrindo mão de qualquer inovação. Ainda assim, há certas escolhas que ao menos desconstroem as fórmulas já estabelecidas.

Imaginar um mundo pós-apocalíptico nos dias atuais parece uma tarefa fácil, dado aos constantes contextos de conflitos humanos que vivemos, como também nas diversas produções da ficção que fazem nossa imaginação ir longe. Visando essa sensação de facilidade, o filme Caranguejo Negro navega com tranquilidade nos mares do óbvio. A trama do filme é muito pouco, para não dizer nada, explorada ao longo do desenvolvimento. As informações que recebemos são fragmentadas e, se juntá-las, continuam sem um sentido que importe. A guerra não é explorada, pouco sabemos o que está acontecendo, assim como todo o resto. Nossa atenção então recai sobre a protagonista, que possui um certo tipo de motivação diante de toda aquela situação, impulsionada pelas lembranças de sua filha e pelo desejo de reencontrá-la um dia.

Ao longo da trama, vamos conhecendo um pouco dos personagens, ou melhor, de suas falas bem características em filme com uma guerra como contexto. O roteiro abusa dos clichês de personagens, que servem mais para que haja texto para ser lido e o filme não se apoie completamente na ação. A forma como o filme é conduzida no início é bem rápida e intrigante, porém, as coisas desandam mais próximo do final, quando a história começa a ganhar forma graças ao descobrimento do conteúdo da importante carga que deveriam entregar. Essa descoberta coloca o time para se comunicar e apresentar uma certa reflexão diante do problema. É tudo bem clichê, com frases de efeito que não agregam muito a trama. A sequência final é lenta e foram tomadas algumas escolhas muito duvidosas na forma de as conduzir, mas nada que atrapalhe, só poderia ter encerrado sem tanta demora.

A personagem de Noomi Rapace (Onde Está Segunda?) é o grande destaque de atuação no longa, entregando uma boa representação de uma mãe obstinada a encontrar sua filha, não se importando com mais nada em seu caminho. A personagem tem uma introdução bem intrigante, já ganhando nossa atenção pela forma como lida com as situações. A atriz já tem certa experiêcia, o que contribui para que seu personagem seja construído de forma menos clichê. O restante do elenco são como bonecos, falando o que se deve falar e fazendo o que se deve fazer, sendo composto por Aliette Opheim, Ardalan Esmaili e Jakob Oftebro.

A criação do filme recai sobre Pelle Rådström, que escolhe apostar apenas nas decisões mais certeiras, usando e abusando dos clichês para manter a trama firme, mesmo ficando arrastada nas últimas partes, ainda assim é um bom filme. As cenas de ação foram bem dirigidas, mostrando um pouco do talento emergente de Adam Berg (Tales From The Loop), que soube fazer as escolhas certas para manter a atenção do espectador. A parte visual também agrada, entregando boas ambientações, assim como os efeitos especiais, que estão na medida certa, mesmo na cena que há um confronto na floresta e os tiros pareciam blasters de Star Wars.

Caranguejo Negro é um bom filme, com a dose certa de ação, bem conduzida pelo diretor, mas que se perde quando resolve desenvolver de fato a trama. O filme comente uns erros, mas também faz boas escolhas, conseguindo se manter, mesmo abusando dos clichês para construir seus personagens e história. Ainda assim, se você gosta de uma diversão sem compromisso, é uma ótima pedida para encerrar o dia. Caranguejo Negro está disponível na Netflix, com 1h52 de duração.

Sobre Carlos Valim

Apaixonado por cultura pop. Aprendendo a escrever críticas menos emocionadas. Professor de História e fundador do GS.

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