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Crítica: Águas Profundas ★★☆☆☆ (2022)

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Adrian Lyne volta após vinte anos sem dirigir filmes com Águas Profundas, um thriller erótico, o que poderia ter caído como uma luva, já que seus filmes carregam sempre uma carga erótica junta de muita tensão, mas aqui o que se tem é um filme bagunçado e sem propósito. Estrelado pelo ex-casal Ana de Armas e Ben Affleck, a história é sobre Vic Van Allen, uma espécie de gênio aposentado, e sua esposa Melinda, ao qual tem inúmeros casos com outros rapazes ao qual aparentemente ele permite.

Desde o inicio do filme Vic demonstra que é muito menos cordial comparado ao que ele demonstra para os outros sobre os casos de Melinda, essa primeira meia hora inclusive é a melhor parte do filme, o filme sugere muitas possibilidades tanto na relação de ambos quanto às atitudes de Vic, mas nada nos é revelado. Existe uma frieza na relação de ambos e um afastamento, ambos parecem querer coisas diferentes e a partir dessa diferença cresce a tensão entre o casal.

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A grande problemática é como a estrutura do filme funciona, de início um filme sobre a relação conturbada tanto emocionalmente quanto sexualmente do casal, se revela um filme sobre assassinatos, sendo disfuncional e morno, parece estar ali como a sobra de um outro filme, porém é a culpa do próprio Adrien em tentar trabalhar um lado mais obscuro que aqui nunca parece ter controle. Esses momentos pesam tanto ao filme que quebram o ritmo e o filme vai se perdendo, em algum momento quando ele tenta unir todas as tramas, parece não haver mais uma estrutura e somente cenas sem muita relevância.

Existe claramente também uma piscadela para Garota Exemplar, filme de David Fincher, ao qual o próprio Ben Affleck atual como marido de Amy, a protagonista. A semelhança está na trama, mas também existe uma proposta temática que nunca é alcançada. Relacionamento aberto, infidelidade, família tradicional americana e até uma abordagem sobre a relações étnicas dos personagens parecem querer existir, mas o filme parece simplesmente esquecer e vai para rotas tortuosas.

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O erotismo é outro ponto falho, as cenas nunca são sexys, é algo tão sem graça que mesmo com Ana de Armas e Ben Affleck, duas figuras que muitas pessoas acham sensuais, o filme nunca é ousado. Nas poucas cenas que temos, elas são breves e sem sensualidade ou ousadia, parece que o próprio Adrian, conhecido pela sensualidade de seus filmes, acabou desgastado por todo esse tempo sem filmar.

Tirando Ana de Armas, parece que todos atores estão deslocados, principalmente pelos secundários, que parecem ter saído de uma comédia pastelona, uma escolha estranha de atuação, uma vez que deveria ser das suspeitas deles que deveríamos desconfiar das atitudes dos personagens, e não servir como alívio cômico. Isso acarreta também em uma dissonância na própria atmosfera proposta pelo filme, principalmente em um filme não tem nuance ou delicadeza nenhuma, mas que ingenuamente acredita estar sendo mais inteligente e cínico que o público, sendo que o próprio público já conseguiu entender toda história e proposta que ele pretende nos contar antes mesmo dele acabar.

Águas Profundas nada no raso, talvez fosse melhor pra ele se ele tivesse essa consciência, nenhum filme precisa de profundidade e simbolismos para se tornar grandes, mas existem tantos excessos em tela que quando você tenta ter tudo, tendo um diretor que parece não se comunicar com o próprio filme, você na realidade não alcança nada, somente um cinismo vazio, indelicado e repetitivo nas quase duas horas de duração do filme.


Sobre Matheus Henrique

Amante do cinema, jogos e literatura, buscando estudar e aprender sobre o que ama e assim trilhar o caminho de crítico. Escrevo algumas coisas no Letterboxd e Instagram de vez em nunca. Letterboxd: https://letterboxd.com/Matatheusx/

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