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Crítica: Roda do Destino ★★★★☆ (2022)

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Ryusuke Hamaguchi já é um dos diretores indicados ao Oscar de melhor filme e melhor filme estrangeiro por seu Drive My Car, o que é mais surpreendente é que no ano em que ele lançou um dos filmes favoritos por filme estrangeiro, é que ele lance também Roda do Destino, um filme com três histórias sobre mulheres e seus relacionamentos.

Roda do Destino funciona como se fossem médias metragens, porém seus temas se conectam e em cada um deles é atuado por três atores diferentes. Ryusuke aborda essas histórias de forma simples, quase sempre se passando em um ou dois lugares cada história e quase sempre em ambientes fechados, além de evitar planos complexos, sempre se utilizando de planos abertos ou closes, se utilizando de uma abordagem mais intimista em cada tragédia que ele conta.

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As três histórias são simples, a primeira é sobre a melhor amiga de uma garota que começa a sair com o ex dela, só que a amiga não tem conhecimento do relacionamento e muito menos que os dois ainda se amam, a segunda é sobre uma mulher casada que tem um caso extraconjugal com um colega de faculdade, onde eles combinam de dar um golpe em um professor e a terceira é sobre uma mulher lésbica que tenta reencontrar a sua ex-namorada do colegial, ao qual acaba conhecendo uma mulher muito parecida, onde ambas acabam contando sua vida e relacionamentos passados.

Hamaguchi  nessas três histórias busca explorar as relações amorosas e afetivas de cada personagem, mas sempre se utilizando do tempo, como se cada relação deixasse cicatrizes e questionamentos abertos e sem nunca se chegar a uma resposta. Seu filme quer abordar o pós relacionamento e como cada um daqueles personagens carregam um peso emocional refletido daquilo tudo que passou, mesmo ainda tentando seguir em frente, e Hamaguchi evita qualquer tipo de moralismo com aquelas pessoas, como se cada um soubesse o peso de suas próprias atitudes.

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Todas as atuações são excelentes, de tão excelentes é impossível se apontar quais atores se destacam. Cada personagem, mesmo os secundários, acabam se revelando complexos, suas reais emoções se revelam nas suas impulsividades, ou nos pequenos atos que nunca são consumados. Hamaguchi consegue trabalhar com todos os personagens e atores tão bem graças a essa estrutura de pequenas histórias fechadas, e é tão bom que sentimos falta de cada personagem assim que eles saem de tela.

Todo o filme é pensado num toque minimalista, num toque extremamente calculado, mas ao mesmo tempo extremamente cheio de emoção. Muito se deve a fotografia de Yukiko Lioka, trabalhando para que cada iluminação seja sóbria, ao mesmo tempo que a equipe de som consegue trazer uma qualidade sonora digna de um filme do Kiyoshi Kurosawa, ao qual foi professor de cinema de Hamaguchi na faculdade.

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Roda do Destino é um filme que surpreende pelo seu conteúdo e pela sua qualidade impecável, provavelmente poderia ter sido uma das apostas do próprio Japão para filme internacional se não fosse pelo Drive My Car, o que só mostra que mesmo que mesmo com poucos filmes, Hamaguchi tem potencial para ser um dos grandes diretores de seu tempo.

Sobre Matheus Henrique

Amante do cinema, jogos e literatura, buscando estudar e aprender sobre o que ama e assim trilhar o caminho de crítico. Escrevo algumas coisas no Letterboxd e Instagram de vez em nunca. Letterboxd: https://letterboxd.com/Matatheusx/

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