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Crítica: Morbius ★★★☆☆ (2022)

(Reprodução)

O novo longa da Sony, em parceria com a Marvel, traz o personagem Morbius para as telonas, inserindo-o no vasto universo cinematográfico de super-heróis já existente, tendo sido recebido de forma negativa pelos críticos e também pelo público. As avaliações do filme nos veículos especializados não tem sido boa, chegando a ser até constrangedora. Mas será que é para tanto? A premissa de Morbius não é complexa, muito pelo contrário, tudo acontece de forma simples e sem grandes consequências. Na trama acompanhamos o doutor Michael Morbius em sua busca por uma cura para uma rara doença no sangue, que atinge diversas pessoas. A fim de atingir seu objetivo, Michael está pronto para entregar o que for necessário.

A construção do personagem é bem sólida, introduzindo bem sua vida e suas motivações, sem se esticar demais com longas explicações, mas também sem aquela superficialidade típica que vemos em algumas tramas, como em Venom. Por sinal, comparar Morbius com Venom é um bom jeito de entendermos como o filme consegue utilizar os recursos já manjados pelo público, e ainda assim entregar um bom resultado.

A trama do longa é desenvolvida de forma veloz, conduzindo os acontecimentos de forma bem dinâmica e pontual. Houve muitas críticas quanto a maneira que a história se desenvolve no filme, apontando que é desconexa, sem entusiasmos e motivação, o que eu discordo veementemente. Achei que os elementos inicias foram bem postos nas cenas, criando uma conexão boa o suficiente para manter a trama sólida, sem se despedaçar com momentos inconstantes. Se compararmos Morbius com Venom, é possível ver que no segundo há muito mais trechos desconexos e totalmente fúteis, visando apenas entregar alívios cômicos para manter o público interessado.

A história de Morbius se desenvolve de forma consistente, mantendo um ritmo agradável que me prendeu do começo ao fim. As cenas que apresentam a infância de Michael, onde conhecemos mais sobre o personagem e também sobre o antagonista do filme, são bem desenvolvidas e não deixam a desejar no quesito de construir uma base. Conforme o filme avança para o êxito do experimento de Michael, a dinâmica muda para um estado mais urgente, onde seria necessário enfrentar o grande problema da trama. Há bons momentos no longa, trechos conduzidos de forma simples e leve, que garantem uma boa diversão. A transformação de Michael em um certo tipo de vampiro é interessante e distante das tradicionais versões que vemos das criaturas no cinema.

A atuação de Jared Leto (Liga da Justiça de Zack Snyder) como Michael Morbius é o ponto mais criticado pelo público e pela mídia especializada, comentando que o personagem não tem razão de ser e que sua existência é sem sentido e desconexa com o universo do Homem-Aranha que a Sony está construíndo. Pois bem, eu acredito que mais uma vez Leto esteja sofrendo com o ódio incontrolável dos fãs, que já pegam no pé do ator desde sua duvidosa interpretação do Coringa em Esquadrão Suicída, mas que se redimiu no Snyder Cut. O ator tem bons momentos como Morbius, obviamente que não entrega uma atuação digna de Oscar, mas sinceramente falando, que ator de filmes de super-heróis entrega isso? A atuação de Leto está consistente e bem encaixada na trama do filme, ao menos é o que eu percebi em tela, e conseguiu me cativar com seu jeito de interpretar bem característico.

As atuações, de forma geral, estão boas para o filme, se completando bem e tornando o elenco algo bem coeso. O antagonista de Morbius, Loxias Crown, é interpretado por Matt Smith (Doctor Who) que também tem um jeito bem singular de dar vida aos seus personagens que é bem agradável. O personagem de Smith talvez seja um ponto negativo, de certa forma, pois acontecem coisas com ele que não são bem explicadas, mas que se tornam compreensíveis pela dinâmica da trama. A colega de Morbius, doutora Martine Bancroft é vivida por Adria Arjona (Esquadrão 6), uma personagem interessante e com boas cenas ao lado de Leto, tornando o casal bem bacana e cativante. Há um acontecimento que envolve a personagem de Adria que não irei revelar para não estragar sua experiência, mas que aguardo que haja uma continuidade. Jared Harris (Chernobyl) interpreta Emil Nikos, que ajudou Michael e Loxias desde o início com a doença dos dois. O personagem serve como um gatilho para os acontecimentos finais do filme. Há também uma dupla de policias que investigam as mortes que foram sendo deixadas ao longo do filme, caçando o responsável a fim de impedi-lo. A dupla funciona como um bom alívio cômico e nada mais.

Visualmente Morbius é um deleite, como o esperado, devido a verba que é investida em filmes de super-heróis, que dependem meio que 100% dos efeitos gráficos para elaborar sua trama. As cenas de combate dirigidas por Daniel Espinosa são intensas e agradáveis, com bons movimentos de luta e ótimos efeitos técnicos para capturar as cenas. Em alguns momentos é possível perceber certa influência do estilo do visionário diretor Zack Snyder nas cenas, o que deixa tudo ainda mais envolvente. A forma como é utilizado o “slow motion” e principalmente os efeitos de “fumaça” que ficam ao redor dos personagem transformados é bem realizado e visualmente satisfatórios, tornando as cenas de ação muito boas, principalmente se compararmos com as cenas de ação em Venom, que são bem menos interessantes e dinâmicas que as de Morbius. Obviamente que os efeitos visuais não iriam decepcionar, dado o histórico dos estúdios envolvidos.

Morbius é um filme que está sendo injustiçado tanto pela crítica especializada como pelo público, que já está perdido em meio a tantos fan services que são ofertados constantemente e que não conseguem apreciar algo sem esperar que haja dezenas de referências a diversas eventos de quadrinhos que a maioria nunca nem leu. Eu como fã, amo fan service, mas não preciso que haja esse elemento em tudo que assisto, de forma incontrolável. Claramente Morbius não é uma obra prima impecável, mas é um ótimo divertimento, capaz de entreter quem busca apenas ver um personagem interessante em tela. A atuação de Leto também está sendo rechaçada de forma errônea, pois o ator consegue entregar uma boa atuação e um personagem bem divertido. Mas como as críticas são sempre subjetivas, é necessário que você veja e tire suas próprias conclusões do longa. Se você curte um bom entretenimento, sem esperar um espetáculo como os fãs da Marvel anseiam o tempo todo, vai se divertir tranquilamente com o longa.

Morbius está em exibições nos cinemas.

Sobre Carlos Valim

Apaixonado por cultura pop. Aprendendo a escrever críticas menos emocionadas. Professor de História e fundador do GS.

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