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Crítica: Bem-Vindos ao Éden – 1ª Temporada ★★☆☆☆ (2022)

(Reprodução)

Bem-Vindos ao Éden abre o mês de maio na Netflix com uma trama que envolve uma seita misteriosa, conflitos da juventude e até mesmo contatos extra-terrenos. A série é de origem europeia e se une a diversas produções que alcançaram grande sucesso com o público, como Lupin, Dark e La Casa de Papel. Na trama, um grupo de jovens, ativos da rede social, recebem um convite para uma festa misteriosa em uma ilha paradisíaca de uma empresa de energéticos. Mas nem tudo é exatamente como parece, e coisas estranhas começam a acontecer.

Tudo poderia ser mais interessante se a série soubesse como construir o mistério que criou. Há vários problemas na forma como o roteiro conduziu a história que fizeram perder um pouco do suspense. As atuações também não foram favorecidas pelo roteiro, que entregou diálogos fracos e sem nenhum apelo. Mas ainda com os tropeços, há o mistério principal, que pode te prender até o fim desse desastre.

A trama é conduzida de uma forma minimamente duvidosa. Logo nos primeiros minutos do episódio inicial, já nos é revelado uma informação importante sobre a trama, que envolve diretamente os interesses por trás desse aconteciimento. E é aqui que a série se perde. Ao invés de revelar de uma vez esse “grupo” de pessoas que controlam a ilha, teria sido mais eficaz desenvolver ao longo da série o mistério sobre esse grupo, e ir revelando aos poucos. Porém, ao optar por revelar logo de início essa informação, a série teve de se desdobrar em relações entre jovens da forma mais clichê possível. Nenhum diálogo é relevante, até mesmo quando se está tentando desenvolver a trama, parece que tudo que havia para se dizer, já havia sido dito no início.

Mas, nem tudo são espinhos, há também um mistério que nos é revelado no último instante da série, esse tem um potencial interessante de desenvolvimento e poderia ter sido melhor aproveitado. Como uma introdução, a série não funcionou bem, teve problemas para manter o interesse na trama e principalmente, não soube utilizar os mistérios ao seu favor, mas consegue ser razoável no geral.

O problema de um roteiro que não consegue entregar uma boa trama, é que dificilmente irá entregar bons personagens. e com isso, as atuações também deixam a desejar. Em Bem-Vindos ao Éden as atuações estão ruins unicamente pela forma como o roteiro foi escrito. As falas são enfadonhas e totalmente clichês, daqueles mais descarados possíveis. Os diálogos não conseguem prender nossa atenção, quem dirá nos fazer criar simpatia com os personagens. Mas os atores são bons e até se esforçam para entregar um bom resultado. Um ou outro personagem até que consegue ser carismático, mas no geral o maior problemas são os diálogos. Com um roteiro fraco, é natural que as atuações fiquem totalmente caricatas e forçadas.

Visualmente a série é deslumbrante. Uma ilha paradisíaca com uma paisagem magnífica que impressionaria qualquer um. Há diversas sequências que exploram bem as paisagens. A direção de Daniel Benmayor e Menna Fité é certeira na forma de conduzir as cenas, principamente em uma sequência de luta que acontece na série que ficou bem impressionante. É possível que o orçamento tenha sido direcionado mais para a estrutura física da série, que claramente exigiu uma despesa maior. Com isso, o roteiro de Joaquín Górriz e Guillermo López, que não só escreveram o roteiro, mas também criaram a série, acabou ficando fora do foco. Mas, há esperança para a segunda temporada, que deixou em aberto uma possibilidade bem interessante para a trama, que se sugerida desde o início, poderia ter sido mais bem aproveitada.

Bem-Vindos ao Éden é uma produção que peca de forma rude no roteiro, que conduziu uma história fraca e desinteressante, não sabendo aproveitar os mistérios que tentou elaborar. O problema do roteiro acaba por ofuscar as atuações, que não entregam personagem minimamente carismáticos em sua maioria, fora os diálogos clichês e repetitivos que acontecem. A direção acerta em muito pontos, e entrega boas sequências, mas não é capaz de salvar a série de seus problemas. Há produções com essa mesma premissa que podem ser mais interessantes de se assistir do que essa.

Sobre Carlos Valim

Apaixonado por cultura pop. Aprendendo a escrever críticas menos emocionadas. Professor de História e fundador do GS.

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