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Crítica: Raízes Macabras ★★★☆☆ (2020)

(Reprodução)

Em um contexto em que há uma boa quantidade de filmes de exorcismo através da persectiva cristã da realidade, Raízes Macabras vai na contra-mão e nos traz uma versão mexicana do famoso ritual. O filme, embora seja simples, nos traz essa versão diferenciada do exorcismo, utilizando de elementos de uma cultura antiga de “brujas”. A história do filme é simples, mas sua execução é acertada e nos mantém presos aos acontecimentos do início ao fim. Há bons momentos de tensão e dá pra levar bons sustos, que é o que se espera desse gênero.

Raízes Macabras é um convite a olhar esse ritual já bem conhecido do público sob uma nova perspectiva, que resgata elementos culturais que fizeram parte da história do México, mergulhando até suas raízes Maia. Mesmo soando um pouco confuso em alguns momentos, o filme consegue se manter em uma boa linha do aceitável, tornando a experiência bem interessante.

A história do filme é mais simples do que poderia parecer, porém, a forma como é desenvolvida conseguiu prender minha atenção. Já começamos o filme conhecendo a protagonista acorrentada em um quarto misterioso, enquanto um homem fica passando uma espécia de incenso no local. Isso já é um motivo para ficarmos com uma sensação de que perdemos algum momento importante da trama. Após um tempo, entra no quarto uma velha senhora mexicana, também conhecida como “la bruja”. A protagonista segue sem entender o que se passa, o que aumenta seu desespero, até que sua prima surge e diz que a bruja acredita que um demônio antigo se apossou do corpo dela, e que era preciso fazer um ritual de exorcismo para a livrar dele.

A partir daí o filme caminha por sequências muito densas de exorcismo que são bem intrigantes. A história vai seguindo explorando mais do passado da personagem, a fazendo resgatar memórias sobre sua infância e de coisas que aconteceram com ela. Na medida que as memórias vão surgindo, o demônio vai ficando cada vez mais forte também. O ritual começa a tomar uma proporção intensa até o seu desfecho sinistro.

Os personagens do longa são poucos, devido ao contexto mais fechado que a produção tomou, mas isso não é um demérito, na verdade foi um acerto muito bom. Apostar em uma menor quantidade de personagens em tela funcionou muito bem para o desenvolvimento do filme, o que permitiu focar totalmente no ritual de exorcismo.

A personagem de Brigitte Kali Canales é Cristina, uma jornalista que foi para o local em busca de uma matéria, mas acaba sendo possuida por um antigo espírito do mal. A prima de Cristina, Miranda, é interpretada por Andrea Cortés. O homem que ajuda a bruja é Javi, vivido por Sal Lopez. Enquanto a velha “la bruja” Luz, é interpretada por Julia Vera. As atuações do longa são bem convincentes e conseguem criar uma boa atmosfera de terror.

Na parte visual temos o que se pode esperar de um filme do gênero, ótimas sequências de terror sinistras, com direitos a cenas bem macabras. Os efeitos usados para criação do demônio são bons, aumentando ainda mais o clima de tensão. O diretor Christopher Alender faz bons uso dos recursos que tinha em mãos para criar um ambiente bem sinistro e sombrio, além de ser incrivelmente bizarro. Mesmo o filme se passando em apenas um lugar, isso foi muito bem aproveitado pela direção, que soube fazer parecer que cada cena estava se passando de maneira completamente diferente.

Raízes Macabras é um filme simples, mas que acerta na forma de fazer e entrega um resultado surpreendente. Com uma história que aposta em uma versão muito mais interessante do que o batido ritual de exorcismo cristão, a trama usa os elementos de forma inteligende e nos prende do começo ao fim. As atuações são bem imersivas e contribuem para tornar o clima de terror ainda mais acentuado. Na parte técnica os recursos foram muito bem utilizados e constroem com maestria o clima perfeito para um terror recheado de momentos sinistros e macabros. O filme é uma boa pedida para quem curte levar uns sustos.

Raízes Macabras está disponível na Netflix.

https://www.youtube.com/watch?v=aeHKMCBvfzE

Sobre Carlos Valim

Apaixonado por cultura pop. Aprendendo a escrever críticas menos emocionadas. Professor de História e fundador do GS.

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