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Crítica: Agulha no Palheiro Temporal ★☆☆☆☆ (2021)

(Reprodução)

Mesclando romance com uma trama a lá ficção-científica, Agulha no Palheiro Temporal se esforça para construír uma trama interessante e desenvolver personagens humanos e sentimentais, porém, tudo que consegue é tornar enfadonho e cansativo um filme que possui como contexto a descoberta da viagem no tempo. Para estragar algo tão divertido do gênero sci-fi, precisa se esforçar muito. Justamente esse elemento da viagem temporal foi o que atraiu meu interesse pelo longa.

O filme torna patético o conceito de viagem no tempo, entretanto, ele também se esforça para construir uma narrativa sobre relacionamentos conturbados, que por um lado chega a dar certo. Há toda uma obsessão em manter as memórias intactas graças a ondas temporais que surgem a todo instante e podem mudar em algum ponto a vida das pessoas. Essa premissa é boa, porém foi muito mal aproveitada com um romance sem graça e completamente forçado.

Em um contexto como esse, onde a viagem temporal não só foi descoberta, como é possível desembolsar uma quantia de dinheiro para voltar em momentos da história e revivê-los, há diversos tipos de trama que poderiam sustentar um romance com muita tranquilidade. Mas a aposta do roteiro foi em personagens obcecados e inseguros, completamente presos em uma trama rasa que nunca se aprofunda. Na história, Nick vive ao lado de Janine, mas suspeita que o ex marido dela, Tommy, esteja usando sua fortuna para voltar no tempo e alterar a separação dos dois. Após uma onda temporal atingir Nick, ele volta em um contexto totalmente diferente e começa a explorá-lo para descobrir o que aconteceu.

A ideia do roteiro de elaborar uma trama sobre perda e mescla-la com viagem temporal é até que interessate, porém tudo é muito mal utilizado, a começar pela forma arrastada como a história caminha. Há vários diálogos que não acrescentam em nada para a trama, e ficam dando voltas em coisas óbvias. A viagem temporal em si é um elemento extremamente impactante, mas que no filme foi usado por um rico perturbado para separar um casal. Por mais que as razões sejam questionáveis, havia pontencial de serem trabalhadas de forma mais interessante e tornar o longa menos cansativo.

As atuações do filme também são um ponto bem questionável da produção. Leslie Odom Jr. está com uma cara de paisagem sem fim, parece que ele não entendeu o roteiro do filme e ninguém explicou pra ele (nem pra nós). O personagem de Odom, Nick, fica o tempo todo se revirando em caras e bocas que nunca dão em nada. um personagem extremamente chato e batido. Por outro lado temos Orlando Bloom, que foi desperdiçado neste filme, vivendo o personagem Tommy, o rico perturbado. Mas ao menos a atuação de Bloom não deixa a desejar. Já a Janine, o desejo amoroso de ambor, Nick e Tommy, é vivida pela Cynthia Erivo. A personagem é sem graça e totalmente caricata. E o pior é que tentam construí-la de forma que pareça um personagem profundo, mas é tudo em vão.

As atuações do longa são razoáveis ao extremo, deixando um saldo bem mais negativo. O maior problema das atuações é a falta de sentido do roteiro, que parece ter sido elaborado de forma muito amadoresca, deixando vários pontos desperços e sem nenhum tipo de conexão.

O roteiro do filme é assinado por John Ridley, assim como a direção, ou seja, é o diretor realizando a sua visão de seu filme. Com isso podemos indagar que a visão de Ridley não foi tão interessante quanto ele achou que seria, ao menos para mim. O filme perturbadoramente longo e desgastante, com vários momentos em que a sensação que domina é a de que nada faz sentido. Os cortes e o visual do filme são muito belos, com cenários interessantes e bem produzidos. O problema maior dessa produção é seu roteiro infeliz.

Agulha no Palheiro Temporal é exatamente o que o nome indica, uma perda total de tempo, assim como procurar agulha em um palheiro. A história do filme é sem sentido, mesclando viagem no tempo com um romance sem graça e forçado. As atuações não conseguem convencer graças ao texto mal pensado. Visualmente o filme é capaz de encantar, mas só isso não é capaz de salvá-lo de si mesmo. Esse longa é completamente dispensável e enfadonho, se você preza o tempo de sua vida, prefira usá-lo de outra forma do que para ver esse filme.

Agulha no Palheiro Temporal está disponível na Amazon Prime Vídeo.

Sobre Carlos Valim

Apaixonado por cultura pop. Aprendendo a escrever críticas menos emocionadas. Professor de História e fundador do GS.

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