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Análise: Control – ★★★★★ (2019)

Control/reprodução

Que o estúdio Remedy Enterteinment mistura os gêneros de ação em terceira pessoa (third person shooters) e sobrenatural/paranormal não é novidade para aqueles que jogaram seus famosos títulos Quantum Break e Alan Wake. E o jogador que já conhece esses títulos e iniciar a jornada de Jesse Faden em Control, entenderá como a Remedy evoluiu suas melhores características para entregar sua obra-prima. 

Em Control, você encontrará apresentação, jogabilidade e narrativa elevados a um alto padrão, e enfatizo que a busca pelo padrão elevado é tão extrema que as principais (e poucas) falhas do jogo acabam sendo produtos da complexidade que o próprio estúdio ousou buscar, como pontas da narrativa que permanecem sem explicação, mapas tão grandes que são complexos de se situar em, e algumas rápidas travadas na renderização entre um ambiente e outro, embora nada disso comprometa a proposta do game, que entrega uma obra muito interessante e imersiva desde o primeiro momento.

Control é um jogo de ação em terceira pessoa com mecânicas variadas, como voo, teletransporte e telecinese, habilidades que o jogador adquire durante a gameplay. Seu enredo se desenrola no edifício sede da Federal Bureau of Control (FBC) em Nova Iorque, órgão esse responsável pelo controle e manutenção de eventos/fenômenos paranormais. Jesse Faden é a diretora do Bureau e sua missão é retomar o controle do edifício, purificando áreas que estão sob o controle inimigo até que todo o edifício esteja livre do Ruído, uma entidade paranormal de origem desconhecida e que toma o controle mental e físico dos funcionários do Bureau, além de investigar o paradeiro de seu irmão, motivação pessoal da heroína na jornada.

Control/reprodução

Durante toda a aventura, as intenções e origens dessa entidade (O Ruído) são um mistério, e parte da experiência de obter tais respostas são alcançadas através de documentos, vídeos e gravações de experimentos científicos encontrados no mapa, mas que são de alto sigilo, sendo que muitas são censuradas ou cortadas, fazendo com que tenhamos que ligar os pontos para saber mais detalhes. 

A temática paranormal aqui é trabalhada em múltiplas frentes: física, psicologia, tecnologia, biologia, etc. Todas essas frentes ajudam a expandir a temática abordada, mas, como já citado, acabam deixando a narrativa muito complexa e atrapalhando no entendimento geral do enredo. Antes de criticar apenas de que a narrativa poderia ser mais simples e enxuta, prefiro elogiar o fato de que em vários momentos e missões do game, essas “frentes” dão cabo de sustentar um capítulo ou missão de forma interessante e individual. Mais um elogio cabe a como o jogo dá roupagens tecnológicas a fenômenos paranormais, fazendo com que fiquem concretos aos nossos olhos e palpáveis aos projéteis de Jesse.

Control/reprodução

O jogo quebra a quarta parede quando Jesse compartilha sua desorientação conosco, mas não entendemos de primeira se ela está falando conosco ou com alguma versão alternativa de si que porventura possa estar fazendo alguma conexão psíquica com ela. Isso não é spoiler, pois na primeira cutscene já somos apresentados à esta e a outras  infinitas possibilidades de existências alternativas e paranormais, como figuras que existem mas permanecem ocultas atrás de um pôster visível e palpável numa parede. De qualquer forma, em vários momentos do game, somos solicitados a fazer conexões psíquicas com personagens da trama que sabem de informações privilegiadas e que precisam ser obtidas. Para isso, o game precisa dar vida e forma a planos paranormais, o que acontece de forma bastante factível, com o uso de cores negativas, formas fractais imersivas, vozes de origens desconhecidas e objetos de poder arquetípicos, quase vivos.

O audiovisual do game é impecável, uma vez que, com suas mecânicas de ação dinâmicas, você pode interagir com qualquer objeto do cenário, podendo arremessar em seus inimigos desde vasos de flores até mesmo pedaços de parede e outros corpos de inimigos já derrotados. Além disso, a cada vez que você purifica um ambiente, a apresentação e movimento das paredes voltando a sua forma natural é incrível (de alguma forma me fez lembrar dos prédios se dobrando no filme Doutor Estranho). Além disso, destaco a ótima dinâmica que o simples elemento de a arma ser recarregada sozinha proporciona, oferecendo intervalos para atacar os inimigos com seus poderes ou arremessar objetos com seu poder telecinético. Infelizmente, a apresentação do mapa em camadas (andares) é difícil de entender, o que faz com que tenha que ficar subindo e descendo e passando repetidas vezes pelos mesmos lugares até achar seu objetivo.

Control/reprodução

Em suma, Control te põe na pele de alguém que deve buscar respostas científicas e institucionais para inimigos e acontecimentos alheios à nossa realidade, mas que introduzem também suas regras ao nosso plano material. Muito do que existe aqui, só pode ser entendido à nível simbólico, linguagem muito apropriada quando o próprio assunto é o paranormal e muitos outros elementos que habitam além de nosso horizonte consciente palpável. Sua curva de dificuldade permite que faça o melhor uso de cada habilidade possível e deixa as lutas mais justas, embora desafiantes. Uma experiência de ação imersiva, narrativa ampla e carregada e um visual que ajuda a  dar forma ao inimaginável. Se tiver a oportunidade, não deixe de experimentar Control!

Sobre Emerson Dutra

Um psicólogo que tem o mundo nerd como seu guarda roupa para atravessar para uma Nárnia que é mais divertida, interessante e justa que nossa realidade compartilhada.

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