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Análise: Cris Tales – ★★★★☆ (2021)

(Reprodução)

Cris Tales é um RPG produzido pelas desenvolvedoras Dreams Uncorporated e Syck, publicado pela Modus Games, lançado no dia 20 de julho, e contou com um lançamento simultâneo direto no Game Pass. O game tenta criar uma atmosfera de saudosismo, flertando com mecânicas que os jogadores de RPG, principalmente os JRPGs, irão reconhecer, e também apostando em uma roupagem moderna ao mesmo tempo que singela. A chegada do game, entre outros do gênero RPG, no Game Pass, marca a intenção sinalizada da Microsoft em trazer conteúdos para agradar o público nipônico.

O game conta a história de Crisbell, uma menina órfã que mora no orfanato Narim. Enquanto ela colhia rosas para a Madre Superiora, ela é surpreendida por Matias, uma rã falante, a quem ela segue até a Catedral de Narim, onde descobre que possui poderes. Após os acontecimentos, Matias pede a Crisbell que o acompanhe para visitar seu amigo Willhelm, um mago do tempo, que poderia explicar mais sobre seus poderes. Mais tarde, Crisbell encontra a fazenda da vila em chamas, sendo invadida pelos goblins da Imperatriz, cujo objetivo é destruir o Reino de Crystallis. Para evitar um futuro desastroso, Crisbell retorna a Willhelm para pedir ajuda, e ele conta a ela sobre a Espada. Crisbell está determinado a usar os poderes da Espada, tornando-se uma guerreira. Após empunhar a espada, ela retorna à fazenda para lutar contra os goblins. Durante a batalha, Cristopher, um guerreiro que tem lutado contra os goblins, se junta a ela. Depois de algumas batalhas, eles são confrontados pelas Irmãs do Vulcão. Crisbell deve usar o poder dos cristais para ajudar a derrotá-las e impedir a Imperatriz de concluir seu plano.

A história não traz nenhum conceito inovador, mas consegue fazer um bom uso das mecânicas narrativas, criando trechos de ação, humor e tristeza satisfatórios. Como maga do tempo, Crisbelle é capaz de vislumbrar passado e futuro, e até mesmo usar sua magia para influenciar o cenário, tanto em campo, como nas batalhas. Aliado a narrativa, as viagens no tempo trazem pequena escolhas que devemos realizar que mudam as condições in-game, e embora isso seja muito singelo, é bem realizado, trazendo momentos interessantes em que as escolhas são vitais. Esse fator das escolhas está aliado as conquistas do game, criando um fato replay para aqueles que apreciam elevar seu gamerscore.

Quanto a jogabilidade, as mecânicas funcionam bem e conseguem transmitir uma experiência interessante, ao mesmo tempo que nostálgica. Em campo, graças aos poderes de Crisbelle, estamos sempre em contato com as três linhas temporais, passado, presente e futuro, retratados em uma bela moldura na tela. Um triângulo separa as linhas temporais de forma intrigante, no meio, vemos Crisbelle se movendo e interagindo no presente, à esquerda, fora do triângulo, temos o passado e a direita o futuro. Nessas duas linhas do tempo podemos contemplar e aprender mais sobre o cenário que estamos passando, nos permitindo o deslumbre daquele local em sua totalidade temporal, algo que para mim ficou muito atrativo, criando uma sensação agradável de imersão com o game. Além desse vislumbrar das linhas temporais além do presente, também podemos interagir com elas. E essa interação acontece por meio de Matias, que altera sua idade conforme transita entre passado e futuro, algo singelo, mas que deu um charme para a mecânica. Com ajuda de Matias podemos interagir com o cenário em linhas temporais diferentes para aprendermos mais sobre ele, descobrir tesouros e também plantar sementes mágicas. Já as batalhas resgatam a principal mecânica de jogos de RPG, que acabaram que por consagrar o gênero: as batalhas por turnos. Para os novatos e entusiastas do dinamismo, entediante, para outros, que apreciam a leitura e a formação de estratégias, um desafio emocionante. A mecânica de turnos em Cris Tales é somada o poder de manipular o tempo e também o bônus de ataque e defesa que podem ser obtidos ao pressionar o botão no momento preciso. A manipulação no tempo nas batalhas é interessante, Crisbelle pode mover os inimigos da esquerda para o passado e os da direita para o futuro, causando efeitos específicos em cada linha temporal que podem contribuir para alcançar a vitória, principalmente nas lutas mais difíceis. Logo nas primeiras horas do jogos enfrentamos um robô, e ao ativarmos a magia temporal, podemos atacá-lo em dois momentos, no passado, em que sua estrutura ainda estava em construção, portanto é mais frágil, e no futuro, em que já está corroído e enferrujado, o que também nos beneficia. Quanto a segunda mecânica de pressionar o botão de forma certeira, me resgatou instantaneamente a mecânica de Super Mario RPG de Super Nintendo, o que tornou cada batalha mais nostálgica que a outra, principalmente quando a dificuldade vai aumentando e temos que aprender os movimentos dos novos inimigos que surgem. Além da nostalgia, essa mecânica também torna as batalha menos tediosas, dando um pouco mais “coisas para fazer” para o jogador além de apenas selecionar comando e assisitr os bonecos lutarem.

A parte gráfica de Cris Tales é um colírio para os olhos. O mundo é construído de maneira tão bela que consegue transmitir uma sensação boa enquanto exploramos o mundo do game. O design dos personagens e cenários traz um estilo cartunesco de altíssima qualidade, um trabalho espetacular dos criadores. E além de uma imaginação incrível para as artes, as criações também possuem um referêncial real, como a Catedral em que Crisbelle descobre seus poderes, que é baseada no famoso Santuário de Nuestra Señora de Las Lajas, um local de culto e peregrinação da Colômbia que existe desde o século XVIII. O visual também pode te remeter à Paper Mario, para os que conhecem.

Cris Tales é uma pérola dos RPGs atuais. Uma experiência interessante e imersiva o suficiente para te entreter em suas 20 horas de duração aproximada. Uma narrativa envolvente, mecânicas interessantes e saudosas, aliados à bela arte do game, é o que você, fã de RPG, possa estar buscando. E para você, novato nesse gênero, uma boa oportunidade de conhecer e se divertir com um game interessante e com certo dinamismo. Se você joga no Xbox e possui o Game Pass, pode ser uma ótima pedida.

Sobre Carlos Valim

Apaixonado por cultura pop. Aprendendo a escrever críticas menos emocionadas. Professor de História e fundador do GS.

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