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Artigo: Carnaval, o filme que eu não consigo falar mal

Trailer de “Carnaval” mostra o Brasil de antes da pandemia - Pipoca Moderna
divulgação

Hoje, dia 2 de junho, eu me comprometi à assistir Carnaval, o novo filme brasileiro da Netflix. E fiz. Dediquei algumas horas do meu dia e peguei meu caderninho de anotações. Pretendia fazer uma critica, algo mais pontual e não tão pessoal. E essa era a intenção até assistir os primeiros 15 minutos. E esse foi o tempo suficiente para eu desistir da crítica e fazer apontamentos mais intimistas.

Sem deixar o lado técnico de lado, Carnaval é um filme drama/aventura adolescente, com Giovana Cordeiro, GKay, Bruna Inocêncio, Flavia Pavanelli e Micael Borges, com cenas bem elaboradas e construídas. O filme deveria sair em 2020, mas, a pandemia atrasou um pouco as filmagens. Não duvido que alcançará o top 10 em pouco tempo, a produção é bem construída para isso – e é aqui que eu mudo o tom.

Logo de cara o filme apresenta alguns personagens de jovens clichês, temos uma blogueirinha, uma geek, uma esotérica e uma que só quer beijar na boca (não consigo pensar em um clichê para ela que não soe preconceituoso). E nos quase 90 minutos esses personagens forçam e reforçam os clichês escritos para eles, com uma enorme ênfase nas redes sociais (algo que não é maçante no filme, é até natural os diálogos sobre redes sociais). E eu, com meus 30 anos, me peguei vendo meus filmes adolescentes, os personagens eram os clichês da época, e eu adorava, algo que o filme evoca e reproduz bem, uma jovem geek vai se identificar com a personagem obsessiva pela cultura geek, ou a jovem esotérica, pela personagem esotérica e, principalmente, as blogueirinhas vão se identificar com a personagem Nina (Giovana Cordeiro). 

E se você tem mais de vinte anos, provavelmente, vai odiar o filme. Se você é do tipo “cinema nacional não presta”, vai odiar. Se você diz que cinema nacional é Bacurau, também vai odiar. Carnaval é um filme teen e se esforça para ser isso e nada mais. No decorrer da trama, as personagens se aventuram em romances, amizades e futuro e se veem em encruzilhadas onde devem decidir entre serem verdadeiras com aquilo que gostam ou serem falsas com as pessoas verdadeiras, ou alguma coisa assim – alguma coisa entre escolher a verdade e perder tudo e escolher a falsidade e conquistar o mundo. E se você já foi adolescente, você já vivenciou um momento assim (talvez não em Salvador com tudo pago em pleno carnaval, como é o caso delas).

E o filme é sobre ser jovem em 2021 e os estereótipos forçados, criados para cada personagem, atendem à todos os jovens de hoje em dia e, mesmo com seus furos de roteiro, funciona. A única coisa que não funciona é a estrutura do filme. Até os primeiros 50 minutos sentimos que o filme é uma esquete ou um vídeo de Youtube, depois disso ele ganha um formato mais sólido e consistente. Se fosse dividido em mini episódios de 20 minutos, funcionaria melhor, tornaria a narrativa algo mais coeso e digerível (considere essa colocação sendo feita por quem não consome conteúdo teen no Youtube, o que não deve ser  caso do público alvo do filme).

No fim, mesmo com os erros técnicos, Carnaval não é um filme ruim, só não é um filme para todo mundo, assim como o Clube dos 5 (1985), ou American Pie (a999), ou Superbad – é hoje (2007), ou Projeto X (2012) foram em suas épocas, filmes para adolescentes e jovens – e nada mais. Obviamente, Carnaval, não almeja ser um desses citados, mas é um filme voltado para o adolescente de hoje, assim como os filmes citados foram. E se você, leitor ou leitora, tem um adolescente em sua casa, Carnaval é uma ótima maneira de entender um pouco como é ser adolescente em 2021. Mas fica o aviso que o filme pode causar sensação de “eu estou muito velho” ou “na minha época era diferente”.

Carnaval é mais uma aposta da Netflix visando os jovens e estreou no dia 2 de junho. Confira o trailer:

Sobre Dan Claudino

Professor de História, aspirante a podcaster e escritor. Viciado em cultura cyberpunk e jogos de ação.

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