Nessa semana foram divulgadas algumas imagens do set e dos bastidores da série das Meninas Superpoderosas, você pode conferir aqui, e a reação do público foi de completa rejeição, principalmente por causa das Meninas já serem moças e ainda vestirem as roupas clássicas, os vestidos coloridos.
E o público que puxou o coro para a reclamação é o povo na faixa dos 30 ou quase 30, àqueles que ainda estão no marasmo do saudosismo das manhãs do SBT (canal onde o desenho foi transmitido no Brasil) e do Cartoon Network. Viajando entre as redes sociais e buscando um argumento sólido sobre a crítica à série, podemos resumir em “não destruam minha infância”, “para que tá feio”, “vai floppar” e “série feita para lacrar” – como podemos ver são argumentos muito bem construídos [ironia].
Em nenhum momento dessa minha busca eu encontrei alguém atacando, ou defendendo, o roteiro da série. Que se você não conhece, vamos a um resumo: na série as meninas já estão na casa dos 20 anos, elas já superaram a fase de salvar Townsville, mas um mal maior vai força-las a se reunirem novamente. E no meio desse evento, as meninas estarão passando por mudanças de comportamento e vencendo o trauma de terem dedicadas suas infâncias à salvarem a cidade. E o que se sabe é que as 3 mocinhas lidam com o fardo de serem as Meninas Superpoderosa na infância e agora buscam uma vida “normal”, com todos os conflitos internos que um jovem tem (e alguns que só as meninas tem, afinal elas não são jovens normais). E só pelo pouco que sabemos da série, já podemos afirmar que a série não é para você que busca uma adaptação live action da animação clássica. A série não busca ser essa série que homenageia os fãs que querem preservar suas infâncias, mas, ela vem com o propósito de superar a infância – e isso vale tanto para as personagens da série, quanto para os espectadores.
Assim como as séries: O mundo sombrio de Sabrina (2018- 2020), Riverdale (2017- atualmente) e Fate: a saga Winx (2021- atualmente) que são séries que adaptaram personagens infantis para uma roupagem mais jovem e maduros, As Meninas Superpoderosas, aparentemente, busca o mesmo, adaptar as crianças da animação de 1998 para uma roupagem nova e moderna, com problemas que são relevantes hoje – então não adianta falar que elas querem “lacrar”.
Um outro ponto: a série não será uma adaptação fiel do desenho, pois isso a tornaria uma série infantil, como Henry Danger (Nickelodeon, 2014), que é uma série voltada ao público infanto-juvenil; uma adaptação fiel de As Meninas Superpoderosas criaria uma espécie de Henry Danger, com piadas infantis e subtramas feitos para os mais novos (e se fizerem isso, os do grupo “não matem minha infância” reclamariam por ser infantil demais), com momentos pastelões e piadas flatulentas.
Então se você, jovem adulto, que não entendeu a proposta da série das Meninas Superpoderosas, esta é a premissa da série: uma série feita para o pós-salvadoras de Townsville e não uma homenagem aos fãs ou uma carta de amor aos pequeninos dos anos 90-2000. Faça como a série, supere a infância junto as Meninas Superpoderosas. Eis o último ponto, a série é uma “sequel” dos acontecimentos do desenho, com tramas próprias e, provavelmente, muitas referências aos episódios clássicos.
P.s.: Sobre a roupa das garotas, é muito provável que aquilo seja uma referência ao clássico, um momento que deverá ser posto em questão dentro da série, já que elas estão em busca de não serem mais as meninas superpoderosas. Então, muito provável, que elas não vistam aquilo a série toda.