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Crítica: A Filha Perdida – ★★★★☆ (2021)

A Filha Perdida é o primeiro longa dirigido e escrito por Maggie Gyllenhaal, conhecida por atuar em filmes como Batman do Nolan e Donnie Darko. Em A Filha Perdida, acompanhamos Leda (Olivia Colman, Jessie Buckley), uma mulher de 48 anos que está em férias e busca sossego, porém ao conhecer a jovem Nina (Dakota Johnson), memórias do passado voltam para confrontá-la 

Maternidade é o principal tema abordado aqui, porém diferente do que costumamos ver, histórias sobre mães lutando pra dar uma vida melhor para suas filhas ou suportando grandes perdas em nome da maternidade, Maggie contextualiza uma história sobre uma mãe que não suporta a maternidade, é uma história intimista sobre as dores maternas de uma mulher sem que também a faça uma mártir em suas dores. Leda é tanto alguém que amou suas filhas como também alguém que nunca quis o papel que lhe foi designado.

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O filme alterna entre flashbacks, onde Jessie Buckley interpreta uma Leda mais jovem, que busca crescer em sua carreira acadêmica e ser independente, ao mesmo tempo em que ela é sufocada pela maternidade enquanto seu marido trabalha fora. Toda responsabilidade na casa e familiar cai em seus ombros, tendo que cuidar dos afazeres domésticos enquanto tenta conciliar os estudos. Maggie mostra que enquanto mulheres têm que abnegar-se de seus interesses pessoais pela família, homens continuam tendo suas vidas e sonhos mantidos pelo suporte da família e sociedade.

Porém ao contrário de filmes que romantizam a maternidade, aqui vemos uma personagem extremamente frustrada, suas atitudes podem não ser consideradas moralmente corretas, mas são essas mesmas atitudes que milhões de homens tomam diariamente e ainda são perdoados. A história de Leda não é de sacrifício pela família, mas do sacrifício da família pela vida que lhe foi tirada, história essa que facilmente poderia vilanizar a personagem, mas é nela que vemos toda a humanidade e entendemos melhor o que Leda teve que reprimir para poder continuar em frente.

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Nina tem um papel tão importante quanto Leda, mesmo que ela seja uma personagem mais distante, é na empatia de Leda pela situação de Nina que conseguimos entender as suas dores. Esposa de um contrabandista e uma mulher que aparenta não ter prazer na vida, ela funciona como uma projeção das dores de Leda. Outros personagens também passam pela mesma situação, como o personagem de Ed Harris, homem que deixou a família ainda jovem para viver sua vida.

Toda essa qualidade dramática se mantém enquanto drama, porém o filme tenta criar uma aura de mistério e suspense que parece não dialogar muito bem com o todo. Leda sofre assédios da família de Nina, e mesmo que ainda seja momentos que tentem dialogar sobre a violência sobre a mulher que se mantém independente do âmbito e das suas conquistas, é quase como se fosse outro filme, enfraquecendo o drama presente dos personagens em pró de um suspense que não chega a lugar nenhum.

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Olivia Colman está grandiosa, não atoa foi indicada ao Oscar de Melhor Atriz, sua personagem é uma mulher madura mas que carrega grandes feridas, Jessie Buckley também é excelente, talvez até mais que Olivia, não atoa foi indicada ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante por esse papel. Sua Leda é uma mulher frustrada e cansada, porém ainda sim ela ama suas filhas. Tem uma doçura na sua personagem soterrada pela sobrecarga emocional. 

A filha perdida é um ótimo filme de uma ótima diretora iniciante, Maggie tem um ótimo olhar para o que quer mostrar, muito intimista ao mesmo tempo que questiona valores sociais, só falta mais controle na mudança de tom. A Filha Perdida é um ótimo filme pra quem busca um drama mais maduro, sendo complexo, mesmo que um pouco acessível pela complexidade. Ele se encontra para assistir na Netflix.

Sobre Matheus Henrique

Amante do cinema, jogos e literatura, buscando estudar e aprender sobre o que ama e assim trilhar o caminho de crítico. Escrevo algumas coisas no Letterboxd e Instagram de vez em nunca. Letterboxd: https://letterboxd.com/Matatheusx/

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