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Crítica: A Ira de Deus ★★★☆☆ (2022)

(Reprodução)

O novo longa argentino, A Ira de Deus, tem uma trama misteriosa e intrigante, que consegue conduzir bem o suspense até o último momento. Ao mesmo tempo que desenvolve um subtrama sobre o assédio sofrido pelas mulheres.

Ao longo do filme, vamos acompanhando a vida de Luciana, que muda drasticamente após ela fazer uma denúncia de assédio de seu ex-chefe, um famoso escritor. O filme caminha nos revelando aos poucos a verdade por trás desse caso de obsessão e perseguição, que pode levar a um fim sombrio.

A história do longa tem uma boa premissa. Tudo começa quando Luciana é assediada por seu chefe, Kloster. A reação da moça ao ocorrido desencadeia uma série de eventos na vida de seu ex-chefe e também na dela. A esposa de Kloster e sua filha morrem de forma trágica, enquanto os familiares de Luciana vão morrendo aos poucos, ao longo de 10 anos. A obsessão da moça pelo caso a faz acreditar que seu ex-chefe está por trás das mortes e decide pedir ajuda a um antigo escritor com quem já trabalhou.

Confesso que o roteiro soube utilizar os elementos do suspense para desenvolver a história e prender nossa atenção nos acontecimentos. Um problema do roteiro talvez foi deixar subentendido no final a verdade por trás de tudo. Claro que é possível tirarmos essa conclusão, mas não chega a ser o suficiente.

As atuações no filme são singelas, mas conseguem nos envolver com o drama vivido pelos personagens. As dinâmicas entre os personagens são orgânicas e fluem com naturalidade ao longo das cenas, construindo bons diálogos. Luciana é interpretada por Macarena Achaga, que consegue transpor bem os sentimentos de alguém que aos poucos é consumida pela paranóia e obsessão. O drama da personagem não só é impactante pela performance da atriz, mas principalmente por essa ser uma situação real que é totalmente desacreditada pela sociedade.

O chefe de Luciana, Kloster, é vivido por Diego Peretti, que tem um semblante bem misterioso, o que nos ajuda a desconfiar cada vez mais de suas intenções. O modo como o ator incorpora e transpõe os sentimentos do escritor é bem envolvente, e contribui para o suspense do longa. O jornalista que ajuda Luciana interpretado por Juan Minujin é Esteban, um antigo escritor que tem uma rixa com Kloster.

A direção de Sebastián Schindel é acertada, sabendo construir e conduzir a trama do início ao fim. A forma como a trama foi desenvolvida prendeu minha atenção a todo momento, o diretor usou bem os recursos disponíveis para elaborar um suspense bem envolvente. Os diálogos carregam um peso para além do que está sendo dito, sempre com uma mensagem subjetiva acerca do que está se passando. Schindel assina o roteiro ao lado de Pablo del Teso, uma parceria funcional.

Como um suspense, A Ira de Deus funciona sem deixar muitas folgas. O roteiro é acertado e consegue desenvolver um suspense digno de prender nossa atenção até o desfecho, que não chega a ser inovador nem surpreendente, mas que funciona bem na proposta que o filme se dispos a elaborar. As atuações são boas e funcionam bem na proposta. A direção acerta na maneira de conduzir a trama e entrega um resultado bem positivo. Para quem gosta de suspense, esse pode ser uma boa pedida.

A Ira de Deus está disponível na Netflix.

Sobre Carlos Valim

Apaixonado por cultura pop. Aprendendo a escrever críticas menos emocionadas. Professor de História e fundador do GS.

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