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Crítica: A Princesa da Yakuza ★★★☆☆ (2021)

(Reprodução)

Baseado na HQ de sucesso Shirô: Yakuza, honra e sangue no coração de São Paulo, o longa A Princesa da Yakuza estreou no último final de semana na Netflix, atraindo por sua temática e principalmente sua nacionalidade. No filme vamos acompanhar a história de Akemi (Masumi Tsunoda) herdeira do chefe da organização criminosa Yakuza, que escapou com vida do assassinato violento de sua família. Após a morte de seu pai, Akemi foi enviada para viver no Brasil, quando ainda era uma bebê, onde foi criada na maior comunidade japonesa do mundo, o bairro da Liberdade, localizado em São Paulo. Mas no dia do aniversário de 21 anos de Akemi, os antigos fantasmas do passado retornam para assombrá-la, porém, desta vez tudo será diferente.

O filme não inova muito em sua temática, apostando no confronto entre grupos mafiosos pelo poder, algo já manjado no cinema. Mas é interessante notar que há certas mudanças no modo de contar essa trama. A começar pelo protagonismo feminino bem construído, que consegue demonstrar a que veio logo nas primeiras cenas. Temos uma protagonista forte, que mesmo se achando incapaz, consegue superar a sua dor e transcender para uma ambição maior. E também pelo fato do filme se passar no Brasil, de uma forma bem diferente da comum.

Mesmo que a história seja simples e manjada, é interessante quando há uma preocupação em construir os elementos com cautela, levando em conta as amarras que devem ser feitas para que o público compreenda o que está passando na tela. Essa construção é essencial se o objetivo é atrair a atenção para a história que está sendo contada e em qual a sua importância para o longa. Em A Princesa da Yakuza temos uma trama mal construída, preocupada demais em apresentar um visual impactante, esquecendo-se completamente de desenvolver algum tipo de relação entre os acontecimetnos, que vão se entulhando de forma aleatória até que acontece a aguardada “explicação”, se é que podemos chamar disso. 

O longa se enrola bastante para desenvolver uma boa trama e também em manter nossa atenção naquilo que está sendo dito pelos personagens, pois todas as falas, a todo instante, parecem gratuítas, como aquelas frases de efeito, só para que haja diálogos. Claro que isso não chega a ser um grande problema, se comparado a filmes sobre máfia com diálogos longos e chatíssimos. Devido a essa ressalva na história, o filme poderia ter sido bem mais curto do que foi, apressando um pouco mais os eventos, sem a necessidade de se estender demais.

A maior parte do longa vamos acompanhar três personagens em ação, e mais para o final surge das sombras o vilão. A protagonista Akemi é interpretada pela Masumi Tsunoda que está bem demais no papel, entregando uma personagem casca grossa e cativante. De princípio a personagem pode parecer confusa ou sem graça, mas ao longo do filme ela vai se aprimorando e ganhando um peso na forma de agir nas cenas que a torna uma boa protagonista. Ela está muito bem nas cenas de ação, mandando belos golpes em ótimas cenas de combate.

No elenco também temos Jonathan Rhys Meyers (Vikings) como Shiro, um personagem que acorda em um hospital completamente sem memória e portando uma katana misteriosa. O personagem de Meyers também ganha destaque nas cenas de combate. Outro personagem que também aparece com mais frequência no longa é o Takeshi-san de Tsuyoshi Ihara, um mafioso misterioso que parece bem sangue frio no começo do longa. De certa forma, o destino destes três personagens irão se encontrar ao longo do filme, interligando suas histórias e também revelando uma surpresa que pode ser impactante, se você prestou atenção nos diálogos, é claro.

A direção do longa ficou nas mãos do brasileiro Vicente Amorim (Motorrad: A Trilha da Morte), que soube muito bem o que fazer com a parte da ação que o filme apresentou, mas tropeçou várias vezes ao construir alguma narrativa interessante o suficiente. Vale destacar que a fotografia do filme está maravilhosa, apresentando um ponto de vista único no cinema brasileiro, que não vemos em outras produções. O diretor aposta em cortes mais fechados, que tornam as cenas misteriosas e também da um visual bem diferenciado. As cenas de combate é mais um dos destaques, sendo muito bem realizadas.

A ação é o ponto alto do filme, inclusive, sem ela, não haveria mais nada. Mas é claro que quando o foco é manter a atenção do público exclusivamente na ação, é natural se esperar boas cenas, e o filme entrega isso, com boas lutas, boas perseguições, bons tiroteios, e com cenas chocantes de luta de espadas. Graças a ação, o longa consegue se manter muito bem.

A Princesa da Yakuza não é uma trama inovadora, mas por se basear em uma HQ nacional, que se passa no Brasil, já merece sua atenção. A história comete alguns deslizes, mas cumpre parcialmente seu papel quando preciso. As atuações estão boas, inclusive o destaque para o protagonismo feminino bem forte no filme. A fotografia do filme é belíssima, fora as cenas de ação que também são ótimas. Se você curte um filme mais voltado para a ação, sem a necessidade de se preocupar tanto com os diálogos, esse é uma boa pedida.

A Princesa da Yakuza está dsponível na Netflix.

Sobre Carlos Valim

Apaixonado por cultura pop. Aprendendo a escrever críticas menos emocionadas. Professor de História e fundador do GS.

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