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Crítica: Animais Fantásticos – Os Segredos de Dumbledore ★★★☆☆ (2022)

(Reprodução)

Com menos animais, que já não são tão fantásticos como no começo, a franquia derivada de Harry Potter chega na aguardada terceira parte de sua aventura. Os Segredos de Dumbledore, embora possa soar mais como uma ironia, afinal não há nada tão secreto e obscuro no filme, segue os acontecimentos do mundo bruxo no século passado, desenvolvendo sua trama sombria que envolve uma grande guerra entre bruxos e não bruxos, os conhecidos trouxas. Após o seu antecessor, que foi no máximo razoável, Os Sgredos de Dumbledore se vê mais burocrático do que nunca, enrolando e desenrolando diversas tramas ao mesmo tempo que nenhuma. O filme acerta em tudo que faz dele um filme bonito de se assistir, porém, erra rude no roteiro e não consegue afastar o fantasma de Crimes de Grindelwald, que ainda paira sob a franquia, sem sinal de que irá deixá-la tão cedo.

A sequência aposta em desenvolver uma história grandiosa, mas que não consegue entregar o resultado esperado, se perdendo em cenas e mais cenas que parecem terem sido recortadas e coladas de forma aleatória. Os personagens continuam com um desenvolvimento prejudicado pelo roteiro de Rowling, que ainda não entendeu que escrever livros e fazer filmes são duas coisas bem diferentes. 

A história do filme segue os acontecimentos do seu antecessor, em que Grindelwald começou a construir um exército de seguidores para realizar seu terrível plano: uma guerra contra os trouxas. Nesta parte da saga, nos é apresentado um pouco mais da relação entre Dumbledore e Grindelwald, e também dos mistérios que envolvem o pacto de sangue feito por eles no passado. Ao mesmo tempo, também seguiremos a tentativa de Dumbledore de unir um grupo de amigos para lutar secretamente contra a ameaça de Grindelwald, já que ele mesmo não pode, devido ao pacto com o vilão. O filme acontece justamente no momento que está para acontecer a eleição do novo líder da comunidade dos bruxos. As tramas tentam se desenvolver de forma conectada, mas falham por se esmiuçar demais, sem que haja uma conexão das pontas soltas depois.

A eleição do novo líder dos bruxos é um contexto que poderia ter sido interessante, mas perdeu totalmente a relevância quando começou a ser tratado apenas como um plano de fundo pela história. O roteiro tem uma péssima ligação entre causa e efeito, fazendo com que os acontecimentos soem um tanto quando desconexos e sem graça.

As atuações mantém os padrões dos filmes anteriores. Eddie Redmayne está de volta como o tímido, e já enjoativo, Newt Scamander, que soa como ter sempre algo a dizer, mas não diz nada. O personagem de Redmayne segue aquele seu estilo repetitivo de atuar, sem apresentar mudanças significativas. As mesmas reações para as cenas, tudo dentro do já esperado. Jude Law como Albus Dumbledore dessa vez ganha um pouco mais de foco, e vemos desenvolver um pouco da história relacionada a ele. Nesses momentos temos alguns cortes para Hogwarts, o que pode deixar os fãs mais animados. Mas sinceramente, o papel de Law não é tão interessante quanto era no filme inicial. Ezra Miller também está de volta como Creedence, que dessa vez tem seus piores momentos em tela. O personagem não só foi deixado de lado, como suas aparições ficaram chatas e sem graça, até quando não deviam ser. Isso porque há a continuidade da grande revelação sobre sua origem.

O personagem de Dan Fogler, Jacob Kowalski, também está de volta, não que haja um bom motivo para isso, mas ele volta a ser o alívio cômico de sempre na franquia. Já a novidade do elenco é Mads Mikkelsen, que agora ocupa o lugar de Johny Depp, como Gellert Grindelwald. A troca de atores é notória, obviamente, até mesmo pela forma caricata de Depp atuar, mas ainda assim, o personagem continua chato e não parece a ameaça que todos dizem ser. Não apenas as atuações, mas o personagens principalmente parecem estarem desgastados, como se perdessem aquela magia que tinham no começo. Muito disso se deve a maneira como Rowling está conduzindo o roteiro, não sabendo desenvolver nenhum elemento que está se propondo a realizar. Um exemplo disso é a participação da brasileira Maria Fernanda Cândido, que foi muito exaltada pelos fãs. Não vou dar spoilers, mas sua participação no longa é risível e o desfecho com ela é enfadonho.

David Yates segue na direção do longa, e assim como todo o resto, sua visão também já está encontrando problemas de se estabelecer graças ao roteiro ruim. Mesmo que o diretor se esforce para construir uma visão própria do filme, vai acontecer de sempre se esbarrar no conteúdo escrito, que delimita o caminho pelo qual a trama vai ser conduzida. Mas a parte técnica, como os efeitos visuais, seguem o padrão espetacular da franquia. Há muita magia acontecendo, embora esta também pareça encaixada em um formato pronto de brigas de magia, ainda assim conseguem impressionar e divertir. Os cenários são ótimos e bem construídos, é inegável que o o estilo da franquia combine com o contexto temporal que a história se passa. Ao menos, as duas horas de roteiro são compensadas com bons visuais que deixam a experiência menos cansativa.

Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore comprova o desgaste da franquia, ou melhor, o desgaste do roteiro. A série, se pretende continuar, precisa encontrar um caminho para equilibrar esses elementos para enfim concluir sua, desnecessariamente, complexa trama. Os personagens também estão encontrando problemas para se desenvolver, e nesse filme seguem se enrolando. O que salva o longa são seus efeitos visuais e também a nostalgia de retornar no incrível mundo mágico de Harry Potter.

Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore está em cartaz nos cinemas brasileiros.

Sobre Carlos Valim

Apaixonado por cultura pop. Aprendendo a escrever críticas menos emocionadas. Professor de História e fundador do GS.

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