Página Inicial / Críticas / Crítica: Capitã Nova ★★☆☆☆ (2022)

Crítica: Capitã Nova ★★☆☆☆ (2022)

(Reprodução)

Um mundo distópico, devastado pela crise ambiental, as pessoas precisam encontrar uma forma de impedir este futuro, voltando no tempo para alertar sobre o problema. Assim podemos resumir a história de Capitã Nova, o novo longa de ficção-científica da Netflix que acaba de chegar no catálogo. O filme tem uma trama simples, que não perde tempo com explicações grandiosas nem diálogos impactantes e reflexivos, indo direto ao ponto do começo ao fim, trazendo a proposta de explorar, mesmo que de forma breve, as crises ambientais que vivenciamos.

É claro que o objetivo do filme é trazer a tona um debate acerca da exploração da natureza pelo homem, que está cada dia mais agressiva, colocando em xeque os recursos naturais que temos acesso. Por mais que a mensagem seja de extrema importância, o modo como foi conduzida não é agradável, apresentando vários problemas com a narrativa que tornam o filme um pouco bobo e sem importância.

Usar o cinema para indicar problemas do mundo real não é algo distante, podemos encontrar diversas produções que tem como objetivo conscientizar o público sobre os impactos da exploração humana do meio ambiente. A importância desse tema é mais do que urgente, a medida que as autoridades mundiais fecham seus olhos para o verdadeiro problema e insistem em uma exploração predatória da natureza. O filme começa nos dando um vislumbre de um mundo distópico, devastado por essa exploração da natureza. A protagonista assume então a missão de entrar em sua nave e viajar por um buraco de minhoca, com o objetivo de retornar para o passado e alertar a corporação que iniciou o processo de exploração que irá comprometer a vitalidade do planeta.

Ao chegar na terra no passado, a personagem percebe que algo deu errado com a viagem, e agora vai depender da ajuda de um jovem que acabou de conhecer para que possa concluir sua missão. A forma como as coisas acontecem no filme é repleto de conveniências, que facilitam ao máximo para os dois, que não encontram muitas barreiras para enfrentar, a não ser aquelas que o roteiro planejou. Essas facilidades do roteiro são um pouco irritantes, mas é compreensível por ser um filme que traz protagonismo de jovens.

E por falar no protagonismo, as atuações deixam bem a desejar, entregando personagens sem carisma que parecem robôs sem emoção. Todos os personagens parecem um pouco deslocados da proposta, trazendo os mais comuns dos clichês de filmes do gênero, com nenhum personagem interessante de fato. A protagonista em sua versão de 2050 é interpretada por Anniek Pheifer, que entrega uma atuação sem graça e opaca, sem nenhum tipo de atrativo. Suas falas e ações são meio robóticas e sem expressão. Quando Nova chega na terra 25 anos atrás, ela é vivida por uma atriz mais jovem, que é tão ruim quanto sua versão mais velha, completamente sem carisma.

O jovem que ajuda a protagonista, chamado Nas, e mais tarde acaba se relacionando de uma forma bizarra e completamente ilógica com Nova é sem dúvida a pior atuação do longa. O resultado deste garoto em cena é completamente esdrúxulo e sem nenhuma razão de ser. Pior ainda é mais próximo do final, quando conhecemos sua versão adulta, aqui tudo fica mais horripilante. Além do casal de protagonistas, outro personagem que merece destaque negativo é o herdeiro da corporação, que em 2050 está todo deformado e em uma cadeira de rodas. Nenhum dos personagens sabe encontrar seu lugar na trama, deixando tudo a mercê do roteiro que tenta desepseradamente amarrar tantas ideias estranhas e incoerentes.

Como um filme de ficção-científica é normal esperar efeitos especiais, ainda mais sabendo que há viajens no tempo e desastres ambientais, porém, o filme explora o mínimo possível a parte visual do planeta em 2050, resumindo o mundo distópico a uma poeira vermelha e uma ossada de um passarinho qualquer. Mas enquanto aos efeitos da nave e da viagem temporal, temos um resultado interessante e bem agradável, que fazem juz ao gênero. Há também um pequeno robô ajudante de Nova que é uma espécia de alívio cômico, o resultado também é interessante.

De forma geral, a direção de Maurice Trouwborst é duvidosa e um pouco tímida, deixando a desejar na elaboração das cenas e enquadramentos. Os diálogos não apresentam nenhuma profundidade, mesmo com a densidade do conteúdo que está sendo abordado. O longa mais parece uma espécie de cota de filmes que precisam tratar de certos temas, adornado com efeitos visuais e uma proposta de ficção-científica para parecer envolvente. 

Capitã Nova trata de um problema real e que merece total atenção, porém escolhe a maneira mais boba de abordá-lo, criando uma narrativa sem emoção e colocando jovens para atuar em lugar de adultos, uma completa chatice. A história tem seu valor, mas é cheia de ressalvas graças a preguiça do roteiro em criar um trama mais consistente e se contentar com os clichês. As atuações são horríveis e sem nenhum carisma, tornando a experiência ainda pior. Se você quer um filme que trate de problemas ambientais, há muitos outros que irão cumprir esse objetivo de forma muito mais consistente.

O longa Capitã Nova está disponível na Netflix e tem 1h26 de duração.

Sobre Carlos Valim

Apaixonado por cultura pop. Aprendendo a escrever críticas menos emocionadas. Professor de História e fundador do GS.

Você pode Gostar de:

Crítica | The Boys – 4ª Temporada ★★★★☆

Encerrando com grande impacto, a 4ª temporada de “The Boys” foi bem polêmica. Com um …

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *