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Crítica: Céu Vermelho Sangue – ★★★★☆ (2021)

Filmes ambientados em aviões me remetem a um sentimento de aconchego e tranquilidade; o ambiente fechado, silencioso e noturno me agradam, caso que seria oposto se eu sofresse do transtorno de claustrofobia. Alguns títulos do gênero vêm à minha mente como Voo Noturno, Plano de Voo e até o infame Serpentes a Bordo. Os dois primeiros são  ótimos suspenses nas alturas, e todos caracterizam a impossibilidade da vítima  escapar de um inimigo por estarem presos no avião, sendo, desta forma, um ambiente rico para suspenses.

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Céu Vermelho Sangue, produção original Netflix e dirigido por Peter Thorwarth, começa com uma ótima premissa: uma mulher e seu filho pequeno estão num voo que é sequestrado por terroristas e alguns outros mistérios vão surgindo, como qual é a doença da qual a mulher sofre, como isso se conecta com flashbacks de seu passado e com o sequestro em curso. O desenrolar da trama nesse primeiro ato nos prende, e a história fica muito interessante, até que uma mudança na trama acontece e o filme muda da água para o vinho.

A partir daqui será impossível falar sobre o filme sem revelar essa grande mudança. Então se você ainda não assistiu e tem interesse, recomendo que o assista antes.

Spoilers a seguir:

O que parecia um ótimo suspense de avião logo se mostra um filme de vampiro (aleatório, certo?). A aparente doença da qual a protagonista sofria na verdade era sua condição vampírica. O grande diferencial do longa é que mesmo na condição e forma de vampira, a protagonista continua disposta a tudo para proteger seu filho.

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O filme consegue dispensar grandes clichês do gênero e se apega nas suas maiores apostas,  como já citadas, a maternidade dessa mãe que, inclusive, já perdeu seu esposo pelas garras de outras criaturas semelhantes a ela e também as limitações impostas por se encontrarem presos no avião, vítimas de um sequestro. Logo, começa uma pequena epidemia de vampiros entre os passageiros, enquanto os terroristas descobrem que podem usar o sangue da mulher para se metamorfosear em vampiros também.

Apesar de eu ter preferido ver uma inexistente continuação do filme totalmente diferente que acontece na primeira meia hora, o filme de terror que aqui acontece não deixa a desejar. Nadja, a protagonista, consegue convencer alguns passageiros de que ela pode lhes ajudar (não antes daquele irritante mutismo seletivo, onde basta dizer algumas palavras para esclarecer algo, mas estas palavras engasgam na boca do personagem apenas para arrastar a trama). Ficamos rapidamente do lado da vampira, na verdade já iniciamos o filme nesse lado, porque ela nos cativa no primeiro ato, antes da grande mudança de perspectiva acontecer e antes da revelação de que ela é uma vampira. A mãe-vampira faz de tudo para proteger seu filho, Elias, que é um ponto forte do filme, chegando até mesmo a enfrentar algumas criaturas sozinho.

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O roteiro poderia ter investido ainda mais na relação de Nadja com Elias, fazendo disso seu grande ponto alto, afinal, esse filme será lembrado por abordar uma vampira por uma perspectiva única, a materna. Se isso acontecesse, o filme talvez teria sido salvo de um fim previsível  ou talvez esse fim acontecesse mesmo assim, mas seria mais memorável.

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Inclusive, talvez a grande mudança de perspectiva tenha ocorrido justamente para nos livrar de preconceitos que surgiriam se soubéssemos que a mulher é um monstro antes de sabermos que ela é uma mãe disposta a tudo e justamente nos colocar nessa posição de compreender a complexidade de ser uma mãe vampira num voo sequestrado. Céu Vermelho Sangue é uma pérola que logo ficará escondida na Netflix; um filme totalmente inusitado, mas que agrada mesmo assim. Você vai terminar de assisti-lo expressando surpresa por ter consumido algo bem diferente do que esperava, e ainda assim, estar satisfeito.

Sobre Emerson Dutra

Um psicólogo que tem o mundo nerd como seu guarda roupa para atravessar para uma Nárnia que é mais divertida, interessante e justa que nossa realidade compartilhada.

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