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Crítica: De Volta aos 15 – 1ª Temporada – ★★★★☆ (2022)

(Reprodução)

De Volta aos 15, a nova produção nacional da Netflix chegou recentemente na plataforma e tem agradado o público, conquistando o seu lugar no TOP 10 do streaming. A série aborda temas adolescentes simplórios, mas consegue desenvolvê-los de forma muito agradável, tornando a maratona algo extremamente inevitável. Na série, Anita vive infeliz com o rumo que sua vida tomou e as escolhas que fez no passado, uma típica sensação que todos nós já vivenciamos. Mas tudo muda quando ela reencontra o antigo blog que criou quando adolescente e em um passe de mágica, é mandada de volta no tempo, para o momento da foto que visualizava.  Ao imaginar que tudo se tratava de um sonho, Anita decide reagir de forma diferente a tudo que aconteceu, causando mudanças em sua vida que a surpreenderia mais tarde. De Volta aos 15 é baseada em um livro homônimo de 2013 da escritora Bruna Vieira. E por mais simples que seja a trama, ela nos cativa pelas ótimas interpretações e desenvolvimento agradável da história, que tem momentos engraçados e outros que refletem elementos importantes da sociedade, servindo como uma lição sobre nossas ações.

O ponto mais forte da série é sem dúvida as ótimas atuações, que tornam a série muito interessante e agradável de acompanhar. O elenco opta por personagens diversificados, que possuem um papel chave assim como uma mensagem própria para transmitir, nos fazendo refletir sobre atitudes que já presenciamos, ou até mesmo já tomamos em nossas vidas. Anita é interpretada por Maisa em sua versão de 15 anos e por Camila Queiroz na sua versão de 30 anos. Nesta série vemos a evolução da carreira de atriz de Maisa, que sabe lidar com cada momento da maneira certa, apresentando reações muito bem executadas, conquistando a simpatia de quem assiste com uma personagem muito divertida. Anita de Maisa é engraçada e possui uma forte presença em cena. Camila Queiroz também entrega uma boa versão adulta de Anita, embora com menos presença nas cenas, mas que ainda assim consegue nos agradar nas cenas que protagoniza. A semelhança entre as duas atrizes é impossível de não ser notada, tanto na aparência como na forma de atuar, o que deixa tudo ainda mais interessante. O restante do elenco também possui uma versão adolescente e adulta ao longo da trama, que foram muito bem interpretadas, deixando o desenvolvimento muito agradável, com personagens que além de combinar, também se encontram no modo de agir. As cenas onde os personagens interagem em suas versões adolescentes são as mais divertidas, pois são recheadas de referências ao ano de 2006, aqueles que gostam de caçar referências irão se divertir com os vários elementos típicos da cultura brasileira que a série apresenta.

Ao perceber que seu retorno ao passado não era apenas um sonho, mas sim algo que aconteceu de fato, Anita decide que iria utilizar esse artificio para mudar a sua vida, da qual já se sentia cansada. Ao tomar essa iniciativa a protagonista se envolve em diversas confusões, mas também em momentos certeiros, onde é possível perceber as mensagens importantes que a série se dispõe a debater. Muitas das questões levantadas estão relacionadas claramente a processos básicos da adolescência, como o amor, a amizade, a busca pelos sonhos, mas sobretudo o respeito as diferenças e ao próximo, que foi abordado de forma muito natural, sem soar algo forçado, com foco em “lacrar”. A todo momento a série propõe refletirmos sobre a importância de estarmos conscientes de nossas escolhas e de como elas podem nos definir a medida que avançamos em nossa vida. É certo que muitos de nós já passamos por momentos de refletir sobre o regresso ao passado para mudar certas escolhas e o que isso faria de nós hoje. O modo como a série aborda essa questão é leve e simples, mas com a profundidade certa para nos fazer perceber que o importante é agirmos no presente, sem nos atentarmos aquilo que poderia ou não ter sido. Você pode esperar momentos com ótimas lições sobre a vida e também cenas engraçadas, típicas da adolescência, que irão gerar certa nostalgia em muitos que assistirão. E, acredite, a série é capaz de agradar todos os públicos pela variedade de referências que consegue trazer a tona, sem soar forçado. Vale ressaltar que a série encerra de forma muito intrigante, apresentando um forte indício para uma segunda temporada.

Visualmente a série é um deslumbre aos olhos, com ótimas cenas, em localizações certeiras, apresentando uma visão muito singular da cidade de Imperatriz. Os cortes são muito bem realizados, principalmente quando optam por transmitir um pouco da paisagem da cidade brasileira, mostrando muito de sua beleza. A construção dos ambientes é extremamente carregado de nostalgia, apresentando diversos elementos que deixarão o espectador com uma sensação de reviver bons momentos da vida. Além do belíssimo visual, a série também possui uma trilha sonora igualmente nostálgica, trazendo músicas famosas da época, que sem dúvidas você irá reconhecer. E quando uma série opta por tocar Los Hermanos, ela já diz a que veio.

De Volta aos 15 me surpreendeu positivamente, pois não estava esperando grandes coisas desta produção. A trama de volta ao tempo é simples e não é muito explicada, porém nem precisa, a narrativa se sustenta em ótimos personagens e em um desenvolvimento agradável, além de apostar forte na nostalgia, um acerto e tanto para os saudosistas de plantão. Ao dar play no primeiro episódio, é impossível parar e não maratonar até o fim, pela forma agradável como tudo se desenrola. De Volta aos 15 está disponível na Netflix com 6 episódios de 35 minutos aproximadamente.

Sobre Carlos Valim

Apaixonado por cultura pop. Aprendendo a escrever críticas menos emocionadas. Professor de História e fundador do GS.

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