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Crítica: Duna ★★★★★ (2021)

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O maior romance de ficção cientifica de todos os tempos finalmente ganhou uma adaptação a altura de sua grandiosidade, e muito desse sucesso passa pelas mãos de um brilhante diretor, que possui um talento incrível para construir universos. Acredito que o longa de Denis Villeneuve e o livro de Frank Herbert tomam caminhos diferentes para chegar a mesma grandiosa conclusão, a de nós fazer imergir completamente no mundo de Duna. 

Depois de se consolidar como um dos maiores diretores sci-fi da atualidade após produzir filmes como Blade RunnerA Chegada,  o cineasta francês se pôs a encarar o maior desafio de sua carreira, adaptar Duna. Eu já perdi a conta de vezes em que um produtor de algum filme acaba pensando alto de mais e tenta morder uma maça maior que boca, o próprio Duna de 1984 do David Lynch é um desses casos. É com muito alívio que posso dizer que o filme desse ano não vai por esse lado, pelo contrario, ele ousa ao optar por uma adaptação mais áudio – visual do livro, deixando de fora grande parte dos diálogos, porem ao mesmo tempo preenchendo essa lacuna com uma imersão técnica primorosa. 

Nós primeiros minutos a história do filme já se torna bem entendível, o que é ótimo para as pessoas que não leram o clássico. Leto Atreides, interpretado por Oscar Isaac, aceita a missão de administrar o perigoso planeta desértico Arrakis, que possui a especiaria mais valiosa do universo. Mas isso gera uma grade reação de seus inimigos, ameaça sua família e coloca em jogo o destino de seu filho, o talentoso paul, interpretado por Timothée Chalamet.

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Sem dúvidas existiam duas grandes questões a serem solucionadas pela pessoa incumbida de adaptar o filme. A primeira era a de como tornar esse universo teórico algo físico, e a segunda era a de como apresentar o universo para os não leitores da obra.  Muito me impressiona que Villeneuve tenha conseguido resolver as duas de uma vez só. Afinal ao mesmo tempo em que diretor cria um cenário contemplativo, rico em detalhes e com enormes feitos na parte da produção ele deixa de lado diversas questões politicas, sociais e filosóficas do livro. Isso poderia ser visto com maus olhos quando se tratasse de uma obra facilmente adaptável, mas quando falamos em Duna toda uma complexidade de diálogos e informações entra em questão e tentar Adaptar tudo isso a risca é clamar pelo fracasso. Afinal ao simplificar as discussões o longa se torna mais apalpável ao público e com mais tempo de tela para a construção do universo.

O aspecto mais digno de nota do filme sem dúvidas é a produção técnica, ao ponto de ser comparado com senhor dos anéis e star wars em suas respectivas épocas. Toda a recriação do planeta Arrakis é impecável e a grandiosidade do tema que esta sendo abordado consegue transparecer diante de nossos olhos com naves gigantescas, arquiteturas únicas e figurinos marcantes. Mas sem dúvidas o modo como as cenas são trabalhadas é o grande destaque. Os planos abertos dão magnitude aos cenários e os planos fechados mais emoções aos personagens, porem a formula é invertida constantemente fazendo com que duna transite entre o intimista e o grandioso de forma genial

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Fazendo um casamento triplo invejável com Villeneuve o diretor de fotografia Greig Fraser e o aclamado compositor Hans Zimmer dão o tom épico e místico que a obra representa. Os três são grandes candidatos a conquistar o carequinha de ouro pelos aspectos técnicos do filme. Os atores também são dignos de nota, e os maiores destaques vão para o Paul Atreides sentimental porém heroico do jovem Timothée Chalamet e o Barão Vladmir Harkonnen, horripilante e imponente de Stellan Skarsgård. Jason Momoa como Duncan Idaho também foi uma ótima atuação, e talvez a Zandaya como Chani tenha feito mais um papel de despertar curiosidade para a parte 2. Quanto a fidelidade dos personagens fiquei bem satisfeito no geral, o único fator que me desagradou pode ter sido o papel de Lady Jessica que no livro é uma mulher temida por sua grande sabedoria e habilidades, o que me pareceu ser modificado por uma mulher mais maternal e frágil no longa.

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Para uma analise melhor do roteiro acredito que ainda seja preciso ver uma parte 2. Porem é nítido o papel que essa primeira teve. O de apresentar o universo, os personagens e a historia em geral, para no futuro dar uma grande conclusão a obra. De toda a forma, o Filme e o Livro se combinam perfeitamente, e acredito que qualquer um dos dois seja indispensável para a experiência completa. Afinal qual a função do cinema se não a de dar cor e forma para todas as ideias que temos na mente, neste caso são duas grandes mentes trabalhando em conjunto por uma distancia temporal.

Fecho Duna com 5 estrelas por todo o encanto que a obra me fez sentir outra vez. Penso com sinceridade que estamos diante da formação de um novo clássico do cinema, e já estou contando os minutos para a estreia da parte 2, que vai dar continuidade a todo espetáculo cinematográfico que é esse filme.

                                                                 

 

Sobre Pedro Fernandes

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