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Crítica: Espíritos Obscuros – ★★★☆☆ (2021)

(Reprodução)

Um mal antigo e sombrio assola a pequena cidade de Cispus Fall, no centro do Oregon, que de forma inesperada acaba assombrando a família de Frank Weaver, que administra um laboratório de metanfetamina em uma mina abandonada. Após um repentino ataque na mina, a vida de Frank e de seus dois filhos, Lucas e Aiden, estaria prestes a mudar para sempre, de uma forna um tanto quanto sinistra. O longa é dirigido por Scott Cooper e conta com a produção de Guillermo del Toro, o que deixa tudo ainda mais interessante. O longa de terror chegou no catálogo da Star+ e consegue prender a atenção de quem assiste do começo ao fim. O desenvolvimetno da trama é intrigante e logo no começo já entrega a que veio. As atuações tanbém contribuem para tornar a experiência de terror e suspense ainda mais intensa, principalmente do jovem Lucas, que faz um papel excelente.

Quando pensamos em algo que é produzido pela mente insana de Guillermo del Toro, logo imaginamos tramas sombrias e amedrontadoras, com uma forte carga de tensão, e aqui temos exatamente esse resultado. Ao utilizar como base a dinâmica de mitos antigos e explorá-la dentro de um contexto metafórico de abuso faz com que o filme ganhe certo impacto em sua história, aproximando do espectador e mantendo o interesse sobre os eventos sombrios que acontecem. No longa é trabalhado o mito indígena antigo sobre uma criatura que possui os homens e também os devora, com poderes de se transformar e também de passar sua maldição adiante. Mas o foco não é somente na trama sobrenatural, há também um subtema muito forte, presente no desenvolvimetno do longa, que é o abuso infantil. Os personagens que se encontram na trama, carregam em comum um passado onde presenciaram ou sofreram certos tipos de abuso, portanto os acontecimentos são aproximados e refletidos dentro deste prisma. A história se desenvolve com muita fluidez, com poucos momentos de entrave, sendo capaz de conectar e estabelecer diversos temas ao mesmo tempo, sem que torne a experiência massante. As pontas que são abertas no começo do longa, são amarradas com maestria ao longo do filme, entregando um bom resultado final.

Com uma trama intensa, sombria e misteriosa, os personagens simplesmente deslizam por ela sem grandes problemas, entregando atuações convincentes. O pai dos garotos, Frank Weaver, é interpretado por Scott Haze, que teve breves aparições na trama, devido a natureza do problema que o envolve, mas consegue passar uma boa impressão, em um papel que poderia simplesmente ter sido feito de qualquer jeito. Aiden Weaver, vivido por Sawyer Jones, também teve poucos momentos no longa, o contrário de seu irmão Lucas, interpretado por Jeremy T. Thomas, que está excelente no personagem, o jovem consegue transmitir todas as sensações nececessárias para um filme de terror e suspense, fora a facilidade com que ele se apresenta nas cenas, dando uma sensação de naturalidade muito grande. A professora de Lucas, Julia Meadows, que descobre sobre sua situação, é interpretada por Keri Russell, que está muito bem no papel, entregando uma personagem com camadas que se alinham muito bem com a trama e fazem sentido dentro do contexto. O irmão de Julia, Paul Meadows, é vivido por Jesse Piemons, e sua participação também é muito boa, entregando o típico policial que busca todas as explicações lógicas possíveis para os eventos, descartando qualquer tipo de sobrenatural, até que é tarde demais. De forma geral, os personagens do longa são bem construídos e contextualizados, sem participações forçadas ou simplesmente jogadas ali para nada, a relação entre eles é muito bem estabelecida e as pontas são amarradas com tranquilidade no final.

Outro destaque do longa é a parte visual e sonora, ambas entregam um resultado que contribui brilhantemente para a construção de uma atmosfera sombria e sinistra. A criatura do mito, conhecida como Wendigo é espetacular, suas aparições são pontuais e conseguem causar uma forte sensação de terror. Claramente o filme abusa de cortes escuros para construir essa tensão e preparar para os sustos e embora haja certo exagero na escuridão, as cenas são muito bem construídas e você com certeza irá levar alguns bons sustos. A escuridão das cenas também contribui para a qualidade gráfica da criatura, que também aparece a luz do dia, mas por pouco tempo e em breves cortes. Os cenários são melancólicos e sombrios, contribuindo ainda mais para o clima. A trilha sonora consegue engatar nos momentos certos e aumenta ainda mais a imersão. Tanto na parte visual e sonora, o filme entrega acertos impressionantes e, com certeza, isso se deve a produção genial de Guillermo de Toro, que sabe muito bem como construir cenas e ambientes sinistros com uma técnica muito singular.

Espíritos Obscuros é um terror/suspense que pode te surpreender pela maneira eficaz como aborda o tema de mito e narrativas de origens antigas, remetendo ao passado sombrio da humanidade. Tanto o desenrolar da história como a construção dos personagens estão muito bem dosados, tornando a experiência muito imersiva no terror e no suspense, algo bem difícil para o gênero, que sempre apela para clichês mirabolantes e os utiliza de forma ineficaz. Se você gosta de temas sobrenaturais e sombrios com um toque interessante de terror, esse filme com certeza poderá te agradar. Espíritos Obscuros está disponível na Star+ e possui 1h39 de duração.

Sobre Carlos Valim

Apaixonado por cultura pop. Aprendendo a escrever críticas menos emocionadas. Professor de História e fundador do GS.

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