“Feios”, a nova produção da Netflix, é um drama distópico que mistura ficção científica e crítica social. O filme aborda a ditadura da beleza, inspirando-se nos conceitos de resistência civil de Henry David Thoreau. A trama, baseada na obra de Scott Westerfeld, constrói um cenário futurista no qual todos são submetidos a uma cirurgia estética obrigatória aos 16 anos. Essa cirurgia padroniza a aparência e gera uma sociedade de “perfeitos”. No entanto, a protagonista Tally Youngblood (Joey King) resiste a essa imposição e com isso, ela questiona as normas sociais e a necessidade de se encaixar.
A direção de McG destaca-se pelos visuais impressionantes e efeitos especiais bem executados. A Netflix investiu alto para criar um ambiente futurista envolvente, e o resultado é um cenário distópico visualmente atraente. Entretanto, a narrativa tem como alvo o público jovem e, por isso, perde parte de sua profundidade. Ao optar por uma abordagem mais superficial, o filme mantém um ritmo acelerado e simplifica os conflitos. Embora essa escolha torne a história mais acessível, limita discussões mais profundas sobre os temas filosóficos de Thoreau.
Uma reflexão sobre beleza e resistência em “Feios”
O roteiro faz um bom trabalho ao construir a tensão entre liberdade individual e conformidade social. “Feios” aborda o dilema da busca incessante pela perfeição e como isso afeta a autenticidade. Tally e seus amigos representam a resistência ao sistema totalitário, e as cenas de ação refletem a luta por liberdade. No entanto, alguns diálogos acabam sendo expositivos, o que prejudica o fluxo natural das interações. Além disso, o drama é por vezes exagerado, comprometendo a experiência emocional em algumas cenas.
Joey King apresenta uma performance sólida como protagonista. Contudo, o restante do elenco não se destaca e permanece dentro de uma zona de conforto. Como resultado, a narrativa perde parte de sua força dramática, já que as emoções dos personagens não são tão intensas quanto se espera em uma distopia. Por essa razão, a resistência e a busca por liberdade acabam não transmitindo todo o seu potencial.
A trilha sonora desempenha um papel importante ao realçar as cenas de ação e os momentos de reflexão. Embora, em alguns momentos seja muito exagerada. Já a fotografia utiliza cores contrastantes para reforçar a divisão entre o mundo “feio” e o “perfeito”. Esse contraste visual aprofunda a mensagem central do filme, evidenciando como a padronização da beleza mascara a verdadeira essência das pessoas.
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Por fim, “Feios” se destaca mais pelo debate sobre padrões de beleza e liberdade do que por sua execução. O filme usa conceitos de Thoreau para refletir sobre a pressão estética e os perigos da conformidade social. Apesar de ser uma distopia visualmente cativante, falta uma abordagem mais profunda dos temas propostos. Ainda assim, é uma boa escolha para quem busca entretenimento com ação e uma mensagem relevante sobre autoaceitação.
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Para Trás: Crítica | "O Poço 2" ★★☆☆☆ - Geek Sapiens