Página Inicial / Críticas / Crítica: Filhos do Privilégio – ★☆☆☆☆ (2022)

Crítica: Filhos do Privilégio – ★☆☆☆☆ (2022)

(Reprodução)

Filhos do Privilégio é o novo terror alemão que acaba de entrar no catálogo da Netflix. O filme traz uma premissa interessante no primeiro momento, o jovem Finn que sofre traumas após a trágica morte de sua irmã, tenta viver sua vida de forma normal enquanto tem de lidar com os aspectos comuns da adolescência e da depressão. Finn é atormentado por visões de demônios, tendo constantes pesadelos, o que sua família acredita ser uma consequência psicótica do trauma com sua irmã, para Finn começa a se tornar cada vez mais real. No meio tempo, uma nova droga experimental está sendo inaugurada com a intenção de tornar a vida das pessoas melhores e mais saudáveis. De uma forma sinistra e bizarra, os traumas do jovem Finn e esta nova droga se cruzam e um desfecho misterioso recai sobre a trama. O filme sofre para manter a seriedade e se perde em diversos momentos na narrativa, enrolando mais do que devia para entregar os detalhes, e quando entrega, são escassos e sem o menor sentido para a trama.

Quando paramos para refletir acerca da premissa do filme, ela soa interessante, uma suposta nova droga capaz de tornar os seres humanos mais fortes é realmente um tema atual e um problema real em nosso mundo. A cada dia somos cada vez mais bombardeados com soluções práticas para nossas fraquezas, utilizando dos mais diversos tipos diferentes de medicamentos para atingirmos a excelência, muitas das vezes por necessidade e outras apenas por acharmos que com isso seremos melhores. A discussão se as drogas possuem o poder de nos tornar seres humanos melhores é pertinente e está interligada em diversos aspectos da esfera de nossas vidas. O problema do longa foi mesclar uma discussão interessante com elementos um tanto quanto desconexos como demônios antigos e, o pior, sem saber ao certo como amarrar tudo quando o problema estoura de vez. A trama é cheia de furos e o desenvolvimento da narrativa é tedioso, precisei pausar o filme e assisti-lo em dois momentos dieferentes para não perder completamente o interesse. No início a trama se desenrola muito devagar e, de repente, parece que o roteiro optou por ter pressa em concluir a história, sacrificando qualquer possível lógica que poderia haver entre todos os acontecimentos.

As atuações no filme não são completamente ruins, porém, não são capazes de salvar a trama, e contribuem para torná-la ainda mais cansativa. Finn, interpretado por Max Schimmelpfennig, consegue ser um persoangem interessante, que passa certa credibilidade, mas se perde em uma personalidade boboca e paspalhona. Lea van Acken, que vive a personagem Lena, é uma personagem um tanto quanto desconexa, ela surge em momentos bizarros do filme e sua participação é um tanto quanto forçada. Os adultos no filme são todos clichês, todos deixam óbvio desde o primeiro momento que está rolando algo de misterioso e que estão de fato escondendo algo dos jovens, o que torna todo o desenvolvimento altamente previsível.

O visual é interessante, as cenas possuem bons cortes e o ambiente em que a história se passa tem uma paisagem muito rica e bonita, fruto da retratação de uma elite que já está ali há vários anos atuando. Mas com o passar do filme, os cenários se tornam repetitivos e parecem que todos estão sendo filmados de um mesmo ângulo, tornando a experiência um tanto quanto desagradável. A qualidade dos efeitos não é o problema do filme, pelo contrário, os efeitos especiais estão bem dosados e possuem certa importância para a história, porém não geram uma sensação de tensão ou suspense que o filme tenta projetar. As cenas que deveriam assustar, passam a ser risíveis. A trilha sonora até que tenta criar o clima, mas tudo cai por terra devido ao roteiro que não sabe se colocar nos momentos certos.

Produções de terror na Netflix estão sendo adicionadas ao catálogo com certa frequência e talvez por isso estejam caindo de qualidade, devido a pressa em se produzir para um consumo imediatista. Filhos do Privilégio é mais um longa que teve uma boa ideia inicial, mas que se perde completamente ao longo de seu desenvolvimento, tornando uma produção totalmente descartável. O filme está disponível na Netflix e possui 1h47 de duração.

Sobre Carlos Valim

Apaixonado por cultura pop. Aprendendo a escrever críticas menos emocionadas. Professor de História e fundador do GS.

Você pode Gostar de:

Crítica | Com “Rebel Moon 2”, Snyder esboça um futuro promissor

“Rebel Moon Parte 2: A Marcadora de Cicatrizes” é uma exploração mais profunda do universo …

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *