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Crítica: Free Guy: Assumindo o controle – – ★★☆☆☆ (2021)

Free Guy: Assumindo o controle chegou aos cinemas nesta quinta-feira, estrelando Ryan Reynolds, Jodie Comer, Joe Keery e Taika Waititi. O longa é um mosaico de referências aos videogames com um tom de humor e aventura.

Free Guy: Assumindo o Controle: Filme com Ryan Reynolds ganha nota no Rotten Tomatoes

Este texto é puro spoiler do filme.

Como o longa se propôs a ser uma peça de referências, farei este texto referenciando outras obras que estão presentes (direta e indiretamente) no filme. Já adiantando que o filme é um mix de Eles vivem (1988), Show de Truman (1998), Detona Ralph (2015), Vida secreta de Walter Mitty (2013), GTA-V (2015), Pixels (2015), Uma aventura Lego (2014), comédias românticas dos anos 2000, Her (2013) , Matrix (1999) o Mito da caverna, de Platão. Isso sem falar as referências menores ou específicas.

O filme começa como qualquer filme de personagem comum que recebe o chamado do herói: com um cara badass executando manobras e movimentos ariscados, enquanto uma narração apresenta o protagonista e nos situa no mundo.  Depois disso somos apresentados ao protagonista, Guy (Ryan Reynolds), um cara normal com uma vida simples – bem no estilo do filme Uma aventura Lego (2014).

O mundo do filme é uma cidade com prédios altos e com um índice de ação muito alto, como GTA-V, onde jogadores online se revezam nas tarefas de roubar o banco, agredir NPC, se matarem e acumularem bens (carros, armas, motos, helicópteros, etc). Neste mundo Guy e outros NPCs não sabem que não NPCs, assim como é de se esperar em um jogo, e cumprem suas funções pré-programadas. Guy trabalha como caixa em um banco.

Aqui cabe uma ressalva, Ryan Reynolds interpreta ele mesmo, o personagem Guy é genérico e serve em qualquer filme do ator. E o fato dele interpretar ele mesmo cabe até no arco “romance comédia dos anos 2000”, onde Guy se apaixona por Molotov (Jodie Come). Molotov é um player, no filme os players usam óculos escuros para se diferenciarem dos NPCs. E para os NPCs, o fato de alguns usarem óculos de sol é como uma barreira que separa a plebe da elite (reforçando: os NPCs não sabem que são NPCs, nem que os outros são jogadores reais). Essa trama dos óculos de sol, protagoniza um momento ao estilo Eles vivem (1988), depois que Guy pega um desses óculos e começa a ver os menus do game e outros eventos que só jogadores podem ver ou interagir. Há ainda a cena em que Guy tenta fazer seu amigo, Buddy (Lil Rel Howery), usar os óculos, como no filme citado.

E todo o despertar de Guy é por encontrar com Molotov e se apaixonar, depois disso ele busca ser um dos caras que usam óculos de sol, para poder se encontrar com Molotov. Depois de se encontrarem, ela diz que existem níveis entre os personagens e Guy começa sua jornada para atingir os mais altos níveis. E ele faz isso salvando os NPCs (ele ainda não sabe que são NPCs) e isso faz com que ele ganhe fama no mundo real, pessoas acham que ele é um jogador real, não um NPC.

E Molotov e Guy, consequentemente, se apaixonam. Ela ainda não sabe que ele é um NPC. Isso até Key (Joe Keery) contar à ela que Guy é um NPC que ganhou consciência. E Molotov continua sua paixão pelo NPC do jogo, ao estilo Her, mas com videogames. E a empresa do jogo resolve atualizar o game, reciclando quase todo o jogo (algo que deletaria Guy), o cabeça por trás disso é Antoine (Taika Waititi), o dono da empresa, que faz o papel de vilão no filme.

Então, Molotov conta a Guy que ele é um NPC (e o mundo todo fica sabendo disso, já que streamers acompanhavam o jogo), fazendo do filme uma espécie de Show de Truman, onde todo mundo acompanha a saga de sobrevivência do personagem – as cenas são idênticas ao filme estrelado por Jim Carrey.

E todas as sequências a seguir são montagens de outros filmes, como piadas ao estilo filmes da Lego, pessoas digitando com uma dramatização que deixaria Matrix com inveja, NPCs com rotinas que lembram Detona Ralph e por ai vai, sempre cópias deformadas de outros filmes (não que isso seja um defeito).

E no final, é um completo Show de Truman, com o mundo acompanhando a fuga de Guy do jogo (?), assim como no filme citado. Já nos “finalmentes”, há uma cena de comédia romântica dos anos 2000: um dos lados do casal corre em direção ao outro, mas isso acontece com Key e Molotov no mundo real (depois com Buddy e Guy, no mundo digital).

Há uma série de outros momentos destes, mas vamos às referências, que vão de Doom, passando por Marvel, Star Wars, Mega Man, Fortinite, Duke Nukem e DeadPool (uma cena de briga que é uma referência ao Deadpool do filme do Wolverine enfrentando o Deadpool, do filme Deadpool). 

Quanto aos critérios técnicos, o filme tem efeitos especiais fracos (principalmente com Dude), as lutas são quadradas e desengonçadas, uma ou outra cena de ação se salva. A trilha sonora é razoável, nada de destaque, mas nada que seja maçante de se ouvir. E, sem sombra de dúvidas, o problema está no roteiro fraco. Há tantos defeitos irracionais, como um NPC ganhar vida dentro de um jogo e os desenvolvedores demorarem para perceber, ou o vilão destruir fisicamente os servidores do jogo, ao invés de desligar ou retirar das tomadas.

Free Guy é ruim, a trama é descartável e o filme como um todo é bobo, se levando a sério quando não deveria fazê-lo. Entre os filmes sobre videogames, é um dos menos graciosos, com erros sobre videogames que demonstram uma certa falta de preocupação com os games.

Sobre Dan Claudino

Professor de História, aspirante a podcaster e escritor. Viciado em cultura cyberpunk e jogos de ação.

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