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Crítica: Granizo ★★☆☆☆ (2022)

(Reprodução)

O novo longa argentino Granizo acaba de chegar no catálogo da Netflix, propondo uma reflexão sobre a vida acerca daquilo que nos faz feliz de verdade. O filme tem uma história um pouco diferente do comum, em que acompanhamos um metereologista famoso por ser infalível que comete um erro em sua previsão, o levando a questionar sua precisão e também suas escolhas. O filme é todo construído a medida que o protagonista vai se redescobrindo e interagindo com outros personagens, que incluem até mesmo um ermitão sábio que irá ensiná-lo a ressignificar sua vida.

A proposta é interessamte, com um tema diferente que tem o seu potencial atrativo, mas ao escolher os elementos para compor essa trama, o filme se esbarra em vários obstáculos que não consegue superar. Por mais que a premissa seja agradável, ela não é forte o suficiente para sustentar a longa duração na qual a história se arrasta, o que prejudica muito o resultado final. A comédia é mal utilizada, assim como o drama, que acabam dando em um clichê básico e não sai disso.

No começo do filme, acompanhamos o personagem Miguel em sua vida como celebridade, sendo saudado nas ruas pelos moradores de Buenos Aires. Há diversos cortes e cenas que focam em construir essa imagem do personagem, cenas essas que são completamente desncessárias e chatas, que só arrastam a trama. Tudo muda quando o personagem comete um erro em sua previsão, levando o público a se revoltar contra ele. Com isso, mais cenas são usadas para demonstrar essa reação negativa, cenas que poderiam ser mais curtas. Após perceber que estava encurralado, Miguel decide ir visitar sua filha, que já não via há muito tempo, aproveitando para colocar a cabeça no lugar e reavaliar o que aconteceu.

A ideia da trama em trabalhar a ideia de que há coisas que fogem do nosso controle, por mais que acreditemos saber o que se passa, é boa, mas não corresponde com a maneira como tudo é conduzido. Havia outros jeitos de trabalhar essa imprevisibilidade dos acontecimetnos sem topar com tantos clichês esdrúxulos e sem criatividade, deixando a história mais fluída e agradável. Sem contar na sequência final do filme que é altamente exagerada e enfadonha, parecendo que os produtores não sabiam o que de fato queriam fazer com essa proposta.

O ator que interpreta Miguel Flores, Guillermo Francella não tem carisma nenhum, parecendo deslocado o tempo todo que está em cena, e como o filme é sobre ele, vamos vê-lo o tempo inteiro. O ator parecia perdido no gênero do filme, hora fazendo caras de comédia em momentos de tensão e horas fazendo cara de drama em momentos de humor. A jornada pessoal do personagem é chata e cansativa, não apenas pela zero carisma do ator, mas principalmente pelo roteiro mal elaborado para ele. Suas expressões são muito exageradas e desconexas, que não combinam com esse filme.

Para não estragar a sua experiência, vou apenas mencionar que há um horrendo plot twist próximo do final, que faz o filme despencar de qualidade ainda mais, graças a um perseguidor totalmente mal elaborado de Miguel. A cena com ele, Miguel e sua filha Carla é horrível, nem como comédia ela serve.

Visualmente é possível ver que o filme acerta em diversos momentos, a direção de Marcos Carnevale entrega cenas bem enquadradas e boas fotografias. Há momentos que o persongem vai para uma área mais rural que traz uma paisagem muito agradável e bonita. Também há efeitos especiais no filme, que surgem na sequência final. Os efeitos são bons, isso não há como negar, principalmente dado o nível da produção, porém, graças a sequência final, o filme se mostra ainda mais perdido e desorientado. Em suma, podemos dizer que saímos de uma comédia para um filme de catastrófe a lá 2012 do nada.

Granizo é uma produção razoável, que tem uma premissa bacana para ser trabalhada, mas que comete erros demais na forma de conduzi-la, tornando a experiência chata e cansativa. A atuação do protagonista é questionável demais, parecendo que o ator não sabia direito o que estava fazendo em tela. Os pontos fortes talvez sejam a premissa que poderia ser boa e os efeitos da sequência final, que embora totalmente desconexa e enfadonha, possuem uma qualidade visual boa. Se você quer ver algo para se divertir, recomendo correr desse filme. Granizo está disponível na Netflix e possui 1h58 de duração.

Sobre Carlos Valim

Apaixonado por cultura pop. Aprendendo a escrever críticas menos emocionadas. Professor de História e fundador do GS.

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