Iniciando a fase 5 da Marvel, Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania chega com tudo nos cinemas, prometendo introduzir a nova e terrível ameaça no Universo Cinematográfico da Marvel: Kang o Conquistador. Além de soltar o ensinamento mais poderoso da Marvel: nunca é tarde para deixar de ser um otário. Vivendo e aprendendo. O filme tem um tom épico, que é construído de forma incansável ao longo de suas duas horas de duração, mas ainda assim, não atinge o objetivo em cheio.
O filme se vende como grandioso, repleto de eventos que irão definir os próximos passos dessa nova fase da Marvel, isso chega a acontecer, entretanto, não da maneira como gostariam que fosse. A grandiosidade do filme se perde em meio a enrolação dos seus arcos, que acabam sendo forçados demais, com algumas excessões.
Tudo começa com Scott Lang e sua família sendo absorvidos para o mundo quântico após sua filha, Cassie, inventar uma espécie de receptor de sinal para estudar o mundo quântico. A partir daí o grupo se divide em dois, Hope, Hank e Janet são separados de Scott e Cassie. Com isso, cada grupo irá descobrir o mundo quântico a partir de seu ponto de vista. Mas uma coisa fica evidente para os dois grupos: o envolvimento de Janet com o mundo quântico é muito maior do que ela havia revelado, o que pode gerar um problema muito maior do que o esperado. A partir daí, o envolvimento de Kang com o mundo quântico começa a se revelar aos poucos para os personagens, e a construção de sua ameaça vai ficando cada vez mais séria.
O filme é longo e a forma como se desenvolve é arrastada, com muitos momentos que poderiam facilmente ser descartados, ou encurtados. A participação de Kang na história é muito boa, mas a ameaça só começa a fazer sentido com as cenas pós-crédito, o que acaba tornando esse filme apenas uma introdução do que realmente importa: os 2 minutos do pós-crédito. Os eventos da trama parecem desproporcionais com as cenas pós-créditos, deixando um ar de gratuidade em todos os acontecimentos.
A performance do elenco segue impecável, com ótimas atuações e personagens muito carismáticos. Paul Rudd é o Homem-Formiga perfeito, seu tom cômico, sua maneira de ver as coisas, é tudo muito bem construído, dando ao personagem um ar de importância na trama toda. Quem ganha mais espaço nesse longa é sua filha, Cassie Lang, interpretada por Kathryn Newton. Sua personagem assume de vez o manto de heroína e começa a ajudar seu pai na jornada. Espero mais participações dela nos próximos filmes. Evangeline Lilly está lá, mesmo sem tomar vacinas, como Hope van Dyne. A personagem tem bons momentos no longa, mas não melhores que no segundo filme. Michael Douglas como Hank Pym é impagável, falando de formigas e até de socialismo, uma verdadeira pérola.
Mas quero destacar duas atuações que me surpreenderam muito: Michelle Pfeiffer como Janet van Dyne e Jonathan Majors como Kang. Os dois entregam demais nos papéis. Pfeiffer protagoniza ótimas cenas de diálogos e também de ação que surpreendem. Já Major faz um vilão complexo, cheio de camadas a serem exploradas, e o mais importante: sinistramente perigoso. Posso até dizer que ele tem um tom mais ameaçador que o póprio Thanos. Bill Murray também está ótimo em sua participação especial, que poderia ser maior, mas ainda sim é boa. William Jackson Harper me surpreendeu ao dar as caras no filme, e gostei bastante do seu personagem, uma pena que parece que não será mais aproveitado, espero estar enganado.
Quantumania é um show visual, é tanta psicodelia que parece até uma viagem de LSD. O filme vomita CGi até esvaziar ao máximo seus recursos. Praticamente todas as cenas são realizadas em fundo verde. A qualidade impecável desse CGI é tranquilizadora, principalmente para os fãs mais rigorosos que vinham reclamando dos efeitos especiais da Marvel. Porém, é impossível não comentar dos efeitos presentes em MODOK, o personagem está feio demais, não dá pra saber ao certo se o objetivo foi esse, ou se faltou algo ali. A direção de Peyton Reed é muito boa, ele acerta em cheio na construção das cenas e da ação desenfreada do longa. Dos três filmes do Formiga, esse sem dúvida é o seu momento de maior êxito. As sequências de ação são ótimas, com boas performances, que se misturam tanto com o CGI que fica impossível distinguir o que é real e o que não é. Algumas pessoas tendem a reclamar do uso intensivo de CGI, mas um filme que se passa em um local chamado Reino Quântico, não tem como filmar em locais reais, não é mesmo? A ambientação do mundo quântico me lembrou fortemente Star Wars em diversos momentos, algo que eu achei bem legal e funcionou bem para o filme.
A fase 5 da Marvel começa muito bem com Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania. O longa consegue construir muito bem o tom ameaçador de Kang, mas sofre com um pouco com uma narrativa presa aos acontecimentos das cenas pós-créditos, fazendo com que as duas horas de duração soassem um pouco gratuitas. As atuações do longa estão incríveis, com participações ótimas do elenco, personagens marcantes e um bom desenvolvimento do vilão. Os efeitos especiais são de encher os olhos, com efeitos impressionantes, tanto no ambiente quanto nas cenas de ação intensas. Fãs da Marvel não precisam de motivos para irem até o cinema, já quem está por fora de alguns acontecimentos pode acabar perdido no filme, mas a experiência ainda será extremamente divertida.
Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania está em cartaz nos cinemas brasileiros.